Atualmente, em França, o Café Joyeux emprega 118 colaboradores Joyeux, 60 supervisores e gerentes, e quase três centenas de voluntários.
Em 2018, Filipa Pinto Coelho, presidente da Direção da Associação VilacomVida, fundada em 2016, teve o primeiro contacto com o projeto francês. Na altura, também a Associação que presidia se encontrava prestes a lançar em Portugal o conceito de cafés inclusivos– os Cafés com Vida. Filipa Pinto Coelho decidiu, assim, aliar-se ao Café Joyeux e trazer para o País este projeto inclusivo.
“Ao analisar o site do projeto – cafejoyeux.com – percebi que este correspondia exatamente àquilo que pretendíamos fazer em Portugal”, conta Filipa Pinto Coelho. “Tive uma primeira conversa com um dos responsáveis da marca, Aleksander Debinsky, que acreditou em nós e me colocou em contacto com o fundador dos cafés Joyeux em França. Desta conversa nasceu a certeza de que iríamos fazer crescer juntos esta missão, ficando apenas a faltar encontrar o melhor formato para tal”.
Com a missão de “trazer a diferença para o centro das nossas vidas e das nossas cidades”, que preconizava através da Associação VilacomVida, Filipa Pinto Coelho deu assim início a uma colaboração com o Café Joyeux, com o objetivo de “ aproximar a sociedade da diferença cognitiva, desmistificando medos e preconceitos”, refere.
Mudar mentalidade das empresas e potenciar empregabilidade de pessoas com deficiência é prioridade
Efetivamente, em Portugal, a inclusão e a aposta no emprego de jovens com deficiência e dificuldades intelectuais e do desenvolvimento ainda está longe de ser uma realidade.
De acordo com os dados publicados no ano passado pelo Observatório da Deficiência e Direitos Humanos, o número de pessoas com deficiência inscritas nos serviços públicos de emprego aumentou 30% na última década.
No período compreendido entre 2011 e 2021, inscreveram-se no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) mais 3175 pessoas com deficiência. Em 2011, o número de pessoas com deficiência em situação de desemprego era de 10.408, sendo que em 2021 este número subiu para 13.583.
Estes dados mostram que o tecido empresarial ainda está aquém no que diz respeito à inclusão de colaboradores com deficiência ou dificuldades intelectuais e do desenvolvimento.
O Café Joyeux quer contrariar esta premissa e contribuir, por isso, para um mundo laboral mais inclusivo e onde a diferença é acolhida, e não um fator de exclusão.
O primeiro Café Joyeux foi inaugurado na Calçada da Estrela, em Lisboa, em 2021. Seguiu-se a abertura do Café Joyeux da Ageas Seguros Portugal, em fevereiro de 2022. Em cada um destes espaços, café-restaurante Joyeux – dependendo também da sua dimensão – trabalham e têm formação em simultâneo entre 8 e 12 jovens-adultos com DID – Dificuldades Intelectuais e do Desenvolvimento – que “são acompanhados nas suas funções por supervisores qualificados, ou seja, profissionais de diferentes áreas que optaram por colocar as suas competências ao serviço do crescimento do outro”, explica Filipa Pinto Coelho.
Cada uma das lojas tem, também, um gerente, bem como um responsável por toda a operação. Além do serviço de café e restaurante, as lojas possuem também o serviço de catering externos que, devido ao crescimento que tem registado, trouxe a necessidade de expandir a equipa, para, assim, “poder dar resposta aos constantes e crescentes pedidos de serviço de coffee-breaks, almoços, cocktails, jantares, que nos ajudam a levar a nossa missão mais longe e a torná-la sustentável”, comenta Filipa Pinto Coelho.
Expansão da rede Café Joyeux e novas áreas de negócio a caminho
Com apenas dois anos de existência em Portugal, o caminho do Café Joyeux não tem sido sempre simples, no entanto, este projeto conta com um conjunto de parceiros que têm investido na instituição por reconhecerem o impacto social que este traz para o mercado.
“Queremos ser capazes, a curto prazo, de devolver também parte do investimento financeiro que for disponibilizado, pois temos provas dadas de que o modelo resulta e traz sustentabilidade. Temos um bom produto, uma excelente equipa, boas localizações e uma missão que nos une a todos – empresas e sociedade – numa mesma direção e propósito”, confessa Filipa Pinto Coelho.
Para este ano o Café Joyeux tem expectativas ambiciosas: a consolidação do modelo de rua – no café Joyeux de S. Bento e do modelo empresa – na Ageas Seguros Portugal; a abertura do seu terceiro Café Joyeux, em Cascais; bem como o lançamento de uma nova área de negócio.
O café Joyeux solidário em Grãos & Cápsulas, a nova área de negócio a ser lançada ainda este ano, trata-se de um um café produzido em Portugal e que “permite a empresas e particulares contribuir para esta missão, ao mesmo tempo que bebem um café de extrema qualidade”, explica Filipa Pinto Coelho.
Para conseguir concretizar os seus objetivos, o Café Joyeux conta com a sua rede de parceiros e está, também, disponível para expandir o seu portfólio de investidores.
“Temos um orçamento exigente ao nível da angariação de investimento social e de impacto e, como tal, a curto prazo, esperamos conseguir envolver de forma win-win os parceiros certos para crescermos juntos nesta missão, que precisa desta força, vontade e capital financeiro para continuar a transformar vidas e a demonstrar todo o seu valor”, comenta a responsável.
Fazer parte desta missão, para as empresas, significa apenas contribuir de forma ativa, seja através da aquisição de bens e serviços, ou através da realização de projetos de voluntariado corporativo.
As portas do Café Joyeux estão, assim abertas, com o objetivo de continuar a aproximar o mercado de trabalho da diferença e abrir os horizontes das organizações para o potencial que estes jovens podem aportar.
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