Com 40 anos de existência, não foi só o nome da SHL que mudou, foi também o mercado. Jorge Horta Alves fala sobre as mudanças, o passado e o presente do setor dos recursos humanos.
A SHL Portugal comemorou, no passado dia 15 de fevereiro, 40 anos e a celebração da data juntou, à mesa, os colaboradores da equipa dos escritórios de Lisboa e do Porto da empresa que nasceu em 1979, inicialmente com a designação de Psiconsultores, que negociou uma joint-venture com o Grupo SHL, em 1990, para a criação da SHL Portugal.
A Psiconsultores mudou o nome definitivamente para SHL Portugal quando, em 1997, a SHL Internacional adquiriu a totalidade do capital social da Psiconsultores e da SHL Portugal e procedeu à fusão das duas empresas sob a direção do atual managing director, Jorge Horta Alves, que, em 2004, adquiriu, em conjunto com Isabel Paredes, deputy managing director, o seu capital social.
A SHL Portugal é o distribuidor para Portugal do SHL Group e desenvolve soluções de gestão do talento, em parceria com os clientes, para impulsionar o desempenho organizacional. O SHL Group está presente em mais de 150 países e realiza mais de 30 milhões de assessments em cada ano.
Jorge Horta Alves falou com o InfoRH sobre as mudanças operadas no mercado de trabalho nos últimos 40 anos e de algumas características do atual setor dos recursos humanos.
Na sua opinião, o que mais mudou no mercado de trabalho neste últimos 40 anos?
Estou tentado a dizer que mudou quase tudo. A verdade é que algumas tendências que se verificavam noutros países foram introduzidas em Portugal, nomeadamente a ética na gestão dos recursos humanos, a defesa da propriedade intelectual e a objetividade na avaliação e no desenvolvimento das pessoas. Isto foi acompanhado por mudanças no próprio mercado de trabalho que é muito mais qualificado agora do que era há trinta ou quarenta anos. As pessoas estão muito mais informadas e conscientes das oportunidades existentes e têm mais acesso à informação e capacidade para a assimilar. Diminuiu o receio e aumentou a exigência das pessoas assim como a aceitação da flexibilidade, mas não podemos generalizar absolutamente e dizer que estamos todos no mesmo estádio. Isto para não falar na revolução digital que permite ter acesso a quase tudo, fazer e saber coisas que eram impensáveis há poucos anos. Em geral, todos esperam rapidez na resposta e na ação. As pessoas tornaram-se mais disponíveis para a mudança e mais flexíveis nas decisões ainda que, de novo, não se possam fazer generalizações absolutas.
O SHL Group realiza mais de 30 milhões de assessments em cada ano. Qual é a competência mais valorizada pelos empregadores portugueses?
Há muitos tipos de empresas e, portanto, de empregadores, de onde resulta que as competências valorizadas variam muito. Podemos, no entanto, considerar que a competência de liderança é a mais valorizada para as funções de coordenação. Hoje fala-se muito do líder empresarial empreendedor que é capaz de aumentar o desempenho da sua equipa de trabalho enquanto líder individual e é eficaz a movimentar em rede as ideias e os conhecimentos da sua equipa, em toda a organização e até fora dela. Só os líderes empresariais, com os conhecimentos e a experiência dos seus colaboradores, são capazes de ser bem-sucedidos num meio de trabalho cada vez mais complexo. Outras competências, como a adaptabilidade, dada a constante mudança que se vive nas organizações, são também valorizadas, mas tendem a variar consoante a organização.
E, nas organizações, o que mais valorizam os profissionais?
Aqui creio que o consenso é maior. Quer no ingresso numa empresa, quer na mudança para um novo emprego, há três ou quatro coisas que, em geral, as pessoas procuram. Em primeiro lugar, boas condições de trabalho físicas, sociais e de remuneração. Em segundo lugar, um projeto que constitua um desafio que permita fazer coisas novas, desenvolver competências e obter maior crescimento pessoal. Em terceiro lugar a identificação com os valores da empresa quer sejam valores de caráter social, quer sejam de caráter ecológico e de defesa do ambiente. Finalmente, as pessoas procuram um ambiente em que sejam tratadas de forma justa e equitativa. Temos de ser confiantes e esperar que o mundo fique cada vez melhor.