Ao longo dos últimos tempos, foram várias as mudanças a que assistimos nas empresas e a nível de formas de trabalhar. E que implicações teve tudo isto no desempenho? Por que valores e princípios se regeram as empresas e líderes durante o confinamento? Quais foram as descobertas transformadoras que alteraram, provavelmente para sempre, o mercado de trabalho?
Estas foram algumas das questões exploradas no estudo «Survey Covid-19: Report Global», levado a cabo pelo High Play Institute, e realizado entre outubro e novembro de 2020. As conclusões revelam alguns indicadores que poderão ajudar empresas e líderes a ultrapassar esta vaga.
Este estudo contou com 200 inquiridos de médias e grandes empresas, sendo que cerca de 58% dos entrevistados desempenham funções de liderança nas suas organizações (17% liderança de topo; 49% liderança intermédia; 32% supervisão de equipa). Cerca de 64% dos inquiridos são de uma faixa etária entre os 30 e os 50 anos de idade, enquanto 25% têm menos de 30 anos. Deste universo, 56% pertence ao sexo feminino e 44% ao sexo masculino.
Conclusões: 8 Principais Insights
1 – Líderes foram rápidos na resposta à pandemia e mantiveram-se próximos das pessoas, mas cerca de 45% dos casos não conseguiu elaborar um plano de ação a médio/longo prazo para comunicar às pessoas.
Os resultados do estudo do High Play Institute mostram que os líderes foram rápidos a responder aos desafios da pandemia e mantiveram-se próximos das suas pessoas, com uma comunicação próxima e frequente (89%). No entanto, a dificuldade surgiu na elaboração dos planos para o futuro: cerca de 45% dos casos não conseguiu elaborar um plano de ação a médio e longo prazo. A criação de planos de ação com efeitos imediatos e de curto prazo foi eficaz (para cerca de 88% das empresas), mas numa perspetiva a médio e longo prazos surgiram desafios.
2 – A maior preocupação das empresas centra-se na diminuição da faturação para manter colaboradores e fluxos de negócio.
Os desafios mais preocupantes revelados por cerca de 73% das pessoas estão relacionados com a diminuição da faturação para manter colaboradores e operações dos negócios. Já 63% dos inquiridos refere que o facto de os clientes estarem também a ser afetados negativamente pela pandemia – o que leva a encomendas menores – é também uma preocupação. No que respeita à obrigatoriedade de trabalhar a partir de casa, cerca de 42% dos entrevistados refere-se a isso como um problema e desafio. Comparando os resultados, a maior preocupação passa pela diminuição dos fluxos de caixa das empresas, e a preocupação menos relevante está relacionada com o teletrabalho obrigatório.
3 – No final de 2020, as pessoas já antecipavam um primeiro semestre igual ou pior.
Em outubro e novembro de 2020, profissionais e empresas já antecipavam que a retoma só iria acontecer com a chegada do verão em 2021. Cerca de 70% das pessoas já esperava que o primeiro semestre de 2021 fosse igual ou pior ao que se verificou no passado. Já 25% dos inquiridos acreditava que, entre finais de março e junho de 2021, o pior já teria passado.
Quando questionados sobre o tempo que a empresa irá demorar até retomar a atividade normal, 70% respondeu mais de 180 dias; 25% respondeu entre 91 e 180 dias; e 5% selecionou outras opções.
4 – Embora as empresas demonstrem preocupação com o bem-estar dos colaboradores, não existe uma comunicação clara quanto às atividades planeadas para gerir esse bem-estar.
Cerca de 98,7% dos inquiridos sente que as empresas estão efetivamente preocupadas com o bem-estar dos colaboradores – destes, 54% mostram-se extremamente preocupados e atuam diariamente com base nessa preocupação. No entanto, cerca de 52% não identifica um planeamento claro de atividades que promovam o bem-estar, tanto agora como num futuro pós-Covid. A este fenómeno pode estar ligado o facto de não existirem planos de médio e longo prazo nas empresas.
5 – Cerca de 70% das pessoas continuam a gerir rotinas de trabalho à distância ou num modelo híbrido.
Em outubro/novembro de 2020, apenas 30% das pessoas diziam estar num modelo de trabalho presencial. A maioria dos inquiridos encontrava-se num modelo totalmente remoto ou misto. Cerca de 38% das pessoas permaneciam num modelo de trabalho híbrido, com algumas presenças nas instalações da organização, frequentemente com equipas em espelho. Já 32% encontrava-se exclusivamente em teletrabalho.
6 – Embora as lideranças tenham procurado manter a proximidade por forma a diminuir a distância, o afastamento entre colegas foi inevitável e difícil de ultrapassar.
Os resultados deste estudo mostram ainda que 88% dos inquiridos reconhece que os objetivos de trabalho e o que era esperado de cada um foi comunicado com clareza pela liderança das equipas. Cerca de 86% recebeu feedback da sua liderança direta durante a fase de confinamento e sentiu, inclusive, uma autonomia maior no trabalho. No entanto, foram muitas as pessoas que sentiram que a falta de proximidade entre colegas prejudicou o trabalho: 27% sentiu distanciamento e 53% sentiu apenas alguma proximidade.
7 – A pandemia e confinamento trouxeram consequências negativas relativamente à produtividade individual.
De acordo com este estudo, cerca de 43% das pessoas sente que a sua performance individual foi prejudicada pela pandemia e confinamento. Quando questionados sobre se a pandemia teria afetado negativamente a sua performance, 43% afirmou que sim; 37% optou por “um pouco”; e 20% adiantou que não.
Os fatores que mais contribuíram para esta perda de performance individual foram: stress (quase 47%); dificuldades na gestão do tempo (44%); e equilíbrio entre a vida profissional e familiar (40%).
Para que os níveis de performance individual se mantivessem positivos, os profissionais adotaram algumas práticas úteis: briefing matinal diário (25%); partilha de objetivos semanais (17%); reuniões de revisão da estratégia da equipa (15%); reuniões globais da empresa ou área de negócio (13%).
8 – A liderança de topo parece ter mantido uma postura calma e não reativa; no entanto, nem sempre envolve ou escuta as pessoas para traçar planos estratégicos para o futuro.
Segundo as conclusões do estudo, cerca de 21% dos inquiridos não se sente motivado nem com vontade de regressar à empresa. Apenas 25% refere, com elevado sentimento de certeza, que a sua liderança direta expressa otimismo e confiança relativamente ao futuro. Mais de 40% dos inquiridos revela que, nesta fase, a liderança de topo tem uma postura calma e não reativa. E também cerca de 40% dos profissionais refere que não existem momentos de reflexão e escuta das pessoas, com o objetivo de delinear um plano estratégico futuro.
No que respeita à adaptação das instalações e das regras/procedimentos, 53% refere que a empresa foi eficaz na implementação e está preparada para o futuro. Relativamente à capacidade de adaptação de serviços e produtos a oferecer aos clientes durante a pandemia, 30% concordam completamente e 64% concordam moderadamente. No que toca à capacidade de inovação da empresa em adaptar o seu modelo de negócio aos mercados face aos constrangimentos impostos pela pandemia, 18% concorda completamente e 62% moderadamente.
Em conclusão, o estudo mostra-nos resultados mais positivos relativamente à adaptação imediata e a curto prazo, e menos positivos no que respeita ao futuro.
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