Realizamos na passada quinta-feira (dia 7) mais um encontRHO online, desta feita, a incidir na temática da atração e retenção de profissionais de TI – um setor particularmente desafiante. Conheça as principais conclusões do debate promovido pelo IIRH, com o apoio da Multipessoal.
São 15h00 e tem início mais um webinar promovido pelo IIRH – Instituto de Informação em Recursos Humanos. Quase 170 pessoas preparam-se para assistir ao webinar “Como recrutar profissionais de TI?”, moderado por Cristina Martins de Barros, managing director do IIRH, e com um painel de oradores composto por Tiago Vintém, head of people & culture da The Virtual Forge, Jóni Sousa, global talent acquisition lead da Mercedes-Benz.io, e Mariana Branco de Oliveira, national manager information & technologies da Multipessoal. Quer atrair profissionais de TI e não sabe por onde começar? Já ultrapassou a fase de recrutamento, mas está com dificuldade em reter estes talentos? Fique a par das principais conclusões do debate e conheça as dicas dos nossos oradores.
Cada vez mais, a transformação digital dos negócios afigura-se imprescindível para a sobrevivência das empresas. Se antes já era importante, a pandemia veio estimulá-la ainda mais. E, com o estímulo da transformação digital, ganha também força a procura por profissionais de TI, um pouco por todo o mundo. Não é difícil de perceber que a acompanhar este “boom” de procura, aumenta igualmente a disputa por estes talentos, alimentando a competitividade entre empresas. Se nunca foi fácil atrair e reter profissionais de TI (pelo menos, os melhores), hoje, a dificuldade aumenta.
“Este é um tema muito importante – talvez seja um dos que mais se ouvem falar no setor RH –, porque realmente há uma dificuldade acrescida das empresas em recrutar perfis de tecnologia, que são muito escassos”, começa por dizer Cristina Martins de Barros, ao introduzir o tema à assistência.
Rotatividade e competitividade: Os desafios do mercado TI
A questão que se impõe é: Porquê tanta dificuldade em encontrar perfis TI? Mariana Branco de Oliveira, national manager information & technologies da Multipessoal – empresa especialista em RH com 28 anos de história –, faz as honras do debate e começa por explicar que o mercado TI está cada vez mais agitado e irreverente, cuja perspetiva atual é exatamente a mesma do passado e, à partida, será a mesma do futuro. Ou seja, é um mercado que está ao nível de qualquer outro no que diz respeito ao recrutamento, mas que, na sua generalidade, tem mais pessoas empregadas do que aquelas em procura ativa no mercado.
“A Multipessoal teve a coragem de trabalhar no mercado TI – um mercado particularmente desafiante, uma vez que procuramos talentos que, na sua maioria, não querem ser encontrados, porque já se encontram empregados”, diz Mariana Branco de Oliveira.
“Acompanhar este mercado é o grande desafio da área e é nossa responsabilidade fazer um processo de recrutamento consistente e adequado para atrair os melhores candidatos”, acrescenta.
Tanto Jóni Sousa como Tiago Vintém também revelam dificuldades acrescidas de recrutamento de profissionais de TI nas suas empresas.
Jóni Sousa, global talent acquisition lead da Mercedes-Benz.io – uma das empresas tecnológicas do grupo Mercedes-Benz dedicada sobretudo a software “off-car”, com quase 250 trabalhadores em Portugal e 200 na Alemanha –, assume um duplo desafio na empresa, quer na vertente atração, quer na vertente retenção, motivado sobretudo pela rotatividade e competitividade crescentes.
“Acho que se alguém, nesta área, disser que não tem dificuldades em recrutar, muito provavelmente, está a mentir. Cada vez mais, e muito relacionado com o impulsionamento do trabalho remoto, já não estamos só a competir com outras empresas portuguesas pelas mesmas pessoas, mas também com empresas de outros países, com outros salários e outro poder de compra”, refere Jóni Sousa.
Também Tiago Vintém, head of people & culture da The Virtual Forge – empresa especializada em software development, presente fisicamente em Portugal, Reino Unido, EUA e Canadá, com mais de 100 colaboradores espalhados por 14 países –, assume dificuldades de recrutamento.
“Antes, abríamos uma vaga nos EUA e tínhamos muitas candidaturas; neste momento, abrimos a mesma vaga e tivemos apenas dois ou três interessados”, confessa Tiago Vintém.
Etapas do processo de recrutamento de profissionais de TI
E que aspetos deve ter em conta uma empresa antes de lançar um processo de recrutamento nesta área? Mariana Branco de Oliveira fala em dois pontos centrais a considerar. Em primeiro lugar, a empresa deve ter em mente todas as necessidades a nível tecnológico que são absolutamente essenciais, bem como todas aquelas que consiga desenvolver internamente. “Este é um trabalho que fazemos junto das nossas empresas clientes, mas deve ser também um trabalho de quem recruta ou considera lançar essa posição”, diz.
Em segundo lugar, há que assegurar que o candidato apresenta o famoso fit cultural com a empresa. “Se antigamente havia muito a ideia de que, nesta área, as soft skills não eram muito importantes, cada vez mais as áreas técnicas têm solicitado uma série de outros requisitos tão importantes quanto alguns requisitos técnicos”, refere Mariana Branco de Oliveira, confessando ainda que os casos de menor sucesso vividos na Multipessoal não aconteceram por uma questão do candidato não responder a nível tecnológico, como as empresas perspetivaram, mas por uma questão de adaptabilidade.
“Temos de fazer, logo à partida, uma identificação do cenário ideal a nível de soft skills, para depois haver um onboarding e uma adaptação muito mais saudável, tanto para a empresa como para o candidato, acrescenta a national manager information & technologies da Multipessoal.
Tiago Vintém corrobora as palavras da oradora e assume que na The Virtual Forge “é tão importante o fit cultural como as competências tech”.
Também sobre a importância das soft skills, Jóni Sousa reflete sobre o facto de, hoje em dia, já não existir tanto a tarefa em isolamento – muito associada ao setor TI –, com estes profissionais a trabalharem cada vez mais em colaboração com outros profissionais da área.
Quanto às etapas do processo de recrutamento na Mercedes-Benz.io, o orador começa por referir que: a partir do momento que surge a necessidade de preencher uma vaga, é feita uma análise de capacidade pela equipa de recrutamento para perceber quem pode encarregar-se daquele processo; segue-se uma reunião de kickoff, na qual a pessoa responsável pelo recrutamento avalia, junto da pessoa que fez o pedido, as perspetivas quanto ao perfil pretendido, funções, etc.; com o briefing criado, realiza-se uma triagem inicial, baseada na análise de CV’s; selecionados os melhores, procede-se a uma chamada telefónica para avaliar motivações, expectativas salariais, e perceber se o candidato se enquadra na cultura da empresa; posteriormente, a avaliação técnica dos candidatos basear-se-á num challenge técnico, que pode ser feito a partir de casa, ou em duas entrevistas técnicas, de âmbitos diferentes; por fim, encontrada a pessoa certa, formaliza-se a proposta e passa-se à fase final de contratação.
LinkedIn: o melhor amigo do recrutamento?
Relativamente à rede social mais utilizada para procurar candidatos do setor em Portugal, a resposta é unânime: LinkedIn.
“O LinkedIn continua a ser o rei do nosso mercado, porém temos de mudar a forma como chegamos aos candidatos”, afirma Mariana Branco de Oliveira.
“Por uma questão de transparência e de gestão de expectativas, a mensagem que transmitimos ao candidato tem de ter aquilo que ele procura: em que é que consiste o projeto? Quais serão as funções? Em que é que o candidato vai fazer a diferença? Como se vai processar o recrutamento? Qual é a perspetiva salarial?”, esclarece.
Jóni Sousa e Tiago Vintém referem ainda o ZipRecruiter, GitHub e o Stack Overflow, como boas plataformas para recrutar profissionais de TI.
Profissional contratado, como retê-lo?
Os três oradores expõem algumas ações que, a seu ver, podem ser eficazes na hora de reter os profissionais de TI. Eis os principais exemplos:
- Proposta salarial apelativa;
- Work-life balance;
- Possibilidade de progressão de carreira;
- Benefícios (ex: seguro de saúde, seguro de vida, viatura, etc.);
- Bom plano de formação e certificações;
- Flexibilidade de horário e de modalidade de trabalho;
- Ambiente de trabalho informal, em que os colaboradores sintam que podem crescer e aprender com os colegas;
- Desafio técnico e tecnologias de ponta.
O painel de oradores fala ainda da tendência crescente de contratação destes profissionais a partir do estrangeiro. Brasil e países da União Europeia com salários mais compatíveis com o salário português, como é o caso da Lituânia ou Estónia, estão no topo dos países que mais fazem chegar a Portugal colaboradores do setor TI, para estas empresas.
Passam poucos minutos das 16h00 e chega ao fim mais um webinar promovido pelo IIRH. Está pronto para contratar profissionais de TI?