Entrevista a José Luis Barbajosa, CEO da Norauto Portugal, por Flávia Brito
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m Portugal desde 1996, a Norauto emprega atualmente 600 colaboradores distribuídos por 28 centros auto um pouco por todo o país. Inserida num mercado em forte evolução, a marca está a apostar na transformação cultural e digital como motor de arranque para se manter na vanguarda do setor.
José Luis Barbajosa, CEO da Norauto Portugal, fala-nos da ambição de abrir dois novos centros auto por ano, da aposta firme que tem sido feita na aquisição de tecnologia e na constante formação dos profissionais. Estes são os pilares de uma estratégica tão focada no cliente quanto no colaborador.
FB A Norauto conta atualmente com 28 centros auto em Portugal, onde emprega mais de seiscentos profissionais. Desde 1996, altura em que a marca entrou em território nacional, como se tem registado este crescimento?
JLB Em 1996, a Norauto introduziu no mercado Nacional um novo conceito para o ramo automóvel, um centro auto em Vila Nova de Gaia, onde o cliente poderia usufruir de uma loja que comercializava produtos auto e de uma oficina que disponibilizava serviços de montagem e reparação, tudo num só espaço. No início não foi fácil, pois os consumidores não conheciam a marca e este novo conceito. Como tal, foi necessário construir a notoriedade e a confiança, sustentada em pontos fortes que distinguiam a marca Norauto de qualquer outro conceito: a localização dos centros junto às áreas comerciais de grande afluência e o horário alargado de sete dias por semana. Este posicionamento dos centros permitiu ter uma maior visibilidade e reconhecimento por parte do cliente, comprovando o seu sucesso através da expansão por todo o país, tendo a marca atualmente 28 centros auto.
Pioneira e inovadora no seu setor, a Norauto tem-se distinguido também pelo lançamento de novos serviços e modelos de negócio, nomeadamente, a venda online de produtos e serviços através do site www.norauto.pt; o desenvolvimento do B2B através de um contacto direito com os profissionais; a oficina móvel, em que é a oficina que se desloca ao cliente, com duas unidades (no Porto e em Lisboa); a Norauto Shop, com um conceito apenas de loja com produtos inovadores, localizada no centro comercial Alegro Sintra; o serviço Norauto Drive, onde a viatura do cliente é levada por condutores profissionais a realizar a inspeção periódica da viatura; o serviço Norauto Renting, que oferece planos de renting muito competitivos; e parcerias de referência com marcas como a Carglass e a Repsol.
A empresa pretende continuar a expandir-se em Portugal?
A Norauto tem como ambição continuar o seu plano de expansão no território nacional através da abertura de dois centros auto por ano. Paralelamente, pretende adaptar o seu plano de expansão às novas tendências de mobilidade: carros elétricos, automóveis autónomos e aplicações de mobilidade são cada vez mais uma realidade no mercado automóvel. E, como tal, a Norauto pretende acompanhar estas novas soluções através da aquisição de equipamentos inovadores e através de profissionais que estão em constante formação para acompanhar as evoluções do mercado, com uma ambição muito clara: ser uma plataforma de soluções para os automobilistas no mercado português.
A Norauto recebeu, no ano passado, o prémio “Longevidade”, nos Prémios Expresso Economia Caixa Geral de Depósitos. A distinção reconhecia as empresas que aumentaram consecutivamente o seu volume de negócios nos últimos dez anos. Na sua opinião, a que se deve esta longevidade da marca?
Esta distinção veio reconhecer o trabalho, esforço e dedicação de uma equipa de mais de seiscentos colaboradores que vestem a camisola da Norauto para oferecer uma experiência diferenciadora, que diariamente colocam o cliente no centro de todas as suas decisões e procuram novos produtos, novos serviços, novas soluções de mobilidade, aliados a uma responsabilidade social e ambiental muito forte. Este prémio “Longevidade” reforça o sentido do nosso percurso: estamos no caminho certo!
É diretor da Norauto Portugal desde outubro de 2018. Quais têm sido os principais desafios na empresa?
Vivemos uma era de profunda transformação digital e cultural, onde surgem todos os dias novas startups, que desafiam empresas estabelecidas no mercado há mais de vinte anos, pela sua capacidade de criar e testar de forma rápida. As novas gerações millennials lançam novos desafios às organizações para se adaptarem ao novo mercado de trabalho, à cultura do país, hábitos e costumes, que estão a sofrer transformações significativas. A Norauto precisa estar na linha da frente. Perante os enormes desafios, a minha missão como líder nacional será transformar toda a organização interna da Norauto Portugal para acompanhar os novos desafios e para que continuemos a estar 15 minutos à frente, como tem sido até à data.
Antes de assumir este cargo, foi diretor de vendas na Norauto Espanha, onde desempenhou várias funções ao longo de 12 anos. Comparativamente, quais são as especificidades do mercado português?
A Norauto é um exemplo de oportunidades para os profissionais. O meu percurso na Norauto Espanha iniciou como responsável de logística ibérico. Durante 6 anos evoluímos nesta área para hoje falar em supply chain, orientada para o cliente e que tem como objetivo principal facilitar a vida do colaborador e ser mais rápido e eficaz para o cliente. Depois deste desafio desempenhei várias missões na área de operações, desde diretor de centro até diretor de vendas nacional da Norauto Espanha. A verdade é que o nosso modelo de negócio de retail e de serviço é muito viciante e empolgante.
No que toca à economia existem óbvias e profundas singularidades. No que toca à população espanhola, é quatro vezes superior à portuguesa, fator que se multiplica quase por três quando falamos nas vendas. Já a cultura portuguesa e a cultura espanhola são bastante semelhantes, mais que não seja, pela proximidade dos dois países. No entanto, existem algumas diferenças no modo de vida e nos hábitos culturais de cada país.
A transformação cultural e digital é um dos vossos focos estratégicos. Na prática, em que é que isto se traduz?
A transformação cultural e digital é o principal eixo estratégico na vertente RH e tem como objetivo responder à estratégia client e employee centric.
Pretendemos desenvolver uma cultura colaborativa, através da promoção da responsabilidade e autonomia das equipas e paralelamente uma cultura orientada para o cliente, que potenciem uma verdadeira experiência nos diversos pontos de contacto, desde presencial ao digital, com soluções que respondam de forma eficaz às suas necessidades.
Para atingir estes objetivos, em outubro de 2019, decidimos criar uma equipa de experiência cliente integrada nas operações, com uma visão omnicanal e com missões 100% transversais em toda a organização.
Além disso continuamos a apostar no desenvolvimento das competências das nossas equipas, seja a nível das soft skills, mas também ao nível das hard skills, uma aposta num conhecimento cada vez mais especializado e orientado para as novas tendências tecnológicas. Acima de tudo pretendemos ser reconhecidos como uma plataforma de soluções, que integra desde os produtos e serviços mais básicos aos mais complexos e inovadores.
Em que se centra a vossa estratégia employee centric?
A nossa estratégia assenta numa cultura colaborativa em todos os níveis da organização, na proximidade e transparência com as nossas equipas e sempre numa ótica de crescimento profissional, através da aposta no desenvolvimento de competências. Este desenvolvimento de competências vai potenciar um maior nível de responsabilidade e autonomia e logo uma maior eficácia nas relações e na satisfação do cliente. Paralelamente temos um forte investimento no bem-estar do colaborador e na atribuição de benefícios e vantagens que se distinguem no mercado.
Neste momento de forte transformação do setor automóvel, que competências são cruciais para o negócio?
Todos sabemos que o setor automóvel está a sofrer uma enorme transformação, quer do ponto de vista tecnológico, quer do ponto de vista da utilização. Por esse motivo são requeridas soluções inovadoras e tecnologicamente avançadas para podermos responder e mesmo antecipar as necessidades dos nossos clientes. As hard skills são muito valorizadas, como por exemplo, as competências técnicas ao nível dos elétricos e híbridos. Há que apostar em soluções e serviços inovadores, como é o caso da mobilidade, um segmento no qual pretendemos ser reconhecidos como primeira escolha. Apostamos igualmente nas soft skills, em especial nas equipas de líderes, pois estes são os grandes motores do processo de transformação cultural da empresa e os pilares na estratégia client e employee e centric.
De que forma é que a Norauto apoia os colaboradores na aquisição de novas competências?
Temos diferentes programas de desenvolvimento para potenciar o aceleramento das competências das nossas equipas. Temos percursos de formação cada vez mais especializados, seja internamente – como é o caso do onboarding, que é obrigatório para 100% das equipas e ao qual se seguem formações mais especializadas, desde produto ao serviço –, seja externamente, através de parceiros reconhecidos no mercado.
Implementámos um Learning Management System, que vai potenciar o acesso a conteúdos de formação mais dinâmicos, atuais e, sobretudo, mais orientados para as novas gerações.
Desenvolvemos uma academia interna, que visa transformar rapidamente potenciais evolutivos em futuros líderes.
Paralelamente, como foi referido anteriormente, com a nova organização da equipa de experiência cliente, criámos a missão de coaches regionais, que irão efetuar o acompanhamento e desenvolvimento das equipas, dos potenciais evolutivos e dos líderes de cada centro.
Estamos confiantes que a Norauto está na linha da frente da transformação digital e vamos continuar a inovar para ser a primeira opção, tanto para o cliente como para o colaborador.