A Medtronic Portugal é uma empresa que conta com cerca de 150 colaboradores, que, na sua maioria, têm como função apoiar os profissionais de saúde na utilização das tecnologias da marca.
Aquando do decreto de Estado de Emergência, grande parte destes colaboradores tiveram que manter o regime de trabalho habitual dado que é muitas vezes necessária a sua presença física nos hospitais e nas unidades de saúde.
Como nos conta Susana Pereira, diretora de recursos humanos da Medtronic Portugal, o mesmo se passou, e passa, com os serviços de logística da organização que continuaram a assegurar que os dispositivos chegavam aos doentes que precisavam deles. Já os colaboradores de escritório, cujas funções podem ser exercidas remotamente, mantêm-se a trabalhar a partir de casa.
Que impacto a pandemia teve no modo de funcionamento da vossa organização?
A atuação da Medtronic durante este período foi orientada por três prioridades, claramente definidas e conhecidas em toda a organização: a saúde e segurança dos colaboradores e famílias, o cumprimento da missão da Medtronic – que passa por garantir que todos os doentes que necessitem possam continuar a usufruir das nossas tecnologias que salvam vidas – e o contributo para a mitigação da disseminação do vírus na comunidade.
Com base nestas prioridades, foi implementado um plano de ação que incluiu diversas medidas como, por exemplo, a implementação de trabalho remoto para todos os colaboradores com funções em que tal fosse possível, a implementação de horários desfasados para os colaboradores da área de logística, a adaptação das instalações da empresa, a adaptação das rotinas de trabalho e a utilização de Equipamentos de Proteção Individual adicionais, entre outros. Como multinacional já tínhamos à nossa disposição muitas ferramentas para trabalho remoto que utilizávamos no nosso dia a dia e cuja utilização acelerámos nesta fase.
Alteram de alguma forma, a maneira como estavam habituados a atuar?
Todos nós, independentemente do sector em que atuamos, tivemos que repensar a forma como habitualmente levávamos a cabo as nossas tarefas. A Medtronic não foi exceção e conseguimos fazê-lo mantendo a elevada qualidade do nosso serviço, garantindo que todos os dias os doentes que precisavam da nossa tecnologia tinham acesso à mesma e continuámos a estar presentes nas cirurgias sempre que necessário. Aproveitámos, à semelhança do ocorrido internamente, para potenciar o uso de tecnologias de apoio remoto e das nossas tecnologias de monitorização à distância. Eram tecnologias que a Medtronic já disponibilizava mas que viram o seu uso potenciado nesta fase.
Estavam preparados para o regime de teletrabalho?
Sim, todos os colaboradores já possuíam computador portátil e telemóvel atribuídos pela empresa, o que permitiu a rápida transição para o regime de trabalho remoto.
Na sua opinião, o teletrabalho impactou a produtividade dos vossos profissionais?
As prioridades da Medtronic estiveram sempre claramente definidas e a produtividade per si não foi a principal preocupação da empresa nesta fase.
A saúde e segurança dos colaboradores e famílias, o cumprimento da missão da Medtronic e o contributo para a mitigação da disseminação do vírus na comunidade são as prioridades que estabelecemos e nas quais nos focamos.
Os colaboradores da Medtronic estão habituados a uma cultura de autonomia e responsabilização individual na gestão do seu trabalho, com objetivos bem definidos, pelo que todos sabemos quais são as nossas responsabilidades, que do nosso trabalho depende a vida de pessoas, e como tal mantivemos os níveis de produtividade necessários para dar resposta ao trabalho diário mas também aos desafios com que nos deparámos.
Como o engagement dentro da empresa é também muito alto, a conexão entre os colegas, ainda que digital e remota, foi mantida e em alguns casos até aumentada. Verificámos que num momento ímpar no sector da saúde, a dedicação dos nossos colaboradores à missão da Medtronic se manteve inalterada. Deixa-nos a todos muito orgulhosos.
A saúde mental dos profissionais foi muito discutida neste período de preocupação, incerteza e confinamento. Como é que na vossa empresa procura estar atenta a estas situações?
A Medtronic já disponibilizava serviços de apoio aos colaboradores e famílias, serviços gratuitos cujo acesso é confidencial e efetuado sem o conhecimento da entidade empregadora, nomeadamente o apoio psicológico. Mas não só. O que assistimos nesta fase de pandemia é que o apoio em questões legais ou financeiras, que também disponibilizamos, foi essencial, já que muitos dos familiares dos nossos colaboradores se viram impactados por esta situação e estas unidades familiares precisavam de ser apoiadas. Outro vetor muito importante para o apoio à saúde mental dos colaboradores foi a qualidade da nossa liderança.
Os managers das diferentes unidades foram incansáveis no apoio aos elementos das suas equipas, mantendo o espírito de união e pertença, entendendo as situações pessoais e constrangimentos familiares de cada um e adaptando os ritmos de trabalho a essas mesmas situações.
A Medtronic disponibilizou também uma série de tutoriais e informação relembrando boas práticas para trabalhar a partir de casa, conciliação da família e do trabalho, ferramentas disponíveis para apoio ao trabalho remoto, entre outras.
Da parte de Recursos Humanos tentámos manter todos os colaboradores informados com indicações claras do que eram os nossos objetivos e de como os iríamos alcançar, demonstrando uma fé inabalável na qualidade e no sentido de Missão das nossas pessoas.
Agora que já nos encontramos em fase de desconfinamento, tencionam regressar ao escritório,?
A Medtronic, seguindo as prioridades referidas anteriormente, prefere ter uma abordagem mais conservadora e manter os trabalhadores do escritório a trabalhar a partir de casa, enquanto a situação epidemiológica não for mais favorável. Sabemos que os nossos colaboradores querem regressar e muitos referem que têm muitas saudades dos colegas e do ambiente de trabalho, fato que nos alegra imenso, mas preferimos manter por agora esta abordagem. No entanto, já trabalhámos e finalizámos o nosso plano de regresso faseado aos escritórios, implementámos as medidas de proteção e indicações de acesso e utilização dos espaços, para quando tivermos uma situação epidemiológica mais favorável e luz verde para avançar.
Conseguiram manter todos os postos de trabalho que tinham antes da pandemia?
Sim, tendo inclusive sido criados novos postos de trabalho.
Qual acha que foi (e está a ser) o principal papel dos recursos humanos durante esta crise?
Os recursos humanos são indiscutivelmente um parceiro estratégico no delinear e implementar de soluções que, não só assegurem a continuidade e melhoria das operações da empresa, como principalmente, mantenham o engagement, o sentido de pertença e orgulho dos colaboradores. Estes fatores, que já são fundamentais normalmente, revestem-se de especial importância em situações de crise.
Numa situação como a que vivemos, que apresenta desafios sem precedentes a diversos níveis, o papel dos recursos humanos em áreas como mudança organizacional, aprendizagem, liderança, engagement, gestão da incerteza e insegurança, formação e adaptação a novos métodos de trabalho, é central.
Para além dos fatores anteriormente mencionados, e concretamente no decorrer desta pandemia, a direção de recursos humanos foi também responsável pela estratégia e coordenação da equipa de contingência e das atividades desenvolvidas no âmbito da Covid-19.