De acordo com a CEO da Adecco Portugal, Carla Rebelo, a incapacidade de adaptação rápida da força de trabalho durante a pandemia revelou que a formação on the job deve começar a ser mais abrangente e polivalente.
Sendo a habilidade para lidar com a incerteza a variável permanente na equação dos negócios, Carla Rebelo refere que os «perfis generalistas vão passar a ser quase tão importantes como os especialistas, num contexto onde a tendência é as equipas serem mais reduzidas, com a necessidade de mais flexibilidade na alocação de recursos».
A tendência crescente de maior flexibilização no trabalho, quer em termos de horários, quer em termos de alocação entre trabalho presencial e remoto, acentuou-se por imposição da pandemia. Este dado é confirmado por três quartos dos 8 mil profissionais inquiridos em oito países, no âmbito do estudo internacional do Grupo Adecco «Resetting Normal: a nova era do trabalho». Os profissionais admitem querer dar continuidade ao seu trabalho num modelo híbrido, com cerca de 50 – 50% de trabalho presencial e remoto, após a pandemia.
De acordo com Carla Rebelo, CEO da Adecco Portugal, empresa especializada em Recursos Humanos e outsourcing, esta flexibilidade, contudo, não é um exclusivo do modelo de trabalho, mas também uma característica emergente do perfil do profissional do futuro: «Com a chegada da pandemia, assistimos à incapacidade de adaptação rápida da nossa força de trabalho, o que nos revelou que a formação on the job de base deve começar a ser mais abrangente e polivalente. A tendência é que as equipas sejam cada vez mais pequenas e com isso há a necessidade de ter mais flexibilidade na alocação de recursos.»
Em contextos como o atual, «a sociedade não tem tempo útil para uma requalificação de emergência, se ela for necessária como esta pandemia demonstrou», acrescenta ainda a CEO da Adecco. Os exemplos são inúmeros, com a necessidade dos empregadores terem de alocar os seus recursos para reforço de equipas, onde elas demonstraram ser indispensáveis, de que é emblemático o setor alimentar: mover colaboradores de loja para as áreas de logística e armazém – uma necessidade que não é passado, mas sim o presente do confinamento.
Carla Rebelo não tem dúvidas de que, no futuro, esta tendência de maior flexibilidade no perfil profissional «será transversal a todos os setores, com as limitações da grande complexidade técnica, onde naturalmente é utópico pensar no conceito de generalista». E acrescenta: «A habilidade para lidar com a incerteza, que a partir de agora passa a ser variável permanente nas equações dos negócios, requer maior amplitude na visão de temas diferentes.»
A responsável está segura de que o ajuste de um novo perfil de trabalho mais generalista e flexível será natural e progressivo, embora acelerado, mas não tem dúvidas de que estará presente quer nos planos de formação, quer nos programas de integração e indução. «Creio que se trata de um dos resultados/lições aprendidas desta pandemia e que nem todos aceitarão como óbvia num primeiro momento. Mas será com certeza uma vantagem competitiva em termos de continuidade e velocidade de reação das empresas. E quem a tiver preparado sairá na linha mais à frente.»
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