A 2.ª edição do “Estado da Nação: Educação, Emprego e Competências em Portugal” foi lançada no passada terça-feira (21), um relatório que para além de atualizar as tendências após dois anos de pandemia, foca-se em temas estruturais e centrais como os ganhos salariais dos vários níveis de educação e a relação entre educação e produtividade, apontando ainda para um novo paradigma para o mercado de trabalho assente em competências em vez de profissões, apresentando e caracterizando clusters de profissões. Uma das conclusões do Estado da Nação 2022 revela que, nos últimos 10 anos, os salários apenas aumentaram para os menos qualificados. Desta forma, Portugal arrisca-se a comprometer os incentivos das gerações vindouras a prosseguir os estudos.
Apesar dos dados mais desanimadores, continuar a estudar compensa. É certo que um nível superior de educação está associado a uma maior probabilidade de estar empregado e de integrar níveis mais elevados de rendimento. Comparativamente a indivíduos que possuem o ensino secundário, aqueles que detêm o ensino superior têm uma probabilidade 16% superior de estarem empregados e 50% superior de estarem entre os 40% da população com maior rendimento.
O efeito da educação na probabilidade de estar empregado é menos forte nas gerações mais novas em relação às mais velhas, sugerindo que a massificação da educação superior tornou um curso superior menos distintivo – uma realidade que vem reforçar a importância da aprendizagem ao longo da vida.
Aqueles que detêm o ensino superior têm uma probabilidade 16% superior de estarem empregados e 50% superior de estarem entre os 40% da população com maior rendimento, comparativamente aos indivíduos com o ensino secundário
Embora seja natural que o rendimento aumente com a experiência profissional ao longo da vida, os estudos que comparam o efeito da educação no mercado de trabalho para a mesma faixa etária, mas em diferentes períodos do tempo, confirmam que os ganhos salariais associados à educação têm diminuído. Enquanto para as gerações nascidas nos anos 50 um ano adicional de escolaridade aumentava o salário em 9,1%, para as gerações nascidas nos anos 90, esse valor caiu para quase metade e não ultrapassava os 4,8%.
Para além dos benefícios associados ao âmbito profissional e ao rendimento, a educação tem uma relação direta com outras áreas da vida, como a saúde mental. Indivíduos com o ensino superior reportam níveis de saúde mental 0,13 pontos acima dos restantes. Já os que têm o ensino secundário, reportam níveis de saúde mental 0,20 pontos acima daqueles que possuem somente o ensino básico.
Indivíduos com o ensino superior reportam níveis de saúde mental 0,13 pontos acima dos restantes
Na última década, os ganhos de rendimento associados a maiores qualificações diminuíram, não só em Portugal como em vários países europeus. Em 2020, os trabalhadores portugueses com o ensino secundário tinham um rendimento, em média, 24% superior aos trabalhadores com o ensino básico, valor que caiu oito pontos percentuais face a 2010 (32%). Por sua vez, a quebra na diferença entre rendimento do ensino superior face ao ensino secundário no mesmo período foi ainda superior, na ordem dos 18 pontos percentuais, de 62% em 2010 para 44% em 2020.
Apesar desta queda, o ensino superior continua a conferir um ganho médio de rendimento substancial: os trabalhadores portugueses com ensino superior têm, em média, um rendimento 44% superior ao dos trabalhadores com o ensino secundário.
Em 2020, o rendimento médio (em paridade de poder de compra) em Portugal era de 14.691€, o 8.º mais baixo da União Europeia.
Os trabalhadores portugueses com ensino superior têm, em média, um rendimento 44% superior ao dos trabalhadores com o ensino secundário.
Acresce que, em 2020, o rendimento médio dos trabalhadores portugueses com educação superior era menor do que o dos trabalhadores com o ensino secundário em 12 países (Itália, Irlanda, Finlândia, França, Malta, Bélgica, Holanda, Suécia, Dinamarca, Alemanha, Áustria, Luxemburgo) e do que os trabalhadores menos escolarizados em quatro países (Finlândia, Holanda, Dinamarca e Luxemburgo).
O aumento do salário médio entre 2011 e 2019 esteve limitado ao grupo de trabalhadores menos qualificados, o que se deve em grande medida ao aumento do salário mínimo. Registaram-se aumentos de 5% para os trabalhadores com ensino básico, mas quedas de 3% e 11% para os trabalhadores com o ensino secundário e superior, respetivamente.
Ainda assim, em 2019, níveis de escolaridade mais elevados do que o ensino secundário, continuavam a compensar. Uma licenciatura trazia, em média, um salário 50% superior face ao ensino secundário e quem completava um mestrado ganhava, em média, mais 6% face a uma licenciatura.
Em 2020, o rendimento médio dos trabalhadores portugueses com educação superior era menor do que o dos trabalhadores com o ensino secundário em 12 países e do que os trabalhadores menos escolarizados em quatro países
Leia o relatório na íntegra, aqui!
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