À falta de profissionais com competências digitais, junta-se a falta de investimento das empresas na experiência digital dos clientes, avança a EY.
Escasseiam, em Portugal, profissionais com as competências necessárias para dar resposta aos desafios colocados pela revolução digital. O problema é enfrentado por quem tem responsabilidades em empresas ou cargos relacionados com a área digital, avança a EY, de acordo com os resultados do Observatório EY: Portugal Digital. Para 74% dos administradores de empresas com atividades ou com projetos na área digital, que a auditora inquiriu e definiu como líderes de opinião em digital, o tema é “preocupante”.
Segundo o estudo que analisa os comportamentos dos consumidores portugueses e da economia digital em Portugal, 74% dos administradores inquiridos consideram que os gestores de topo não têm conhecimento suficiente sobre experiências digitais para que possam identificar as oportunidades existentes e definir estratégias de sucesso suportadas no digital.
E se, por um lado, os administradores das empresas têm uma perceção favorável acerca da estratégia do Governo para o digital, por outro, consideram que a economia nacional está atrasada relativamente a outros países desenvolvidos – visão que é partilhada pelos consumidores portugueses, que se revelam céticos quanto ao grau de modernidade da economia digital. Dos 500 consumidores que a EY inquiriu, 45% acreditam que Portugal está ligeiramente ou muito atrasado face a outros países desenvolvidos. Apenas 32% avaliam positivamente a experiência digital na relação com o Estado e serviços públicos, destacando-se pela positiva a relação online com a Administração Tributária, avaliada favoravelmente por 46% dos inquiridos.
De acordo com a EY, 79% dos líderes de opinião em digital preocupam-se com a falta de investimento das organizações na experiência digital dos clientes, atendendo à elevada adesão dos consumidores nacionais a soluções de mobilidade. A auditora revela que 86% dos consumidores inquiridos usam regularmente smartphones ou tablets e que 28% se assumem dependentes dos primeiros.
“É inequívoca a adesão maciça dos consumidores portugueses a soluções de mobilidade, que usam para descobrir e avaliar novos produtos e serviços, bem como para fazer compras online. Isto torna preocupante a perceção dos líderes de opinião em digital quanto à falta de conhecimento de muitos gestores de topo e à falta de investimento das empresas portuguesas no desenvolvimento da experiência digital dos seus clientes. Estão-se a perder oportunidades de mercado e isso deve criar um sentido de urgência no sentido de acompanhar a evolução dos consumidores para uma vida online”, refere Bruno Padinha, advisory leader da EY.