O metaverso está a despertar uma grande curiosidade entre os consumidores. Para as empresas, as experiências imersivas representam um canal importante não só para as interações com os consumidores, mas também para melhorarem as experiências dos seus colaboradores e das suas equipas. Será que, apesar de compreenderem o potencial do metaverso para a gestão das suas equipas e processos, as empresas estão verdadeiramente comprometidas em apostar neste novo paradigma?
De acordo com o novo estudo do Capgemini Research Institute, “Total Immersion: How Immersive Experiences and the Metaverse Benefit Customer Experience and Operations”, 77% dos consumidores esperam que as experiências imersivas impactem a forma como interagem com as outras pessoas, as marcas e os serviços. Ao mesmo tempo, sete em cada dez empresas acreditam que estas serão um fator diferenciador fundamental nos seus mercados, particularmente no que diz respeito à experiência do cliente.
Três quartos dos inquiridos pelo estudo no grupo dos consumidores que já experimentaram o metaverso, revelaram que o estão a usar atualmente e que continuarão a fazê-lo, o que indica que há oportunidades para as empresas que souberem tirar partido do potencial das tão famosas experiências imersivas.
“Começamos a ver por parte das empresas uma abordagem mais cuidada e variada às experiências imersivas, e mais concretamente em relação ao metaverso,” refere Charlton Monsanto, Global Immersive Experiences Offer Leader da Capgemini. “Este estudo, vem corroborar a ideia de que, apesar do interesse dos consumidores e dos investimentos iniciais já levados a cabo pelos principais atores do mercado, é necessário tempo para estudar os verdadeiros desafios envolvidos e que as empresas têm de resolver a nível da ergonomia, da acessibilidade, da segurança e da privacidade. Apesar disto, o metaverso tem um potencial revolucionário, e o nível de curiosidade dos consumidores é elevado com tendência a aumentar. As experiências imersivas (incluindo o metaverso) para casos de uso interno poderão vir a ser ainda mais impactantes para as empresas, pelo menos no curto prazo”.
Forte potencial nas experiências destinadas aos trabalhadores
O estudo da Capgemini revela que algumas empresas já implementaram com sucesso iniciativas imersivas e no metaverso, especialmente para melhorarem os níveis de eficiência operacional, como por exemplo a visualização virtual das superfícies de venda dos bens de consumo e do retalho, permitindo às empresas conceberem e mobilarem as suas lojas sem que as suas equipas tenham de se deslocarem lá fisicamente; formação de profissionais de saúde (bem como noutros sectores), que permite que os cirurgiões planeiem, ensaiem e levem a cabo os procedimentos com auxílio de auscultadores e dos exames 3D dos pacientes; testes virtuais e prototipagem no setor automóvel, onde a realidade virtual é utilizada para o design e para as avaliações técnicas.
Ao reduzir o número de protótipos a construir, as empresas podem poupar milhões de euros, e assim reduzirem também significativamente os seus custos energéticos. Muitas empresas ainda não têm uma estratégia clara de implementação em larga escala.
Segundo o estudo, 66% das empresas têm agora um roteiro de 1 a 2 anos para a implementação de experiências imersivas e 15% desejam ter alguma presença no metaverso dentro de um ano, enquanto 45% acreditam que dentro de três anos a sua utilização estará generalizada. Ainda assim, muitas empresas estão atualmente a adotar uma abordagem mais cautelosa nesta área.
O estudo também conclui que, para além de existirem fatores externos que dificultam estas iniciativas (falta de maturidade das tecnologias e de infraestruturas de comunicação adequadas, etc.), há desafios internos significativos que as empresas que pretendem fazer a implementação destas tecnologias têm de resolver, nomeadamente a falta de planeamento estratégico.
Para quase 40% das empresas, as iniciativas imersivas ainda são consideradas projetos pontuais e não uma etapa de um processo de aperfeiçoamento contínuo a longo prazo. Quase dois terços (62%) das empresas admitiram que as suas administrações não estão verdadeiramente comprometidas com as iniciativas imersivas e mais de metade (56%) referiu que não têm um plano claro para a sua adoção.
Segurança, privacidade e inclusão são aspetos importantes para criar um sentimento de comunidade
A par da forte curiosidade sobre o metaverso existem as preocupações com a própria tecnologia. Com base na análise de mais de 180.000 conversas nas redes sociais, o estudo concluiu que os consumidores estão muito preocupados com o assédio sexual, a segurança pessoal e com as questões de privacidade.
Se considerarmos o metaverso como uma rede de mundos virtuais, a segurança e os aspetos éticos serão importantes para que se estabeleça o sentido de comunidade. Este aspeto é indispensável para que a sua adoção em massa possa acontecer.
Seja nos casos de utilização junto dos consumidores ou dos trabalhadores/locais de trabalho, as marcas terão de resolver estas preocupações antes de criarem e implementarem os seus espaços virtuais, e têm de encontrar uma forma de os regular, equilibrando simultaneamente privacidade e segurança.