Inclusão no mundo de trabalho é um dos tópicos mais discutidos na atualidade, especialmente quando pertinente às pessoas com incapacidades ou deficiências. O tema ganhou importância desde que foram estabelecidas quotas para as empresas – 1% para PME e 2% para as grandes empresas.
Mas as aspirações continuam longe da realidade. De acordo com um estudo da Goodhabitz, ainda existe um longo caminho a percorrer, especialmente quando 84% dos trabalhadores em Portugal considera que a sua empresa devia prestar mais atenção a esta temática.
“Este tema tem ganho importância no nosso tecido empresarial, até porque, no mesmo estudo, 64% dos colaboradores considera que os profissionais com incapacidade ou deficiência já são tratados de igual forma. Claro que há espaço para melhoria, mas acredito que estamos num bom caminho”, afirma Tânia Coelho, Talent Acquisition Manager na Kelly.
Já Salvador Mendes de Almeida, presidente da Associação Salvador, entende que, apesar de toda a sensibilização, as mudanças não ocorrem “à velocidade que gostaríamos”. Explica que as pessoas com deficiência são mais abertas e capacitadas para terem um papel ativo na sociedade, pois agarram “com unhas e dentes” as oportunidades profissionais que lhes são oferecidas.
A importância de uma boa comunicação
Sobre o preconceito no momento de recrutar um colaborador com deficiência, Tânia Coelho alerta para o facto de “ainda existirem empresas que, no momento da entrevista, colocam questões que deixam os entrevistados desconfortáveis, questões pessoais que podem levar, às vezes até inconscientemente, à discriminação”. Além disso, no que ao mundo laboral diz respeito, reforça também que estes profissionais “devem ser avaliados e reconhecidos pela sua performance e competências e não com base em preconceitos”. “Enquanto consultora de recursos humanos, temos o papel de sensibilizar para esta temática, promovendo uma gestão aberta e inclusiva das empresas e reforçando a importância do envolvimento de todos nas organizações”, explica Tânia Coelho.
Salvador Mendes de Almeida esclarece também que “não é preciso ter tudo preparado de uma vez, mas sim avaliar caso a caso e perceber as reais necessidades de cada pessoa”. “Este é um caminho em construção e o mais importante é assegurar uma comunicação clara entre a empresa e os colaboradores”. No que diz respeito aos receios e dúvidas dos candidatos, o Presidente da Associação clarifica também que “qualquer pessoa que vá para um trabalho novo terá sempre um período de adaptação, de conhecer novas pessoas, e esse cenário não é diferente para pessoas com deficiência. Temos de sair da nossa zona de conforto, seja qual for a situação, porque se não o fizermos também não evoluímos”, conclui.
Neste contexto, a inclusão de pessoas com incapacidade ou deficiência levanta ainda algumas questões nas empresas que contratam e, sobre isso, Tânia Coelho não tem dúvidas sobre as vantagens: “as empresas inclusivas demonstram fortes indicadores de inovação, criatividade e desenvolvimento”. Salvador Mendes de Almeida reforça também que “a inclusão e a diversidade são bons para a sociedade, mas também para o negócio, por trazerem resiliência e diversidade para a cultura da própria empresa”.