ManpowerGroup Employment Outlook Survey: 3º trimestre 2020
O estudo ManpowerGroup Employment Outlook Survey, para o terceiro trimestre de 2020, espelha o impacto da pandemia de Covid-19 no mercado de trabalho em Portugal. Os empregadores portugueses revelam intenções de contratação muito pessimistas, com a Projeção para a Criação Líquida de Emprego, entre julho e setembro, a situar-se em -9%, a previsão mais baixa desde o início do estudo em 2017.
As expetativas de contratação caem, assim, 22 pontos percentuais face ao trimestre anterior (cujos inquéritos foram realizados antes da emergência da Covid-19) e 21 pontos em relação ao período homólogo de 2019. Num universo de 387 empresas portuguesas inquiridas, 19% dos empregadores antecipam uma diminuição da força de trabalho no terceiro trimestre de 2020, 62% não avançam qualquer alteração e apenas 10% anteveem um aumento das intenções de contratação.
“À crise de saúde da Covid-19 uniu-se uma crise de âmbito económico e social. As consequências ao nível da destruição de emprego já se estão a sentir de forma considerável, com o número de desempregados a aumentar 22,1% em abril, face ao mesmo período de 2019, segundo dados do IEFP. Analisando em termos prospetivos, o sentimento que recolhemos junto dos empregadores não altera este cenário, pelo que prevemos uma recuperação lenta do emprego” afirma Rui Teixeira, Chief Operations Officer da ManpowerGroup Portugal.
Setor de Restauração e Hotelaria regista a maior contração
Durante o próximo trimestre, é esperada uma redução da força de trabalho nos sete setores de atividade analisados. A Restauração e a Hotelaria antecipam a maior contração, com uma Projeção para a Criação Líquida De Emprego de -29%, o que representa um recuo de 50 e 54 pontos percentuais face às estimativas do trimestre anterior (recolhidas em período pré-Covid) e do período homólogo de 2019, respetivamente.Os empregadores do setor das Finanças e Serviços também relatam planos de contratação pessimistas, com uma projeção de -19%, o que significa uma queda de 47 pontos face ao mesmo período do ano passado.O pessimismo sente-se igualmente nos setores da Indústria e do Comércio Grossista e Retalhista, com projeções de contratação de -12% e -10%, respetivamente. Já na Construção, os empregadores avançam intenções de contratação pouco animadoras, com uma projeção de -6%, enquanto nos setores de Outras Atividades de Produção e Outras Atividades de Serviços domina a incerteza, com perspetivas de -1% e -2%. Por oposição, e com perspetivas mais otimistas, nestes dois últimos setores destacam-se o subsetor agrícola, com uma projeção de +2%, e o subsector Público, com uma projeção de +11%, a mais elevada de todos os setores analisados.
Região Norte e Médias Empresas são as mais pessimistas
Em termos geográficos, os empregadores das três regiões antecipam uma diminuição na sua força de trabalho. A Região Norte deverá registar o mercado de trabalho mais fraco, com uma Projeção para a Criação Líquida De Emprego de -9%, igual à projeção nacional, o que significa menos 19 pontos percentuais do que no período homólogo do ano passado.No Centro, os empregadores antecipam uma atividade lenta de contratação, com uma projeção de -8%, que representa um recuo de 22 pontos em relação ao período homólogo de 2019.Já no Sul a perspetiva de contratações é de -4%, um declínio de 19 pontos face às estimativas do trimestre anterior (recolhidas em período pré-pandemia), e de 14 pontos relativamente ao período homólogo do ano passado.No que diz respeito ao tamanho das empresas, as quatro categorias analisadas esperam reduzir a sua força de trabalho durante o próximo trimestre. O mercado de trabalho mais fraco é antecipado pelos empregadores das Médias empresas, que relatam uma projeção para a criação líquida de emprego de -17%, traduzindo uma queda acentuada de 31 pontos percentuais face ao período homólogo de 2019.As Microempresas relatam igualmente planos de contratação pessimistas, com uma projeção de -10%, enquanto as perspetivas das Pequenas e Grandes Empresas ficam pelos -5%, um valor também pouco encorajador.
Intenções globais de contratação em queda
A nível global, os empregadores de 35 dos 43 países e territórios analisados esperam reduzir a sua força de trabalho, no período de julho a setembro. Apenas sete países esperam aumentar as contratações e em um dos países não é esperada qualquer alteração.Na região EMEA, 24 dos 26 países analisados anunciam uma diminuição na sua força de trabalho no próximo trimestre, com os empregadores de três das quatro maiores economias europeias a prever uma redução nas contratações. O Reino Unido apresenta as perspetivas mais sombrias, com os empregadores a antecipar o mercado de trabalho mais fraco desde o início do estudo, em 1992, e traduzindo quebras importantes nos setores de Transportes, Logística e Comunicações, Finanças e Serviços, e Indústria. Em França, os empregadores antecipam também o ritmo mais fraco de contratação desde que se realiza o estudo, sendo o setor da Restauração e Hotelaria o mais afetado. Em Itália o comportamento é similar, e observamos as projeções mais fracas em seis anos, com intenções de contratação fortemente reduzidas nos setores da Restauração e Hotelaria e das Finanças e Serviços. Já na vizinha Espanha, com uma projeção de -12%, prevê-se uma redução da força de trabalho em todos os setores de atividade, durante o período de julho a setembro, com acentuadas quedas nos planos de contratação dos setores de Restauração e Hotelaria e Comércio Grossista e Retalhista. Em ligeiro contraciclo está a Alemanha, onde a projeção de +1% traduz um ritmo lento de contratações e perspetivas um pouco mais animadoras nos setores da Construção, Finanças e Serviços e Outros Serviços.
O estudo trimestral da ManpowerGroup recolheu as intenções de contratação de mais de 34.000 empregadores em 43 países e territórios, tendo as entrevistas sido realizadas durante as circunstâncias excecionais do surto de Covid-19. Os resultados para cada um dos 43 países analisados, bem como as comparações regionais e globais podem ser consultados em www.manpowergroup.com/meos
[1] A projeção para a criação líquida de emprego resulta da diferença entre a percentagem de empregadores que planeia aumentar a sua força de trabalho e a percentagem de empregadores que planeia reduzi-la.