Impedida de continuar o seu trabalho presencial junto dos profissionais de saúde, hospitais e centros de saúde, a Angelini Farmacêutica tem agora todos os colaboradores em regime de teletrabalho. Ao longo das últimas semanas, a empresa tem-se focado em replicar o funcionamento normal do escritório nesta nova realidade, mas neste momento está já a trabalhar num plano de regresso à empresa.
Conceição Martins, diretora de Recursos Humanos e Comunicação da Angelini Farmacêutica, explica-nos como a organização está a fazer face à pandemia.
Como é que a empresa se está a manter em funcionamento?
Face à pandemia da COVID-19, a Angelini Portugal decidiu que todos os colaboradores deveriam adotar o regime de teletrabalho. Esta medida incluiu a área comercial que devido à pandemia está impedida de continuar o seu trabalho presencial junto dos profissionais de saúde, hospitais e centros de saúde, mas que continua, à distância, a dar apoio aos seus clientes, através de donativos de produtos que podem ajudar os nossos profissionais nesta fase complexa da sua atividade e a apostar na sua formação, fornecida pela Angelini.
A Angelini não está parada, nem pode parar. Temos uma equipa sólida e altamente qualificada que continua a dar resposta às necessidades existentes.
Apesar de o trabalho de equipa ser uma constante no dia-a-dia, queremos acima de tudo garantir a segurança dos nossos colaboradores e continuar a reconhecer e valorizar o seu trabalho.
O teletrabalho impactou positiva ou negativamente a produtividade?
Reconheço que o regime de teletrabalho acarreta vários desafios. O facto de não estarmos a trabalhar no ritmo normal de contacto com clientes, pode ter impactado a nossa produtividade.
O nosso objetivo é tentar replicar ao máximo o nosso funcionamento habitual neste novo regime de teletrabalho, fazendo-o nas várias áreas da empresa, projetos e nas múltiplas rotinas que já tínhamos implementado e que agora continuam.
As atividades comerciais foram, sem dúvida, as que tiveram mais impacto. Tivemos de nos adaptar à realidade emergente e tentar focar-nos na parte positiva de tudo o que está a acontecer.
Reconheço que ter bons colaboradores faz toda a diferença, pois após as primeiras semanas de total adaptação, analisámos que todas as equipas estiveram totalmente à altura da nova realidade e com uma capacidade de resposta muito efetiva e positiva.
Qual o impacto que a pandemia da COVID-19 vai ter nas diferentes áreas da sua organização?
A pandemia da COVID-19 é uma realidade que ainda estamos a viver e por isso é impossível medir os seus impactos até que seja ultrapassada. Para ajudar os nossos colaboradores em teletrabalho, reforçámos o apoio das chefias na organização das equipas e no acompanhamento e implementação de atividades.
Para o futuro próximo, estamos a trabalhar num plano de regresso à empresa para nos reorganizamos da forma mais natural possível, com medidas que suportem este regresso de forma faseada e segura. Tentamos atingir um compromisso entre a necessidade de voltar “à normalidade” e a garantia da segurança e saúde de todos os nossos colaboradores. Iremos implementar um ambiente diferente nos primeiros meses de regresso ao escritório, de forma a não comprometer todos os esforços realizados nestes últimos tempos de isolamento social.
Como estão a procurar minimizar esse impacto?
O primeiro passo no sentido de minimizar este impacto foi procurar alternativas de contacto que nos mantivessem junto dos nossos clientes, parceiros e colaboradores para responder às necessidades urgentes e apoiar o máximo possível.
Intensificámos a comunicação interna, através da intranet onde regularmente partilhamos uma serie de dicas e sugestões que possam ajudar na gestão da vida profissional, pessoal e familiar dos nossos colaboradores.
Aproveitámos também esta fase para atualizar os nossos colaboradores e investimos bastante em formação numa série de áreas como os desafios do smartworking, desenvolvimento de áreas específicas de conhecimento identificadas, partilha de melhores práticas entre equipas, etc.
Recentemente também lançámos um programa de apoio ao colaborador que oferece aconselhamento profissional e formações em vertentes tão relevantes como o bem estar psicológico, a área fiscal e a legal – um apoio que é alargado às suas famílias e que tenta amenizar os desafios que possam estar a ser vividos em casa neste momento.
Temos o firme compromisso de estar junto dos nossos colaboradores, oferecendo o máximo de soluções possível para que se sintam apoiados e acompanhados. Temos orgulho de ser uma empresa Top Employer em Portugal, e também a nível europeu, e encaramos essa certificação com grande sentido de dever. Este selo internacional distingue-nos enquanto empresa que se empenha em proporcionar o melhor ambiente de trabalho e coloca os seus colaboradores em primeiro lugar e nem o desafio de viver uma crise de saúde pública nos afastou desta missão.
Por fim, uma das ambições que tínhamos para este ano era potenciar dois fatores importantes: a excelência do negócio na implementação da estratégia e a exploração do potencial das ferramentas digitais. Este é o momento certo para dar um passo nesta direção.
O que acha dos apoios decididos pelo governo? São suficientes? O que faria falta na sua opinião?
Estamos perante uma nova realidade e, como tal, não existe nenhum manual de instruções. Na qualidade de Diretora de Recursos Humanos da Angelini reconheço o esforço do governo português para amenizar os efeitos de uma crise tão devastadora que se abateu sobre os trabalhadores e empresas.
Neste momento, os apoios à economia, que também é disso que estamos a falar nesta fase, são bem-vindos. Seja apoios fiscais, linhas de crédito, subsídios especiais ou algum tipo de apoio a fundo perdido, todas as iniciativas apresentadas devem ser equacionadas e adaptadas à realidade do nosso país.
No entanto, com um impacto tão grande como o que se prevê e recursos limitados, as próprias empresas terão de fazer um esforço para se reerguer depois da pandemia.
Como mantém os colaboradores motivados à distância?
A Angelini, à semelhança de várias empresas que estão em teletrabalho, está a replicar o dia-a-dia no escritório para quem está nas áreas de apoio, mantendo os projetos a funcionar, garantindo a regularidade de encontros e reuniões com os parceiros e respetivas equipas. Uma proximidade virtual é aquilo que temos promovido e incentivado.
Neste último mês estamos a aprender a conectarmo-nos de uma forma diferente. E, neste período de incerteza, é crucial assegurar que estamos próximos, compreender que todos estamos a passar por um período difícil e garantir que todos os colaboradores são envolvidos.
Este é um momento crucial para por em prática a comunicação e garantir que os hábitos e rotinas se mantêm. Temos de garantir que estamos prontos para ouvir os nossos colaboradores a partir do primeiro momento e que todos têm as mesmas condições.
Como diretora de RH, como está a encarar esta situação na sua empresa? Os colaboradores estão preocupados com o futuro?
A realidade que estamos a viver com a pandemia da COVID-19 veio remeter-nos para algo que não estávamos preparados como pessoas. É um modelo de trabalho que exige uma grande autodisciplina e capacidade de foco e, como em diferentes etapas da nossa vida, tentámos desde o início adaptar-nos o melhor possível.
Em termos de tecnologia estávamos preparados e conseguimos que 120 colaboradores começassem a trabalhar a partir de casa sem qualquer problema. Além disso, temos a possibilidade de manter o contacto através de um conjunto de ferramentas que permitiram vitalizar reuniões internas e externas, webinars e formações. Este foi um ponto-chave para continuar o trabalho e a união durante esta crise e, como empresa, estamos todos a fazer o que está ao nosso alcance para atingir todos os objetivos.
Estamos focados nas experiências positivas que podemos retirar daqui e de que forma conseguimos evoluir.
Claro que estamos todos preocupados, por nós e pelas nossas famílias, amigos e colegas, mas não nos podemos esquecer que a Angelini é uma empresa que já enfrentou muitos desafios ao longo dos seus 100 anos de vida, nomeadamente a 2ª. Guerra Mundial. E, ao longo de quatro gerações, sempre se manteve como uma empresa familiar com uma preocupação constante em fazer crescer o negócio e sempre muito centrada nos seus colaboradores.
Mais uma vez, estamos unidos como uma família para enfrentar uma grande adversidade. A sede da empresa, em Itália, provou isso mesmo ao encarar esta crise de uma forma bastante intensa e sempre próxima das suas pessoas. Não podemos prever o futuro, nem nós nem ninguém, mas uma coisa é certa: a Angelini pensa no futuro desde 1919 e é assim que continuará.