No dia 19 de janeiro, decorreu mais um encontRHo online, promovido pelo IIRH, desta vez sob o mote «Recrutamento: novas formas de recrutar talentos».
Este webinar contou com a participação de Jason da Fonte, responsável RH na Linkeys, e com os oradores André Cabo, senior executive recruiter da Cognizant, Sara Lopes da Silva, talent acquisition & HR business partner na L’Oréal Portugal, e Tiago Almeida, head of recruitment na EDP. A iniciativa contou com o apoio da Linkeys e com a moderação de Cristina Martins de Barros, managing director do IIRH.
Os profissionais debateram sobre o que o setor RH aprendeu com a Covid-19, em relação às novas estratégias de recrutamento e às novas formas de recrutar, e sobre as tendências que estão a mudar o recrutamento em Portugal.
Jason da Fonte da Linkeys inicia o debate afirmando que houve, efetivamente, setores a congelar as contratações. No entanto, também vemos setores em crescimento, como é o caso do setor da saúde, da logística, informática ou do e-commerce. É exatamente a pensar num mercado que ainda procura novos talentos que surge a aplicação Linkeys, que trabalha juntamente com empresas e que consiste em ajudar alguém a obter um emprego para ganhar um prémio.
Sara Lopes da Silva da L’Oréal adianta que a empresa não estagnou no que respeita às contratações, e que a visão de talent acquisition continua a mesma. No entanto, a forma de recrutar alterou-se, com as entrevistas presenciais e feiras de emprego a serem substituídas por soluções remotas. Na L’Oréal continuam, assim, a recrutar para determinadas funções, e, em particular, a apostar nas populações mais juniores.
Na EDP, foi também mantido o plano de recrutamento anual, de acordo com Tiago Almeida. «Não houve pandemia que nos parasse», adianta. No entanto, como em tantas outras empresas, o modo de recrutamento sofreu alterações: passaram por uma grande transformação digital e reduziram o prazo médio de recrutamento com o novo modelo 100% digital. Tiago Almeida relembra como a grande máquina burocrática tornava os processos mais difíceis. No que aos perfis contratados diz respeito, a empresa manteve o foco na população jovem de recém-licenciados e em áreas de front office, quadros técnicos, quadros científicos, entre muitos outros. A pandemia, no caso da EDP, veio confirmar que «as ideias estavam no sítio no certo», uma vez que o processo digital já estava nos planos da empresa.
André Cabo da Cognizant explica como a empresa continuou a contratar diversos perfis, desde perfis mais técnicos, na área de cyber security, a perfis de moderação de conteúdos ou marketing digital. Embora o segundo trimestre de 2020 tenha sido mais parado a nível de recrutamento, André Cabo avança que, a partir desse momento, as coisas voltaram ao normal, num processo 100% digital. Desde 2018 que a Cognizant já apostava no processo digital, adaptado aos candidatos e às necessidades dos mesmos.
O profissional denota uma alteração no mercado: as pessoas não estão tão abertas ao risco de agarrar uma nova oportunidade. Os perfis mais seniores estão reticentes em abandonar um trabalho seguro, e essa tem sido uma dificuldade no recrutamento.
Até mesmo a nível dos perfis estrangeiros, a empresa denota uma reticência por parte das pessoas que não estão agora tão abertas à possibilidade de mudar de país e de empresa.
André Cabo adianta que o processo, na Cognizant, não se alterou muito. Por se encontrarem num mercado competitivo, a satisfação dos candidatos é – e sempre foi – de grande importância, e nesse sentido viram neste período uma oportunidade para investir mais nesta experiência satisfatória dos candidatos. Também por esse motivo a empresa está a investir em inteligência artificial, com chat bots, por forma a colmatar o contacto humano.
Para André Cabo, um importante processo de educação passou por ter em consideração as soft skills; isto é, aprender a fazer uma avaliação da pessoa a nível de soft skills em entrevistas digitais.
A génese da empresa concentra-se muito no ambiente de trabalho e no apoio existente entre equipas, pelo que, embora o conhecimento técnico seja importante, os restantes valores também ganham espaço na hora de recrutar.
Tiago Almeida avança que na EDP ainda não é usada IA, mas que está a ser desenvolvido um projeto interno que vai permitir à empresa criar um robô para a fase de triagem do processo de recrutamento.
Com o aparecimento, ao longo dos tempos, de profissões mais complexas, Tiago Almeida confessa que, às vezes, torna-se difícil perceber a função exata de determinado candidato – a IA permite evoluir nesse aspeto.
Recuando para a temática das soft skills abordada por André Cabo, Tiago Almeida adianta que na EDP são feitas várias avaliações ao candidato, que incluem as soft skills – avaliação psicológica, seguida de um teste de personalidade e de uma videointerview. O profissional explica que se torna cada vez mais importante desafiar o candidato de modo a identificar características e competências (por exemplo, fazendo uma pergunta da qual o candidato não está à espera). Todas estas alterações, nomeadamente para um caminho mais digital, já estavam a ser feitas na EDP. Tiago Almeida considera que os processos eram demasiado arcaicos e adianta que este modelo veio para ficar.
Por fim, o profissional chama a atenção para a importância dos processos de recrutamento e da atratividade da empresa – atualmente, os candidatos avaliam também as empresas, e, se estas não forem atrativas, facilmente são colocadas de lado.
Sara Lopes da Silva adianta que também na L’Oréal é usada a IA – chat bots são utilizados para responder a questões práticas, algo que já acontecia pré-pandemia. Sara Lopes da Silva ainda acredita nos benefícios e nas vantagens das entrevistas presenciais: «nada melhor que recebermos as pessoas na nossa casa.» No entanto, para que tudo corra bem num processo digital, é necessário, de acordo com esta profissional, dar upskilling e reskilling aos hiring managers e recrutadores.
De modo a conseguir transmitir o ambiente da empresa, Sara adianta que opta, por vezes, em fazer entrevistas com mais do que um entrevistador, de modo a que o candidato também consiga perceber as relações de trabalho. Segundo esta profissional, toda a temática de employer branding se intensificou, e é mais importante que nunca haver clareza e transparência.
Uma das maneiras de transmitir os valores e ambiente da empresa é através da experiência do colaborador: os colaboradores são embaixadores.
Por isso, na L’Oréal, está disponível uma plataforma onde os colaboradores podem fazer essa contribuição. No final, Sara Lopes da Silva reitera: «quero continuar a convidar as pessoas para virem aqui quando for possível. Prefiro um processo misto.»
Jason da Fonte termina o debate afirmando que o futuro será, certamente, o digital. Será também igualmente importante trabalhar e apostar nos colaboradores, e, numa terceira fase, trabalhar com a comunidade, com clientes e fornecedores. «Faz falta haver ligação entre todos.»
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