Inês Vaz Pereira
O IIRH desenvolveu recentemente um estudo sobre o impacto da transformação digital na função RH. Muito interessante. Li atentamente o estudo, pois tenho dúvidas sobre este tema e quis entender melhor o que se passa realmente nas nossas organizações.
Por exemplo, se 98% dos inquiridos neste estudo consideram que a função RH deve estar envolvida no processo de transformação digital, a verdade revela que continua a ser um processo que maioritariamente não envolve o departamento de recursos humanos: o departamento de IT (32%) e o departamento financeiro (20%) compõem a maioria na liderança de projetos desta natureza. Outro exemplo: se 85% dos inquiridos concluem que a maior vantagem é um “melhor acesso à informação”, seguidos de 68% que consideram “uma melhor comunicação” como outra grande vantagem… Como se justifica que apenas 17% das empresas estejam a fazê-lo em tecnologia cloud (acessível em qualquer lugar, a partir de qualquer dispositivo), sendo que os restantes 69% seguem o tradicional ERP?
O meu dia-a-dia é viver a transformação digital das empresas e posso concluir que ainda há muita mudança a fazer. Mudança cultural, comportamental… mudança de liderança!
Todos dizem que a transformação digital é muito importante, fundamental e crítica para a melhoria dos processos. Mas, na verdade, ainda perdura uma atitude defensiva e resistente à mudança: talvez por medo, talvez por temas de custos mal justificados, talvez… por muitos motivos. Mas acreditem no projeto, pois os resultados são mensuráveis e transformar é mudar, mas mudar para melhorar. A transformação digital em RH aproxima a diversidade cultural, reduz os custos administrativos com processos, cria uma descentralização da função de RH e aumenta o employer branding com a própria empresa.
Caros Diretores de Recursos Humanos, leiam atentamente este estudo e façam este exercício junto da vossa organização. Sejam os “gladiadores” desta jornada e não deixem para amanhã o que podem começar hoje. O mundo está a mudar, impulsionado pela tecnologia. Proporcionem essa mudança na vossa empresa, dando o “exemplo” que esta evolução tem que ocorrer como “natural” para a retenção dos vossos talentos e consequente sobrevivência das empresas.