ARTIGO: A importância das boas práticas na gestão dos Recursos Humanos
Um dos aspetos que melhor define uma organização é precisamente a sua cultura e o seu ambiente de trabalho. Há práticas características de cada empresa que a podem tornar única, especial ou invulgar, afetando pois inevitavelmente o dia a dia e a vida dos seus colaboradores.
Mas afinal o que faz com que as pessoas gostem do sítio onde trabalham? Que tipos de práticas as atraem e as levam a permanecer dentro de uma organização anos e anos? O que será que realmente diferencia determinadas organizações de outras?
Digamos que normalmente nunca é um só fator, mas sim um conjunto de variáveis que acabam por fazer a diferença e tornar o local de trabalho um sítio agradável, recompensador e atrativo.
Antes de mais, há que não esquecer que as organizações são o espelho dos seus colaboradores isto é, o que faz as empresas são as pessoas que lá trabalham, daí o recrutamento ser um aspeto muitíssimo importante e a não descurar. Candidatos com elevada motivação, inovadores, autónomos, responsáveis e que revelem uma clara inteligência criativa são claramente alvos a selecionar, sem esquecer a capacidade de adaptação à cultura organizacional que é algo imprescindível para que as coisas corram dentro do esperado. Encontrar os melhores profissionais do mercado e os candidatos que melhor respondem às necessidades da organização, tendo em conta não só as suas competências técnicas mas também psicossociais e a experiência, deve ser a premissa base para qualquer processo de recrutamento.
Após a contratação de um novo colaborador, e mesmo antes da sua data de admissão, há desde logo uma série de práticas importantes como por exemplo a elaboração de um plano de acolhimento com informação relevante para a sua integração, o que faz com que antes da data de entrada na empresa a pessoa já se sinta, em parte, integrada e não totalmente desfasada do seu novo local de trabalho. Lembre-se que o primeiro dia é extremamente importante, logo há que acolher da melhor forma possível o novo colaborador, de forma a gerar confiança e envolvê-lo na equipa com quem irá trabalhar. Coisas tão simples como fazer uma visita guiada pelas instalações, apresentá-lo a toda a organização, ter um manual de acolhimento, fornecer informação sobre a empresa, enviar um e-mail de boas-vindas ou mesmo organizar um almoço de boas-vindas são práticas que se revelam essenciais para uma boa adaptação. A primeira impressão é muito importante e, por vezes, são pequenas coisas que inspiram os colaboradores e fazem-nos sentir-se especiais e únicos.
Depois, no dia a dia e não só para os “recém chegados”, há que ter uma linha orientadora e uma cultura digamos que direcionada para os colaboradores, sendo que o fundamental são as características gerais da própria organização, nomeadamente a capacidade de desenvolver boas práticas de gestão de capital humano, premiando o desenvolvimento da competência individual, a partilha de conhecimento e a frontalidade com que são assumidas as responsabilidades.
Há um rol de outros aspetos relevantes e aqui penso que importa referir a forma como a empresa partilhar a informação com os colaboradores de modo a promover uma cultura de transparência. Na verdade, há que saber partilhar a informação de forma clara, podendo fazê-lo através de vários canais privilegiados de comunicação como seja reuniões periódicas departamentais e gerais, intranet, e-mail, vídeo-conferência e newsletter interna. Este aspeto é particularmente relevante no reconhecimento dos sucessos, como nas lições a tirar de fracassos ou resultados abaixo das expectativas.
É muito importante a empresa estar comprometida com o desenvolvimento pessoal e profissional dos colaboradores e nesta linha poderá oferecer um conjunto de oportunidades de desenvolvimento, incluindo formação técnica e específica de cada área e/ou função, tanto a nível nacional como internacional (caso seja viável), oferecer alguma flexibilização ao nível da disponibilidade do colaborador de forma a que este possa por exemplo continuar a apostar no desenvolvimento da sua formação académica (mestrados e pós-graduações), etc.
As chamadas regalias são também importantes, tais como por exemplo a aplicação de uma política de compensações, através de um programa de bónus que abranja todos os colaboradores, a empresa pagar os seguros de saúde, participar no valor mensal aos colaboradores que frequentem um ginásio, desenvolver protocolos com Universidades onde são incluídos descontos nas mensalidades curriculares, para os colaboradores e respetivo agregado familiar, ou seja benefícios que com certeza ajudam a manter a produtividade e felicidade dos colaboradores.
Para além de tudo isto, há uma série de iniciativas que podem ser levadas a cabo pelas organizações e que fazem a diferença tais como a organização de atividades “outdoor” que incluam ações de “Team building”, promover dias diferentes, jantares comemorativos, com o intuito de envolver, de forma lúdica, todos os colaboradores na estratégia e objetivos da organização. Sendo que a palavra-chave é a partilha.
Por fim, mas não menos importante, há que salientar a importância do equilíbrio entre a vida profissional e a vida familiar dos colaboradores, devendo haver por parte das organizações essa preocupação promovendo “ações” como um horário de trabalho relativamente flexível, adotar uma atitude favorável se o colaborador faltar por motivos familiares, haver a oportunidade, caso se justifique, de se poder trabalhar a partir de casa, dispensar o colaborador por razões de força maior sem que isso posteriormente o prejudique, em dias especiais, como o Dia do Pai, da Mãe e da Criança, haver uma redução no horário de trabalho, a favor da partilha com os seus familiares, haver a possibilidade de trazerem os filhos para o local de trabalho quando necessário e tantas outras iniciativas que ajudam a encarar o trabalho não como um “adversário” da família mas, de certo modo, uma continuação dela.
Em suma, o que distingue uma empresa de outra é a sua cultura, a sua essência, a sua solidez que depois acaba por se rever nas práticas adotadas e na forma como é visto e tratado cada colaborador. Acredito por isso que um ambiente de trabalho informal, a política de porta aberta, o espirito de família e de equipa, o envolvimento de todos, a lealdade, a ética, a igualdade e a justiça, são tudo fatores decisivos que favorecem um local de trabalho saudável e inspirador, o que ajuda a estreitar as relações e desenvolver a confiança entre todos.
No fundo, o segredo não é mais do que a adoção de um modelo de gestão que combine políticas de benefícios e remuneração variáveis competitivas, sem esquecer o apoio na vida pessoal dos colaboradores. A aposta no capital humano é pois essencial para qualquer organização que queira crescer uma vez que trabalhadores motivados, confiantes e felizes vão influenciar a produtividade da empresa e torná-la cada dia melhor.
POR: Luísa Aguiar – Recursos Humanos do SAS Portugal