Um grupo de investigadores de três universidades americanas levou a cabo uma pesquisa sobre como os entrevistadores tomam decisões de contratação. Segundo a Forbes, a pesquisa descobriu que 60% dos recrutadores tomam as suas decisões nos primeiros 15 minutos de entrevista, e 20% nos primeiros cinco minutos.
Mas, se uma entrevista dura mais ou menos 45 minutos, o que fazem os recrutadores no tempo que resta? De acordo com a Forbes, os entrevistadores usam esse tempo para procurar provas que justifiquem a sua decisão inicial, o que quer dizer que as entrevistas têm apenas 50% de hipótese de identificar o talento com precisão. Dado o impacto que preconceitos sociais, como o género ou a etnia, têm nas primeiras impressões, não é surpreendente que a diversidade na contratação continue a ser impactada.
Como funciona o cérebro do entrevistador?
Segundo Chaka Booker, autor, managing director e recrutador, os entrevistadores não tratam as questões da entrevista como eventos independentes. E o que quer isto dizer? Quando os eventos são dependentes, um evento influencia a probabilidade de outro evento; e quando os eventos são independentes, um evento não influencia a probabilidade de outro evento. As entrevistas, de acordo com o recrutador, devem ser eventos independentes. Ou seja, a avaliação de uma resposta do candidato à primeira pergunta não deve impactar a avaliação da segunda pergunta, e assim por diante. O erro está em tratar as questões da entrevista como eventos dependentes, uma vez que é estabelecida uma trajetória e a decisão é tomada demasiado cedo.
Outras duas tendências cognitivas que influenciam as decisões de contratação e que aumentam este dilema são a ancoragem e a confirmação. As decisões finais dos recrutadores tendem a depender fortemente da primeira informação aprendida (âncora). Da mesma forma, os recrutadores também favorecem informações que confirmam as suas crenças existentes (confirmação). Isto vai afetar o modo como a informação é selecionada e interpretada.
Manter e reiniciar
Segundo Chaka Booker, uma ótima técnica de entrevista para combater esses efeitos é chamada de «Hold & Reset». Esta técnica permite a gestão consciente do julgamento, e é a marca registada dos grandes entrevistadores.
A decisão de contratação deve acontecer após a entrevista – e isto parece óbvio, mas não é o que geralmente acontece. Em vez disso, na presença de um candidato, o entrevistador começa, à partida, a formular uma opinião (e isto pode até acontecer mesmo antes da entrevista, na análise do currículo). Naturalmente, todos nós gravitamos em torno de alguns perfis em detrimento de outros. Mas, na fase de entrevista, o currículo não deve influenciar o julgamento do candidato; deve influenciar, sim, as perguntas do entrevistador.
Enquanto entrevistador, deverá ser capaz de reconhecer ativamente este julgamento prematuro e de se colocar mentalmente de volta à posição neutra. Deve avaliar cada resposta como um evento independente, o que requer separar o julgamento atual da resposta individual do julgamento final do candidato. Use as respostas coletivamente para avaliar o candidato e recolha os dados durante a entrevista.
Após cada pergunta, formulará uma opinião relativamente à qualidade da resposta – e isso é bom e expectável. Mas a sua avaliação da próxima resposta deve permanecer independente da sua avaliação da resposta anterior. Esta prática de «redefinição» irá interromper uma trajetória que leva a uma tomada de decisão prematura.
Se analisar o que ocorre na sua mente durante uma entrevista, rapidamente começará a verificar as falhas que levam a contratações incorretas. Ao corrigi-las, conseguirá trazer muito mais diversidade para a sua organização. Para isso, dedique algum tempo a entender como o seu cérebro toma as decisões.
Fonte: Forbes
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