É impossível estar totalmente desligado nos dias de hoje. A informação chega-nos de todos os lados, de forma já personalizada, sendo que a nossa preferência, enquanto humanos, incide sobre aquilo que nos impacta, emocionalmente, pela negativa. Essa constante conectividade e escolhas, acabam por originar um mau hábito, conhecido como Doomscrolling – um consumo e procura constante de mais e mais más notícias.
O Doomscrolling tem revelado, cada vez mais, um impacto significativo nos trabalhadores, afetando a sua produtividade e, sobretudo, saúde mental: deixa-os emocionalmente exaustos e até assoberbados, estados esses que acabam por se refletir na quantidade – e sobretudo qualidade – do trabalho.
“A saúde mental assume, aos dias de hoje, uma importância mais significativa que nunca e é inegável ver a sua relação com a dimensão e qualidade da nossa produtividade”, realça Vanda Brito, Diretora de Recursos Humanos da consultora Kelly, acrescentando que “o bem-estar de cada trabalhador deve começar fora do trabalho, sendo as condições de trabalho um complemento a esse bem-estar”.
Pela saúde dos colaboradores, e consequentemente das empresas que representam, a consultora de recursos humanos Kelly enumera as principais medidas que cada um pode adotar para escapar à “síndrome” do scrolling infinito:
- Encontre espaço em situações fora do seu controlo – Aceite que nem tudo está ao seu alcance. É absolutamente normal sentir emoções como tristeza, raiva ou impotência perante as notícias que o chocam. Contudo, importa gerir essas emoções da forma mais eficaz possível. Um bom primeiro passo passa por se questionar a si mesmo “O que posso fazer para mudar esta situação?”. Muitas vezes, a resposta a essa pergunta é “nada”. Por isso, a solução passa por evitar esse envolvimento intenso com aquilo que lê, aceitar essa realidade e libertar-se de qualquer tipo de culpa que possa sentir.
- Reprogramar o cérebro – As redes sociais estão desenhadas para se tornarem viciantes. Com isso, acabamos também por nos viciar no consumo de notícias, especialmente as más. Para combater esses impulsos, é preciso estar consciente desse vício e combatê-lo, por exemplo, ao escolher gastar esse mesmo tempo em atividades mais produtivas e, sobretudo, positivas. Seja o filme que guardámos para ver mais tarde, as arrumações que adiamos eternamente, o livro que nunca chegámos a ler. O que importa é que a atividade – em família, com amigos ou simplesmente sozinho – nos afaste dos feeds intermináveis.
- Definir limites on-line – Na sequência da recomendação anterior, a solução para combater o Doomscrolling não passa por se distanciar por completo da realidade digital, mas sim encontrar um equilíbrio entre a vida online e offline. Para se manter consciente dessa necessidade, utilize aplicativos de produtividade ou estabeleça horários nos quais se mantém distante do telemóvel (pode até colocá-lo numa gaveta durante uma hora, por exemplo), para que o cérebro consiga “respirar”. Pode não parecer, mas a constante conectividade continua a ser um fenómeno relativamente recente e não propriamente saudável.
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