Reinvenção é algo que está ligado ao conceito de mudança de carreira – algo inato aos seres humanos, mas cada vez mais difícil de efetuar num mundo imprevisível e em constante mudança.
Nos últimos anos, fenómenos como o Quiet Quitting ou o Big Resignation têm ocorrido em todas as empresas, levando a uma reconsideração sobre como as pessoas gerem as suas próprias carreiras. De acordo com o Pew Research Center, em 2021, quase 50 milhões de americanos saíram do seu trabalho ou mudaram de carreira.
O mesmo estudo elaborado pela instituição também indica que trabalhadores empregados, com idades compreendidas entre os 18 e os 29 anos e que disseram que iriam abandonar o seu trabalho em 2021, 61% mudou de profissão. Ao mesmo tempo, e nas mesmas condições, apenas 45% dos inquiridos com 30 ou mais anos mudou de profissão.
Existem várias questões que uma pessoa pode colocar quando está a pensar abandonar o emprego atual. Apresentamos algumas:
- Por que queres mudar?
- O que queres?
- Quando é que a mudança vai acontecer?
É claro que qualquer tipo de mudança deve ter, por base, uma estratégia. Quando transitamos de uma carreira para outra, é necessário que o profissional mude com sucesso e suavidade. Outro ponto é a autenticidade, garantindo que a mudança no local de trabalho aconteça sem limitar o crescimento e a evolução da pessoa. E, mais importante, como quebrar das ligações internas de forma a comunicar com novas oportunidades.
Num artigo publicado na Harvard Business Review, Adi Ignatius entrevistou a autora Herminia Ibarra, uma perita no tema da transição de carreira. Durante a conversa, Ibarra identifica quatro sinais que revelam como as pessoas se reinventam no trabalho: as pessoas vivem mais anos; a tecnologia avança a um passo cada vez mais rápido, criando novos trabalhos e disrupção em outros; as organizações criam oportunidades e desafios, gerando um grande volume de despedimentos; e, por último, uma mudança nas expectativas que os candidatos têm para a posição que vão ocupar.
“Queremos paixão, propósito, sentirmo-nos úteis, ter flexibilidade. Queremos ter tanto da parte das empresas e somos cada vez mais impacientes, levando-nos a seguir em frente se não conseguimos essas coisas”, explica Herminia Ibarra.
Quatro passos para fazer uma mudança de carreira
Para tomar o próximo passo, é importante ter uma estratégia. A Harvard Business Review indica que muitos empregadores estão à procura de candidatos com experiência profissional e académica de campos diferentes e estão dispostas a gastar muito para adquirir talento de topo.
De acordo com a pesquisa da Harvard Business Review, existem quatro passos que podem auxiliar numa mudança de carreira.
O primeiro é considerar o que (ou quem) motiva ou inspira o indivíduo. Se a ideia de mudar de carreira já está a surgir há algum tempo, é necessário ter alguma autorreflexão. “78% das pessoas que inquirimos disseram que identificar a sua motivação ajudou-as a conseguir um trabalho que melhor se adequava aos seus objetivos de longo prazo”, explica a Harvard Business Review.
O segundo aspeto é orientado para a questão de competências: saber que competências os indivíduos têm atualmente e quais têm de ser desenvolvidas. “68% dos inquiridos, que conseguiram mudar com sucesso para uma nova indústria, afirmam que fazer este tipo de mudança não é assim tão estranho ou particularmente difícil”, admite a Harvard Business Review, acrescentando que o primeiro passo é identificar quais as competências que uma pessoa tem neste momento, quais as competências que são necessárias e identificar formas de tapar o buraco.
Em terceiro lugar, a construção de um CV, ou carta de motivação, para cada oferta de emprego. Um dos maiores desafios quando se salta de um emprego para outro é provar que as competências adquiridas no trabalho anterior podem ser aplicadas num setor diferente. “Através das nossas conversas com recrutadores, entendemos que o objetivo do candidato deve ser enfatizar as competências que se coadunam com a posição e os destaques positivos do trabalho anterior, de forma a desvalorizar a falta de experiência”, acrescentam.
E, em último lugar, a preparação para a entrevista. Após consultar todo o material, é normal que um recrutador queira saber por que um candidato abandonou uma posição ou uma indústria. “Os líderes querem saber se uma pessoa está a abandonar um trabalho pelas razões certas, tal como uma oportunidade melhor, mais desafios ou desenvolvimento profissional”, sublinha a Harvard Business Review. Neste sentido, empregadores querem saber se o candidato vai executar a função bem e porquê.
Apesar de existir a ideia que mudar de carreira vêm com um certo nível de stress, pode ser um processo extremamente valioso a longo prazo. Além disso, à medida que os locais de trabalham tentam ser mais flexíveis e com mais funções pouco comuns, não existe melhor altura para tomar o primeiro passo.