A Robert Walters sugere cinco formas de aplicar alguns dos “gatilhos psicológicos” da “Nudge Theory” para atualizar a ferramenta de marketing pessoal mais importante: o CV.
A procura de um novo emprego exige um CV atualizado. Depois de um período temporal a trabalhar na mesma empresa, o candidato deve atualizar o currículo com informação considerada relevante, nomeadamente as competências e conhecimentos adquiridos na última experiência profissional e eventuais promoções. O percurso profissional e os contactos estão atualizados, é importante verificar, então, se o design do documento é apelativo o suficiente para captar a atenção e interesse do recrutador.
De acordo com a Robert Walters, uma “forma interessante de atualizar o CV é repensá-lo através da chamada “Nudge Theory”, uma teoria comportamental que utiliza gatilhos psicológicos para influenciar as pessoas a seguirem um determinado comportamento, como marcar umas férias ou comer de forma mais saudável, ou, neste caso, fazer o responsável de recrutamento reparar num CV”. Um dos pioneiros nesta teoria, Richard Thaler, ganhou o Prémio Nobel da Economia em 2017.
As perceções que se podem retirar da “Nudge Theory” são muito utilizadas, segundo a consultora de recrutamento, na criação de políticas sociais, educação e marketing. “Por exemplo, temos tendência para responder ou reagir positivamente perante evidências de conhecimento (autoridade), gostamos de seguir a multidão (prova social) e temos medo de perder as coisas boas da vida (aversão à perda)”, nota a Robert Walters. Para a consultora de recrutamento, “assim se explica que as empresas façam questão de destacar nos seus sites corporativos os prémios e distinções que ganharam, testemunhos e casos de estudo de sucesso”.
1. Autoridade
Por ser natural a tendência de preferir pessoas que demonstrem provas de liderança, experiência e conhecimento real, a Robert Walters aconselha o candidato a destacar os prémios que recebeu, as responsabilidades que foi ganhando e áreas de conhecimento dominadas. “Pode-se provar tudo isto com métricas de ROI dos projetos realizados, ou estatísticas do nível de engagement para conteúdo escrito que se tenha produzido”, observa.
2. Prova social
“Estamos naturalmente programados para seguir a multidão e confiar na opinião geral”, sublinha a consultora de recrutamento. Se o candidato recebeu boas avaliações deve incluir algum testemunho ou citação de clientes ou chefes diretos para destacar os sucessos de carreira, defende. “Se for uma pessoa ativa nas redes sociais, ou um porta-voz de uma companhia, mostre evidências do nível de engagement e respostas positivas que tenha recebido”, acrescenta.
3. Facilidade cognitiva
“Fazer um CV parecer algo fácil de consumir – dá vontade de o ler até ao fim e de querer conhecer a pessoa – é um dos elementos psicológicos mais poderosos”, ressalva a Robert Walters. A consultora de recrutamento aconselha o candidato a elaborar um CV que apresente um “design limpo, simples e intuitivo, que reflita a estrutura clara e lógica do seu conteúdo”. “Adicione vários títulos intuitivos e seja breve: se necessário, corte alguns exemplos da sua experiência inicial para se poder focar nos êxitos mais recentes”, refere.
4. Antecipar potenciais objeções
“Sem as garantias que temos em interações presenciais, precisamos de encontrar muito mais provas de confiança quando lidamos com pessoas online, o que nos leva a procurar vários sinais da sua credibilidade”, constata a consultora de recrutamento, que alerta para a necessidade do candidato antecipar potenciais objeções. “Olhe para o seu CV com os olhos de um entrevistador imaginário que seja muito desconfiado. Que perguntas lhe faria sobre o seu CV? Existe alguma lacuna entre os seus períodos de trabalho? Mudou de emprego várias vezes ou de forma sucessiva? Há alguma evidência de ter mudado por se ter tornado redundante para a empresa?”, questiona. “Em vez de tentar disfarçar estas anomalias, reconheça-as. É melhor ser-se transparente e positivo. Mais vale explicar o que se passou brevemente, referindo as dificuldades da empresa anterior, mas sempre de forma positiva, destacando principalmente aquilo que se aprendeu com a experiência”, aconselha.
5. Afinidade
“As pessoas respondem mais positivamente a pessoas, marcas e organizações por quem sintam algum tipo de afeto ou afinidade”, observa a Robert Walters. Por isso, aconselha o candidato a escrever de forma “leve, clara e positiva, sem linguagem de negócios estéril ou desajeitada”. “Além disso, pode sempre aproveitar a carta de apresentação que acompanha o CV para injetar mais uma dose da sua personalidade, aproxime a linguagem da forma como falaria, evitando uma formalidade excessiva, mas mantendo sempre um tom profissional”, remata.