Joana Pais Afonso
Especialista de Employer Branding
O Employer Branding é uma disciplina de gestão relativamente recente em Portugal, tendo ganho expressão nos últimos cinco anos. Os princípios do Employer Branding têm demorado a afirmarem-se como “estratégicos” no nosso país.
Contudo, nunca houve em Portugal um contexto económico, geracional e laboral tão favorável como em 2019 para dar força e expressão ao Employer Branding. Nunca o candidato e o colaborador tiveram tanto “poder de escolha” e visibilidade como atualmente.
O Employer Branding está a ganhar fôlego por vários fatores:
Por um lado, a atual falta de mão de obra para os cargos que estão em aberto. Devido ao ciclo de crescimento económico, nomeadamente em certas áreas cruciais para o crescimento do país e para a internacionalização das empresas portuguesas (Tecnologias de Informação, Turismo, entre outros), não há profissionais que cheguem para todos os desafios. Esta falta de mão de obra ainda é mais acentuada também por um desajuste real entre a oferta de perfis profissionais com determinadas competências, e a procura pelas empresas de outras competências (profissões novas ou recentes, sendo necessário uma requalificação atempada da população ativa).
Por outro lado, o contexto geracional (Millenials e Geração Z) e a transformação digital que trouxeram novas dinâmicas de relação emocional e aspirações em relação ao mundo do trabalho. Há uma mudança de emprego mais frequente e uma procura de valorização e de propósito no trabalho de maneira mais expressiva do que nas gerações anteriores. A partilha de opiniões e consulta de informação online é non-stop através dos dispositivos móveis ou IoT. O “salário” perde alguma importância em relação ao “tempo”, favorecendo o equilíbrio entre vida pessoal e trabalho e as iniciativas relacionadas com o Propósito, Sustentabilidade e Bem-Estar.
Sendo este contexto favorável ao Employer Branding, resta-nos aprender com os melhores e colocar mãos à obra.
Portugal acolheu a quarta edição do “World Employer Branding Day” no passado mês de Maio, organizado pelo australiano Brett Minchington. Foi uma primeira vez no nosso país e foi um real privilégio para uma centena de portugueses que marcaram presença no evento mais desejado do Employer Branding. Foram apresentadas e discutidas as tendências mundiais desta disciplina, tocando vários temas como a experiência digital do colaborador, as campanhas de comunicação de marcas globais nos contextos nacionais, a complexa função do próprio gestor de Employer Branding, a felicidade e o engagement dos colaboradores, a Diversidade e a Inclusão. Especialistas de Employer Branding de marcas como o Facebook, Netflix, LinkedIn, Accenture, DHL, Sanofi, Mars e a AWS subiram ao palco e presentearam-nos com ótimos estudos de caso. Só podemos estar gratos por este evento ter trazido os líderes mundiais de Employer Branding ao nosso país, e esperar ansiosamente pela quinta edição de 13 a 15 de Maio de 2020, novamente em Lisboa.
Se queremos ser um país interessante e cativante do ponto de vista da experiência laboral e melhorar o nosso “Employer Branding nacional”, as empresas têm de investir nesta disciplina.
Rumo ao objetivo “Best Country to Work”
A capacidade de trabalho e de adaptação dos portugueses aliada ao conhecimento técnico especializado, facilidade em línguas estrangeiras e níveis moderados salariais são parte de uma receita de sucesso para a nossa atratividade como destino de investimentos. Todos podemos trabalhar para aumentar o nível de investimentos portugueses e estrangeiros no nosso país, com centros de decisão de negócios mundiais ou regionais cada vez maiores, por também termos uma cultura de gestão moderna ao nível dos melhores países para trabalhar. Sermos ao mesmo tempo um “Best Country to Work” e um “Best Country to Invest” mede-se em muitos fatores, e o Employer Branding é seguramente um gerador de oportunidades nesse sentido.