Quanto tempo gastam os Portugueses para se deslocarem, durante a semana? Quais são os meios de transporte que utilizam com maior frequência? Como avaliam, atualmente, as condições de transporte e as infraestruturas a que têm acesso? Quais são as medidas que contribuiriam para melhorar a sua mobilidade no dia-a-dia? Como vão evoluir as necessidades de mobilidade nos próximos 15 anos? E, partindo destas perguntas, como se situam em relação aos outros países europeus?
Para responder a estas perguntas, a Ipsos e a BCG publicam hoje os resultados de um inquérito realizado junto de mais de 10 000 cidadãos europeus, incluindo 1001 participantes de Portugal.
Algumas mensagens-chave do inquérito:
- De segunda a sexta-feira, os Portugueses gastam 8h11 em deslocações, independentemente do meio de transporte utilizado (menos do que a média europeia, de 9h35)
- O carro é o principal meio de transporte em Portugal, tal como noutros países, nas deslocações obrigatórias do dia-a-dia: os Portugueses são os que mais o utilizam para irem trabalhar (72% contra 61% de média europeia)
- Uma parte importante da população portuguesa está insatisfeita com a fluidez do tráfego nas horas de ponta (45% contra 58% de média europeia)
- 42% dos Portugueses com emprego pensa que teria de se mudar se perdesse o emprego (contra 36% de média europeia)
- Os Portugueses são os que mais consideram que os investimentos públicos em soluções de transporte intermodal são, atualmente, insuficientes (66% contra 61% de média europeia)
- Os Portugueses são os que mais dizem que estariam dispostos a utilizar menos os seus carros se os investimentos necessários fossem realizados (77% contra 66% de média europeia)
- 88% dos Portugueses considera que as inovações futuras na área da mobilidade vão ter consequências positivas no seu dia-a-dia (contra 77% de média europeia)
Os Portugueses passam mais de 8h00 do seu tempo em deslocações durante uma semana de trabalho
Os Portugueses gastam, em média, 8h11 por semana em deslocações (de segunda a sexta-feira), ou seja, menos 1h24 do que a média dos Europeus (que gastam 9h35). A seguir aos Franceses (7h12) e aos Belgas (7h58), são os que gastam menos tempo em deslocações.
Em Portugal, mais do que noutros países, o carro é o modo de transporte de referência e é utilizado para praticamente todos os trajetos do dia-a-dia: nas deslocações para o trabalho/local de estudo (72%), para as compras do mês (81%) ou para levar crianças a praticar as suas atividades diárias (68%).
Esta primazia dos meios de transporte motorizados deve-se, em especial, ao facto de 38% dos Portugueses (contra 35% da média europeia) considerar difícil utilizar os transportes públicos perto do sítio onde vive. Em Portugal, as principais razões para não utilizarem com maior frequência os transportes públicos são, mais frequentemente do que noutros países europeus, a sua reduzida frequência de passagem (50% contra 42% de média europeia) e o facto de os destinos serem mal servidos (47% contra 41% no geral).
A mobilidade está amplamente ligada à inserção social
- Atualmente, cerca de um em cada quatro portugueses tem a sensação de estar “demasiado longe de tudo” (23% contra 26% para a média europeia). Logicamente, este fenómeno ocorre sobretudo em pessoas que vivem numa zona rural (47%).
- Os Portugueses que têm a sensação de estar “longe de tudo” são também os que mais se consideram negligenciados pelos poderes públicos: 33% destas pessoas pensa que, no sítio onde vive, os poderes públicos zelam menos pelo bem-estar dos habitantes do que noutros sítios (contra apenas 22% para o total dos Portugueses).
- O acesso aos transportes condiciona o acesso ao emprego. No entanto, os jovens e as pessoas com os rendimentos mais reduzidos são os que mais consideram estar “longe de tudo” (32% dos inquiridos com 18-24 anos e 27% dos inquiridos com rendimentos reduzidos).
- Se ficassem desempregados, 42% dos Portugueses com emprego pensa que teria de se mudar para encontrar um emprego equivalente (contra 36% de média europeia). Esta percentagem é idêntica à dos que vivem em zona rural (42%), mas é muito superior quando as infraestruturas de transporte são insuficientes. De facto, 50% dos que consideram ser difícil utilizar os transportes públicos perto do sítio onde vivem pensa que teria de se mudar se ficasse desempregado.
Expectativas muito fortes em Portugal quanto à melhoria das condições de deslocação: maior intermodalidade para maior mobilidade
- Os Portugueses fazem parte dos Europeus mais satisfeitos com as infraestruturas de transporte: consideram-se mais satisfeitos com a rede rodoviária do que o resto dos Europeus (73% contra 67% em média), ou seja, é a 3.ª melhor pontuação de satisfação a seguir à Alemanha (81% dos inquiridos satisfeitos) e à França (74%).
- No entanto, muitos dos inquiridos estão insatisfeitos com a fluidez do tráfego nas horas de ponta (45% contra 58% de média europeia).
- Perante estes problemas de fluidez do tráfego, os Portugueses exprimem críticas reais em relação à intermodalidade dos meios de transporte de que dispõem atualmente. Apenas 49% está satisfeito com os pontos de ligação entre os diferentes meios de transporte (contra 44% no geral) e apenas 47% no que respeita à rede urbana de transportes públicos (contra 45% para o conjunto dos países europeus).
O investimento é bem recebido pelos Portugueses: mais infraestruturas e serviços digitais para favorecer a intermodalidade e melhorar a mobilidade.
- A maioria dos Portugueses pensa que os poderes públicos não investem suficientemente nas infraestruturas de transporte no sítio onde vivem. São mais críticos do que a média dos Europeus. Os investimentos que mais faltam dizem respeito ao acompanhamento de novos serviços de mobilidade (77% considera os investimentos insuficientes em relação ao desenvolvimento dos pontos de carga para veículos elétricos contra 74% de média europeia), mas também à rede ferroviária (69% contra 62% na média), aos pontos de ligação entre diferentes meios de transporte (66% contra 61% na média), à rede urbana de transportes públicos (65% contra 60% na média) ou à rede rodoviária (56%).
- Consideram massivamente que todas as iniciativas destinadas a favorecer a intermodalidade permitiriam que se deslocassem mais facilmente no seu dia-a-dia e, em especial, o título de transporte único (83%), estações rodoviárias com melhores ligações aos transportes públicos urbanos (79%) ou espaços reservados na entrada das autoestradas para deixarem o seu veículo e utilizarem outro meio de transporte que circule em autoestrada ou via rápida (67%).
- O desenvolvimento dos serviços digitais é igualmente considerado prioritário para permitir que se desloquem mais facilmente, ou seja, uma melhor informação sobre a oferta de transportes públicos disponíveis perto do sítio onde vivem (83% contra 77% para o conjunto dos Europeus) e sobre as ofertas de partilha de veículo e carsharing disponíveis (66% contra 62% na média), itinerários completos que permitam combinar meios de transporte (81% contra 73% na média) ou soluções de pagamento através de telemóvel (67% contra 62% na média).
Os Portugueses fazem parte dos Europeus que estariam dispostos a mudar os seus comportamentos desde que os investimentos fossem realizados
- Se os investimentos necessários fossem realizados, os Portugueses estariam dispostos a utilizar com maior frequência os transportes públicos (82% contra 72% para o conjunto dos Europeus), a partilha de veículo ou o carsharing (44%, em linha com a média europeia) e estariam dispostos a utilizar com menos frequência o seu veículo pessoal (77% contra 66%). Os Alemães são os que têm mais dificuldade em encarar essa possibilidade (apenas 50% estaria disposto a fazê-lo).
- Para a grande maioria, esses investimentos melhorariam a sua qualidade de vida (86%), permitiriam que ganhassem tempo (78%) e teriam um impacto positivo no seu bem-estar profissional (84%).
A mobilidade está no começo de uma revolução que suscita grandes esperanças nos Portugueses
- Os Portugueses estão convencidos de que as inovações na área dos veículos e das novas tecnologias vão alterar as suas deslocações. Consideram que poderão, daqui a 15 anos, percorrer distâncias muito longas em veículos elétricos sem problemas de autonomia (86% contra 73% para o conjunto dos Europeus), deixar o seu carro na entrada da cidade e utilizar apenas transportes públicos acessíveis a partir do seu lugar de estacionamento (81% contra 70% em média) e circular em veículos sem emissões de gás com efeito de estufa (85% contra 68% no geral). A maioria está igualmente convencida de que poderá circular sem nenhum risco de avaria ou acidente graças às novas tecnologias digitais (65% contra 57% no geral), de que os carros elétricos irão recarregar-se enquanto circularem (65% contra 55% no geral) ou de que será possível circular em carros autónomos em vias reservadas (57% contra 52% no geral) e, inclusive, em todas as estradas (50% contra 46% no geral).
- Não existe qualquer dúvida para a grande maioria: estas inovações terão consequências positivas no seu dia-a-dia (88% contra 77% para o conjunto dos Europeus).
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