A sua base de operações é a Alemanha, mas os fins de semana e, pelo menos, uma semana por mês são passados em Portugal. Empenhado em atuar com “visão de helicóptero” no desenho de políticas de RH, acredita que, no imediato, os principais desafios para o setor são a sustentabilidade e maior eficiência de custos operacionais. Conheça Rui Moita, Diretor Europeu de Recursos Humanos da LG Electronics.
Rui Moita iniciou a sua carreira profissional em 1996 na Opel Portugal. Em 2001, abraçou um novo desafio, num setor e modelo de negócio completamente diferentes – a Samsung Portugal. Sete anos depois, mais uma mudança, e do setor das tecnologias de informação chega à aviação executiva, assumindo o cargo de Deputy Director of Human Resources na Netjets. Após uma breve passagem pela Parfois, em 2017 dá-se o primeiro contacto com a LG Electronics, empresa onde permanece até hoje, ainda que num contexto diferente daquele em que se iniciou: de Diretor de Recursos Humanos (DRH) da empresa em Portugal, Rui Moita passa a Diretor Europeu de Recursos Humanos, rumando até Eschborn, região de Frankfurt. Apesar da sua base de operações ser agora na Alemanha, o calendário de trabalho divide-se pela restante Europa, inclusive Portugal – onde costuma passar os fins de semana e, pelo menos, uma semana por mês.
Enquanto DRH da LG Electronics Portugal, Rui Moita analisava e atuava sobre as necessidades locais, no suporte ao negócio e no desenvolvimento e bem-estar dos colaboradores. Nesta fase, a empresa aumentou de dimensão e fizeram-se várias contratações.
“Houve um crescimento significativo, mas mais importante do que isso, houve consistência na estratégia e uma consolidação das fundações essenciais, quer ao nível de processos e sistemas, quer ao nível dos recursos humanos”, revela à RHmagazine Rui Moita. “Fiz certamente umas centenas de entrevistas e, apesar de alguns profissionais já terem saído da empresa, outros permanecem, deixando-me particularmente satisfeito”, acrescenta.
É justamente fruto da política e práticas da LG para o desenvolvimento dos seus talentos – proporcionando a inúmeros profissionais uma progressão nas suas carreiras, quer vertical quer horizontal – que Rui Moita acaba selecionado e nomeado para assumir o mesmo tipo de cargo que desempenhava em Portugal, mas a outra escala, a nível europeu. Agora, no papel de Diretor Europeu de Recursos Humanos da multinacional tecnológica, há a necessidade de uma visão mais abrangente e complexa, dadas as diferenças organizacionais, culturais e económicas sentidas de país para país.
“O foco está em apoiar os meus colegas de RH nos diferentes países, atendendo às suas especificidades, atuar com ‘visão de helicóptero’ no desenho de políticas e procedimentos regionais e suportar o meu ‘top management europeu’ (CEO e CFO)”, afirma.
Um continente, várias realidades
Ainda que estejamos a falar num só contexto, o europeu, não é de estranhar que a evolução do negócio se dê a diferentes ritmos e que as necessidades operacionais divirjam entre países, consoante as especificidades locais. Se, no geral, há diferenças nas necessidades de recrutamento resultantes dos movimentos de saída, do tempo médio de serviço verificado ou de determinadas carências, também é verdade que há períodos (motivados por uma estratégia específica e comum a todos os países) em que estas acabam por ser iguais. Rui Moita exemplifica:
“Houve, no decorrer do ano passado e quase transversalmente a todas as organizações na Europa, uma necessidade em auscultarmos o mercado em busca de profissionais com competências diferenciadoras, porquanto iniciámos uma estratégia de transformação digital em todas as áreas, mas em especial Marketing e Vendas”.
Alguns valores, designadamente o tempo médio de serviço e a taxa de turnover, também variam consoante as realidades. Como refere Rui Moita, Portugal, Espanha, Grécia e Itália, por exemplo, têm uma média de tempo de serviço de nove anos, que é superior à verificada nos outros países. Já a média europeia de turnover dos últimos quatro anos fica pelos 9.8% – “o que é francamente positivo, atendendo à dinâmica do mercado em que operamos”. “Como é óbvio, e mais uma vez determinado por condições conjunturais ou mesmo estruturais, de cultura no mercado de trabalho, há países com maior turnover”, diz.
A respeito dos principais desafios para o setor, Rui Moita aponta, no imediato, a sustentabilidade e maior eficiência dos custos operacionais; num futuro próximo, e para a sua empresa, “uma estratégia que vise a transformação digital e a sua inclusão plena nos modelos de negócio, trazendo com isso uma maior eficiência no retorno dos investimentos”. Como fatores de sucesso para os próximos tempos, merecem o seu destaque a capacidade em resolver os problemas e ter a flexibilidade de raciocínio e a agilidade de execução para os ultrapassar.
Artigo publicado na edição n.º 138 da RHmagazine, referente aos meses de janeiro/fevereiro de 2022.
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