A preocupação com a saúde e bem-estar físico, emocional e financeiro dos colaboradores é hoje um dos principais desafios para as organizações modernas.
Um funcionário que tenha acesso a boas condições de trabalho e que se sinta feliz e realizado, é mais produtivo, empenhado e fiel à organização. Mas, para as empresas, os ganhos não estão exclusivamente ligados ao desempenho – os programas de bem-estar contribuem também significativamente para reduzir os períodos de ausência e os custos associados à saúde e aos processos de despedimento e recrutamento.
A atual força de trabalho é mais exigente, dinâmica e tem prioridades distintas. Privilegia o conforto, o ambiente de trabalho e outros complementos que contribuam para o seu bem-estar e para o equilíbrio entre a sua vida profissional e pessoal. É por isso importante que as empresas desenvolvam programas de promoção de saúde e bem-estar que funcionem não só como um ponto de atração, mas também de retenção de talento.
Sabemos que o ritmo de trabalho atual está a aumentar o número de casos de má nutrição, stress, falta de sono e até de problemas cardíacos.
E mais: o 2019 Global Medical Trend Rates Report da Aon mostra também que os custos médicos do empregador devem aumentar cerca de 8% em 2019, valor que ultrapassa a média da inflação geral de aproximadamente 3%, no próximo ano.
Por outro lado, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças nos Estados Unidos estima que a perda de produtividade causada por funcionários com problemas de saúde atinja os 153 mil milhões de dólares anualmente.
É um sinal positivo e motivador saber que as empresas tendem a criar estratégias de bem-estar muito focadas na componente física. No entanto, este tema deve ser visto de forma mais abrangente.
Além do impacto na saúde geral, os problemas associados à saúde mental, em particular, têm-se tornado mais frequentes e mais dispendiosos, colocando uma enorme pressão tanto nos prestadores de cuidados primários, como nos próprios empregadores. Os problemas de saúde mental são já, aliás, uma das principais causas de incapacidade dos trabalhadores e o custo associado é cada vez mais dramático.
Dados apurados pela Aon indicam que, no Reino Unido, 30% do absentismo nas empresas resulta de problemas associados à saúde mental e que esta custa às empresas até 42 mil milhões de libras por ano. Já o relatório da OCDE Health at a Glance 2018 estima que os custos com a saúde mental ascendem a 600 biliões na Europa, representando 4% do PIB europeu e afetando diretamente mais de 80 milhões de pessoas. Para Portugal, o mesmo estudo indica um impacto anual de 7 biliões de euros associados ao tema da saúde mental.
É claro, portanto, que o bem-estar emocional deve tornar-se um foco para os empregadores porque investir no bem-estar emocional dos funcionários significa dar um impulso na produtividade, com impacto direto nas contas de qualquer empresa.
Embora o absentismo devido a questões relacionadas com a saúde mental seja um problema, o “presentismo” − quando os funcionários estão no seu local de trabalho, mas alienados e improdutivos – também o é. E, se compararmos a assiduidade dos trabalhadores de uma empresa que tenha uma estratégia para fomentar o “fitness emocional” com uma que não tenha, existe uma diferença de 30%, segundo relatórios recentes da Aon.
Identificar os colaboradores que precisam de apoio e depois fornecer acesso aos cuidados é de importância crítica para manter a saúde geral das equipas. Quando os impactos diretos e indiretos dos problemas de saúde mental são considerados, torna-se claro que o investimento no bem-estar mental e emocional do colaborador compensa.
Porém, funcionários que sofrem de problemas de saúde mental ainda enfrentam o desafio de não serem diagnosticados. Independentemente do progresso feito para as desestigmatizar, as conotações negativas ainda existem se alguém admitir que tem um problema mental − algumas não querem parecer frágeis e temem que isso possa custar-lhes o emprego ou prejudicar as relações com os colegas.
Infelizmente, muitas empresas não estão ainda preparadas para lidar com profissionais que enfrentam problemas relacionados com saúde mental e não têm ferramentas e conhecimentos para abordar problemas relacionados com ela. Mas a promoção do bem-estar corporativo e de uma cultura organizacional preocupada com a saúde, segurança e qualidade de vida dos colaboradores deve ser encarada como um investimento que gera diversos benefícios para o negócio.
Uma empresa que oferece uma estrutura de bem-estar à sua equipa consegue mais facilmente reter o talento, algo que não só reduz os cursos associados ao despedimento e recrutamento de pessoas, mas também aumenta as competências, o nível de especialização dos trabalhadores e acima de tudo a forma como encaram o seu dia a dia na organização.
POR:
Nuno Abreu – HR Director da Aon Portugal