João Paulo Petiz
HR Consultant
Num contexto cada vez mais global, dinâmico e interativo, a transição do mundo académico para o mercado profissional é cada vez mais central na abordagem do início de carreiras, captação de talento e de exploração e desenvolvimento de competências. Esta passagem muitas vezes é desenhada no formato de estágio onde a pessoa é exposta a um contexto diferente, novo, cheio de estímulos, num role-play que (agora) é a sério e as expectativas são reais. Mas, nesta etapa de novidades e constantes adaptações ao inesperado, para muitos encarada como desafiadora, para outros como aterradora, quais os principais desafios de um estagiário?
Cultura organizacional: No início da aventura do seu estágio recolha o máximo de informação disponível sobre a organização na qual vai colaborar, nomeadamente quais os valores e missões da mesma. Isso permitir-lhe-á alinhar-se com as expectativas e dinâmicas e evitar “faltas de comunicação”, “mal-entendidos” ou “não perceber porque é que aquilo aconteceu”. Não se esqueça que a entidade recetora do seu estágio vai ser simultaneamente o espaço onde vai investir uma quantidade muito significativa do seu tempo. Neste sentido, convém que conheça “os cantos” e que se sinta confortável com aquela que será a sua “casa” profissional.
Disponibilidade: Recolhida toda a informação sobre a empresa, estar aberto à experiência, disponível para o(s) desafio(s) e para a mudança, revela-se um mind set indispensável para uma vivência plena desta etapa. A amplitude para explorar tarefas que à partida não expectava é e será um teste e uma oportunidade para perceber o que realmente lhe dá gozo, se sente confortável e no que pode ser excecional, ou seja, fazer a diferença. Dê, sempre, o benefício da dúvida a si mesmo e parta para esta experiência como um test drive daquilo que poderá ser a sua felicidade no contexto profissional.
Feedback: Iniciada esta jornada, como é que é pode saber se estamos a caminhar rumo ao destino sem saber se trilhamos o caminho esperado? Estar desperto, atento e disponível para receber feedback é, sem dúvida, uma das ferramentas mais valiosas para ter uma real noção do seu desempenho. Não só lhe permite confirmar e reforçar comportamentos adequados, como evitar potenciais erros e, caso os esteja a cometer, alterá-los asap. Se estiver num contexto em que o feedback é pouco estimulado não se acomode. Solicite-o.
Humildade: Ao longo de toda esta etapa, para além dos tópicos acima referidos, todo o seu comportamento deve ser pautado pela humildade. Humildade para reconhecer que não é um processo acabado e que não sabe tudo pós conclusão da etapa académica, mas que apenas está a começar. Ouça mais do que fale, aproveite para aprender com aqueles que têm mais experiência. E, quando exposto ao erro, tenha a humildade de assumir que ele faz parte do seu processo de crescimento. Não se vitimize ou arranje desculpas. Foque-se na solução e faça do erro a sua testemunha do caminho para o sucesso.
Organização: Seja ao nível da gestão de tempo, das suas tarefas, das suas expectativas ou dos novos estímulos: organize-se! Pode ser disponível, humilde, alinhado com a cultura e atento ao feedback… mas se não se consegue organizar qual o rendimento do seu trabalho? Qual a sua produtividade? Eficiência? Qual a direção que vai dar ao feedback recebido? Organize o seu local de trabalho, cumpra os deadlines propostos e dê espaço a si próprio para poder descansar e “arrumar” todos os novos estímulos que está exposto. Evite a procrastinação e invista um pouco do seu tempo, todos os dias, para terminar “aquelas pequenas tarefas não urgentes nem importantes”, mas que lhe vão consumir energia até estarem terminadas.
Por fim aproveite para desafiar-se constantemente a si mesmo, para aumentar o seu auto-conhecimento e começar a sua pegada de contributo à sociedade no contexto laboral. E no final da jornada, olhar em retrospetiva e perceber que está/ficará diferente. Que todo este processo o transformou a si e ao seu compêndio de competências, bem como à entidade recetora, numa relação win-win.