O tema desta semana na comunicação social, no que se refere à economia portuguesa, é sem qualquer sombra de dúvida o aumento do salário mínimo nacional deliberado para janeiro de 2020.
Apesar de este ser um aumento com o qual estou perfeitamente de acordo, levanta uma questão que importa refletir face às caraterísticas do tecido empresarial português e mais concretamente dos níveis salariais praticados.
Existe uma grande franja de empresas tradicionalmente industriais, ainda com uma forte dependência da mão de obra humana, em que o nível salarial praticado é o mínimo nacional.
São pois estas empresas as mais afetadas pelo aumento salarial, dado que as suas frágeis estruturas de custos dificilmente se adaptam a tão frequentes aumentos.
Por outro lado, o grupo de trabalhadores que vem a ser prejudicado com este aumento salarial são aqueles que auferem um salário apenas ligeiramente superior ao mínimo nacional. Para estes, que nos últimos 12 meses já viram a sua diferença salarial ser atenuada face ao salário mínimo nacional, a história repete-se.
São também estes que frequentemente se encontram inseridos em empresas em que não existem atualizações salariais anuais, pelo que em janeiro de 2020, vão mais uma vez sentir que estão cada vez piores.
O seu salário, que inicialmente seria superior ao salário mínimo nacional e que por isso procuraria reconhecer uma função de maior complexidade técnica ou o reconhecimento de competências diferenciadas, passa agora a ser comparável à generalidade dos trabalhadores.
Outra perspetiva é o caso de aumentos salariais por agraciação de colaboradores, que deste modo, veem o seu mérito diluído ou sem qualquer efeito.
Assim, caso seja responsável de recursos humanos numa empresa em que estes cenários existam, pense um pouco sobre isto e alerte a administração da Empresa para o facto de ser um fator de motivação dos seus colaboradores!
AUTOR:
Cláudia Dias (Consultora de Recursos Humanos na Frederico Mendes & Associados)