POR:
Fábio Coelho – Business Manager da Global Partner HRS
O mercado de IT em Portugal é um mercado onde existe pleno emprego, e onde a procura excede a oferta, em larga escala.
Sem sombra de dúvidas.
Claramente existem poucas pessoas especializadas disponíveis no mercado para as oportunidades de emprego em aberto. Uma consequência disto é a procura de talento jovem, muitas vezes sem experiência laboral, por parte das organizações junto das faculdades. Isto faz com que muitos estudantes universitários das áreas de formação das tecnologias de informação e engenharias recebam propostas de trabalho exorbitantes, sem qualquer experiência na função, tendo em conta o seu know-how técnico e experiência com base numa fábula mágica, acabando muitas vezes por não concluírem os respectivos cursos.
Isto faz com que as organizações recorram a empresas externas de recrutamento para as auxiliarem neste processo, por não terem tempo para procurar e encontrar “O” candidato. Nos dias de hoje existem várias empresas a fazer recrutamento de IT, tanto no modelo de outsourcing como no modelo mais tradicional: recrutamento direto. Como tal os candidatos de IT recebem assim um manancial de mensagens de empresas de recrutamento para várias oportunidades de emprego. Isto faz com que eles tenham a faca e o queijo na mão?! Sim, mas não…
O recrutamento é um processo que demora tempo, mas não pode levar o tempo que muitos processos levam. Existem processos de recrutamento que têm muitas fases e diversos interlocutores o que o torna num processo moroso e dificulta a contratação do candidato, inviabilizando o sucesso do mesmo, num mercado que circula a 1000 à hora. O que eu quero dizer com isto, é que entre a primeira entrevista e a apresentação da proposta muitas organizações levam semanas ou meses para darem um feedback, e aí reside um grande risco – quanto mais tempo demora o processo, maiores são as chances de o candidato ser abordado e recrutado por outra empresa ou até mesmo desistir do processo por falta de feedback.
O desafio hoje em dia está em encontrar “O” candidato, e muitas vezes quando se encontra está envolvido em mais do que um processo de recrutamento, e aqui está o problema: como é que conseguimos garantir que o candidato aceita a oferta do nosso cliente?! A meu ver não existe uma fórmula mágica visto que estamos a falar de pessoas, mas através de um processo de recrutamento bem conduzido, um bom acompanhamento ao candidato com comunicação clara e objectiva, aumenta decerto as nossas chances de sucesso.
A fórmula mágica, a existir a meu ver, para garantir que o processo chega a bom porto é através da proximidade e dos laços de confiança que se geram para com o candidato. O recrutador quando inicia o contacto com o candidato começa a criar uma relação a partir do momento que é objectivo e claro na transferência de informação. Mantendo sempre a premissa da confidencialidade, tanta vez contestada pelo candidato, mas exigida pelo cliente. O recrutador detém uma oportunidade de emprego e o candidato possuí o conhecimento técnico e as ditas soft skills necessárias para o desempenho da função – é uma relação win-win. Desde o início devemos ser claros e sinceros para com o candidato, partilhar o máximo de informação disponível sobre a oportunidade em questão e fazer todas as questões necessárias para mitigar o risco ou até mesmo eliminá-lo, respeitando sempre a confidencialidade que nos é exigida de parte a parte. Ora para com o candidato ora para com o nosso cliente. Regra basilar e simples.
E é aqui que está a diferenciação, que certo irá trazer o glamour outrora tão aclamado pelo recrutamento e seleção juntos dos candidatos. O contacto e a forma de contacto. A proximidade que geramos e estabelecemos com “O” nosso candidato será decerto a chave e a fórmula mágica para garantir que a poção se regenera e a confiança entre ambos é fortificada em elementos sólidos e concretos para assim termos ambos sucesso.
Como recrutador tenho um papel de intermediário entre o candidato e o cliente, interno ou externo. Cabe a mim actuar de forma diferente e proactiva num mercado em constante transformação de forma a conseguir atingir resultados positivos no recrutamento de IT e deixar a minha marca. A primeira impressão é muito importante e decisiva numa relação. Ou criamos uma boa primeira impressão ou podemos estragar tudo e assim perder a oportunidade de ter sucesso, isto é, perder “O” candidato. É necessário fazer coaching com os candidatos de forma a fidelizá-los a nós, pois estamos num mercado onde o candidato e o cliente são igualmente importantes, nunca descurando o papel de cada um.
A função de recrutador é hoje a meu ver descaracterizada. Qualquer pessoa sem qualquer tipo de formação na área ou aptidão exerce a função devido às necessidades do mercado e crescente necessidade de abordar e captar alguém para aquela função. Utopicamente ou não é algo que eu gostava que mudasse no futuro porque apesar de ser um trabalho que à partida qualquer pessoa pode exercer, desde que compreenda bem as regras do mercado, será sempre necessário ter as ditas hard & soft skills necessárias para conseguir triunfar neste ramo.
E acima de tudo vamos fazer recrutamento e não “des-recrutar” mantendo por base uma fórmula simples e fácil mesmo em tempos de afastamento.
Não deixem a essência do recrutamento morrer e fidelizem os candidatos sem fábulas.