POR:
Ricardo Pires – Diretor Comercial, Talenter™
Para lidar com tão inesperada situação não há fórmula secreta, nem tão pouco uma determinada forma de agir é comprovadamente mais eficaz do que outra, mas há algumas coisas que importa não perder, começando pela ousadia, pela criatividade e pelo sorriso.
Se em relação aos resultados, principalmente nos meses de Março e Abril haverá muito pouco a fazer, tal foi a forma repentina e avassaladora com que o vírus nos paralisou a todos, torna-se evidente que o foco tem de estar (já) no pós confinamento e na retoma da atividade económica.
Todas as crises, sem exceção, resultam em novas oportunidades.
A tarefa de qualquer equipa comercial neste momento deve ser a de estar perto dos seus clientes, disponibilizando-se para auxiliar, mas sobretudo dando ideias e tentando acrescentar valor.
Quantos clientes conhecemos nestes meses que perderam percentagens avultadas de faturação, apenas por fazerem o seu negócio há muito tempo, da mesma maneira?
Por exemplo, no fim desta crise, quantas pessoas vão passar a fazer as suas compras on-line em detrimento de se deslocarem ao shopping? Quantas empresas de transporte vão crescer ou ser criadas, e quantos novos postos de trabalho vão nascer para fazer face a esta procura?
E os sistemas de saúde? Temos todos a certeza que voltaremos a visitar hospitais ou centros de saúde por situações consideradas de menor gravidade? Não terá o atendimento presencial de doentes de ser restringido a situações consideradas inadiáveis ou de gravidade alta/muito alta? Ajustar a tecnologia a esta nova realidade deve ser o desafio do futuro imediato.
A criatividade desempenha nesta altura o papel principal na reviravolta desta situação, até porque só inovando é possível ter um horizonte temporal de retoma relativamente curto.
Ao setor empresarial privado e ao Estado pede-se atenção e prontidão, porquanto já existem decisões a serem tomadas no centro da europa, que inevitavelmente nos poderão afetar, e pela positiva.
Hoje começa-se a colocar em causa a extrema dependência dos países mais desenvolvidos em relação à China e ao seu processo Industrial. Mais cedo do que mais tarde, a deslocalização de algumas dessas unidades fabris deve acontecer e, nesse campo, Portugal pode ter um papel importante no acolhimento de algumas.
Ter uma equipa alinhada com a realidade da empresa e da situação económica atual é estar mais próximo da saída desta crise. E ela será tão inevitável e/ou duradoura quanto menor for a nossa capacidade de adaptação às novas realidades e oportunidades, seja como líderes, colaboradores, empresas ou mesmo como Nação.
Infelizmente, o papel das lideranças nesta crise não pode ficar apenas pela motivação e pelo positivismo. É fundamental manter um espírito positivo nas equipas comerciais, mas a realidade e as dificuldades devem ser relatadas com honestidade, humildade e feedback constante.
Para que as pessoas saibam o calçado que têm de usar, devem saber todos os dias quantas pedras tem o caminho que vão percorrer.
Ousemos percorrer esse caminho juntos, lado a lado, com sentido de compromisso e de missão, sem que nunca nos falte o sorriso, pois se o distanciamento social nos vai obrigar a repensar a forma como nos cumprimentamos e interagimos… sorrir vai ser sempre possível!