E se existisse uma ferramenta que auscultasse o setor RH anualmente, com o intuito de promover melhores práticas de aquisição de talento? E se lhe dissermos que já existe? A RHmagazine apresenta-lhe, em primeira mão, os resultados da 1.ª edição do Arbarometer.
A
ideia de promover práticas de empregabilidade sustentáveis surgiu a Margarida Partidário, em 2012, durante o seu mestrado em Barcelona. Sete anos mais tarde, já em Lisboa, Margarida envereda por um doutoramento em Gestão (com especialização em Recursos Humanos) e, nesse âmbito, entrevista recrutadores de reconhecidas marcas – Siemens, OutSystems, Vodafone, Talkdesk, Fujitsu, entre outras –, com o intuito de perceber os desafios enfrentados na hora de escolher talentos. Segue-se um survey mais abrangente (na altura, com 27 respostas). Este trabalho reacende o seu antigo projeto, para o qual, não premeditadamente, até já tinha uma base metodológica: o survey de aquisição de talento da 1.ª edição do Arbarometer – um barómetro para potenciar os RH em Portugal – partiria justamente desse guião de perguntas elaborado no doutoramento.
Assistir as empresas no modo como estas valorizam, avaliam, selecionam e gerem o talento materializou a ideia originária de Margarida Partidário: “Dei uma tremenda volta na minha vida justamente para dar forma a este projeto, para o qual tenho vindo a reunir equipa, ferramentas, articular todo um desenvolvimento que nos proporcione trazer algo de diferente a uma proposta que, em boa parte, pode vir a acrescentar grande valor à área dos RH”, refere à RHmagazine.
Em 2020, o projeto é oficialmente posto em marcha com o apoio do “StartUP Voucher”, do IAPMEI e da Startup Portugal. Em outubro de 2021, a empresa é constituída e durante os primeiros três meses alcança mais de mil utilizadores qualificados registados na sua plataforma (sem custos associados), onde as empresas podem conhecer a composição do seu ecossistema de talento e realizar o recrutamento bilateral – as duas propostas de valor da Arboreall.
O Arbarometer 2021 teve como objetivos centrais caracterizar os profissionais de aquisição de talento, apurar as suas condições laborais, identificar as principais práticas e ferramentas utilizadas na aquisição de talento e identificar as potenciais tendências no setor.
Este questionário, partilhado via LinkedIn, obteve respostas de 221 participantes de empresas nacionais e multinacionais, como: EDP, Pingo Doce, Farfetch, Talkdesk, OLX Group, BNP Paribas, Manpower, Mercedes-Benz, Nestlé, entre outras.
As principais conclusões
Na análise das respostas obtidas, algumas tendências saltam à vista, como a aceleração da digitalização – pela predominância de empresas a recrutar perfis de TI –, o recrutamento remoto – com a maioria dos inquiridos a assumir o processo em fully remote – e a maior valorização das soft skills como competências fundamentais.
“Acreditamos que a partilha aberta deste barómetro tem força para promover tanto melhores práticas de aquisição de talento como crescimento sustentável das empresas, pelo que entregamos este valor aos potenciais beneficiários dos resultados apurados e desejamos que os mesmos sejam úteis à sua realidade corporativa”, afirma Margarida Partidário.
No horizonte para 2022, o grande desejo da equipa Arboreall passa por se converter numa Pending B Corp e captar investimento para alavancar a startup.
A RHmagazine apresenta-lhe os principais resultados:
- 14.5% das empresas dos participantes prevê uma dedicação financeira de mais de 5.000€ para as suas atividades de RH em 2022, um crescimento +9.5% face ao sugerido para 2021, que revela a prioridade que o setor tem vindo a conquistar, sobretudo face à pandemia;
- 62% dos inquiridos sugerem ter existido um alto grau de inclusão nos processos de recrutamento em que intervieram em 2021, uma tendência já amplamente proposta por vários estudos a nível mundial;
- 28.1% de taxa de rotatividade potencial dos profissionais de aquisição de talento para 2022. As três causas mais apontadas pelos recrutadores foram: falta de oportunidades de crescimento na empresa; pretensão de uma melhoria salarial e de condições de trabalho; falta de reconhecimento profissional;
- 46.2% dos recrutadores inquiridos tinham como salário, em 2021, entre 714€ a 1.428€ e 15.8% recebiam o valor máximo de 714€ (face aos 665 euros do então salário mínimo);
- Predominância de empresas a recrutar perfis de TI (68.5%), o que é em si mesmo sugestivo do impacto da transformação digital e nível de digitalização do próprio mercado português;
- 71.9% dos recrutadores inquiridos dão elevada relevância à avaliação das soft skills dos candidatos e apenas 43.9% atribuem elevada relevância à avaliação das hard skills. Com a pandemia, competências como a resiliência, capacidade de adaptação à mudança ou gestão emocional assumem-se prioritárias.
Artigo publicado na edição n.º 138 da RHmagazine, referente aos meses de janeiro/fevereiro de 2022.
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