A empresa já existe desde 1993 e dedica-se à gestão de arquivo. Paulo Veiga é um dos fundadores da Empresa de Arquivo de Documentação, mais conhecida por EAD. O Inforh entrevistou-o sobre todo o seu percurso e trabalho desenvolvido na empresa.
Criou a sua empresa muito novo. Acha que o empreendedorismo já vem ”no sangue” ou também se pode aprender?
Sim tinha 22 anos, era de facto novo e inexperiente, acresce também o facto de não ter na família nenhum empresário. Foi uma obra do acaso mas, também, de alguma vontade de fugir à solução tradicional, escola – emprego – casamento. A verdade é que fui no ISEG, um aluno como tantos outros, tendo terminado a licenciatura com media de 12 valores. Rapidamente percebi (4º ano), que os convites de emprego eram só para os alunos de médias mais elevadas. Tive portanto de começar a fazer pela vida pós faculdade. Depois, como para tudo na vida é preciso procurar e ter a sorte.
Foi o que aconteceu comigo num estágio pela AISEC em Madrid, foi ai que vi este negócio da custódia de arquivos e senti que era a minha oportunidade, fomos pioneiros em Portugal e sempre
fomos líderes de mercado.
Portanto, não sei se o empreendedorismo está ou não no sangue, o que está na nossa personalidade é a nossa maneira de olhar a vida e o que queremos dela. Quanto a isso, nunca tive dúvidas.
Como qualifica a sua liderança? O que é para si um líder?
A verdade é que não posso responder a esta pergunta. Quem pode responder são as pessoas que trabalham ao meu lado. É um pouco como perguntar a um português, como são os portugueses, quer dizer, só saberemos efetivamente que tipo de pessoas somos se fizermos essa pergunta a um francês ou italiano por exemplo. Nas empresas é a mesma coisa, opiniões boas ou más relativamente à liderança “dos chefes” todos têm. O problema é que essas pessoas são partes interessadas e, como tal, nunca poderão ter uma opinião isenta.
No entanto, em círculos mais restritos, costumo dizer que sou um manipulador, mas no bom sentido, se é que isso existe. Basicamente pretendo com a minha liderança transformar pessoas “normais” em profissionais de excelência. Para isso toda a minha equipa tem de ser melhor que eu, mais inteligente, mais bem qualificada e acima de tudo, leal.
Como surgiu a EAD?
A EAD surgiu de um acaso no estágio da AISEC em Espanha e de uma vontade de fazer algo diferente. Já antes da EAD andava a ver terrenos em Vilanova de Milfontes para plantar morangos.
Existia portanto uma forte vontade de não passar por esta vida sem deixar uma marca diferente. Em Espanha durante esse estágio na contabilidade, algo que me aborrecia imenso, pedi para visitar os departamentos da empresa. Foi de facto importante, porque percebi que uma empresa a funcionar bem é como um organismo vivo saudável, mas mais importante foi porque efetivamente o tropeçar numa caixa de cartão com pastas de arquivo lá dentro e perguntei o que era aquilo. A resposta foi curta mas fundamental para o meu futuro empresarial, “são caixas onde guardamos o nosso arquivo numa empresa externa”.
Qual é o ADN da EAD?
Outra pergunta difícil. Acredito que o nosso ADN, está unicamente na forma como todos trabalhamos em equipa. A minha função é apenas ter as pessoas certas nos lugares certos. Ao contrário do ADN humano que tem toda a informação, o das empresas cresce e desenvolve-se ao longo do tempo. É por isso mesmo igualmente valioso e um ativo fundamental no sucesso das mesmas.
Quais os desafios depois da saída do grupo CTT?
Uma Companhia com 22 anos, sólida e líder de mercado, não tem de provar nada a ninguém. No entanto, o grande desafio é o crescimento sustentado do nosso negócio. Isso em Portugal não é exequível face à dimensão do mercado, resta portanto procurar lá fora essa oportunidade. É isso que estamos a fazer com o nosso novo acionista, a Capital Criativo.
Em relação aos recursos humanos, o que aprendeu ao longo destes anos de experiência?
Aprendi e aprendo muitas coisas todos os dias. Os meus colegas, estão sempre ao meu lado, não à frente nem atrás. É lado a lado que celebramos as vitórias e aprendemos nas derrotas. As “minhas” pessoas são as melhores que posso ter, afinal toram todos por mim escolhidos, as minhas pessoas fazem toda a diferença, são únicas, defendo-as sempre, espero e tenho o mesmo delas. A minha concorrência, pode ter mais capital, melhores equipamentos, mas nunca as minhas pessoas.
Atualmente quantas pessoas trabalham na EAD? E no departamento de RH?
Somos uma Companhia altamente eficiente, até pelo VAB por trabalhador se constata isso mesmo, pelo que temos uma unicamente uma pessoa na área dos RH. Como se deve imaginar as suas responsabilidades são imensas, mas são todas executadas com paixão e conhecimento.
Como consegue gerir as equipas distribuídas geograficamente?
Temos de usar um misto do que existe entre reuniões via Skype, e visitas regulares às delegações, acompanhamento de indicadores de gestão. No entanto, privilégio muito o contacto telefónico, que efetuo com muita frequência.
Porquê o investimento num Plano de Continuidade de Negócio?
O Plano de Continuidade de Negócio (PCN) da EAD, o qual visa definir como a Companhia irá gerir os incidentes, em caso de desastre ou de outros incidentes disruptivos, assim como a forma como vai recuperar as suas atividades. De facto, a política do PCN refere isso mesmo e é o espelho da preocupação constante da EAD: “Comprometemo-nos em estar preparados para lidar com todos os incidentes ou impactos adversos que possam interromper as nossas operações e consequentemente, possam afetar os nossos clientes e outras partes interessadas. Queremos melhorar continuamente o desempenho e a prontidão da continuidade do nosso negócio, oferecendo aos nossos clientes e às outras partes interessadas um serviço seguro, resiliente, eficaz e profissional”.
Porquê retomar a distribuição de lucros numa época de contenção?
Primeiro porque era uma prática anterior à entrada no Grupo CTT. Segundo porque temos lucro e isso deve-se em primeiro lugar à qualidade e trabalho das nossas pessoas. Portanto, não nos custa nada e é com orgulho que partilhamos esta riqueza com quem de facto nos ajudou a atingir.
O que faz a EAD para ser uma empresa “Feliz”?
Fazemos tudo o que nos lembramos. Temos ginásio, campo de futsal e Basquetebol, oferecemos fruta, vamos ao teatro uma vez por ano, temos atividades em dias especiais como o Dia da Mulher ou aniversário da companhia, temos consultas de medicina curativa, rastreios diversos periódicos, como visão, audição e medicina dentária, pagamos prémios por objetivos. Resumindo: se identificamos uma boa prática, avaliamos e implementamos.
Quais são os principais desafios para a EAD nos próximos anos em relação aos colaboradores?
Acima de tudo criar oportunidades de desenvolvimento profissional, novos desafios e projetos e oportunidade de desenvolvimento pessoal. A nossa média de idades é de 35 anos, mas ao mesmo tempo temos pouca rotação de colaboradores, a média de permanência na companhia é atualmente superior a 10 anos. Isto acontece essencialmente porque as pessoas se sentem bem connosco. Temos portanto muita gente nova que devidamente formada pode dar mais e melhor à Companhia.
Como desafia os seus colaboradores para a internacionalização?
A resposta fácil é com dinheiro, mas não é verdade, tem de ser o projeto, a paixão pela EAD e o prazer de trabalhar comigo.
Onde deseja ver a EAD daqui a 5 anos?
Sei que temos uma Companhia de excelência com as melhores práticas de gestão e reconhecimento pessoal e profissional. A nossa ambição é do tamanho do mundo, queremos portanto ser reconhecidos como um parceiro fundamental para todos os nossos stakeholders, não só em Portugal, mas no estrangeiro.
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