Continuaram com o programa de estágios, criaram novos benefícios para os colaboradores, renovaram a sua identidade, avançaram com contratações… Parece que a FARFETCH tem vencido a luta com a pandemia e ainda prosperou. Mas 2020 não foi um de excelência para as empresas e, embora a FARFETCH tenha mantido a sua rota de crescimento, o impacto da pandemia não foi positivo.
A FARFETCH, plataforma online de moda de luxo, foi fundada por José Neves em 2008 e, em 2015, tornou-se no primeiro unicórnio (empresa com avaliação de preço de mercado superior a mil milhões de dólares) português. Esta organização verificou em 2020 uma aceleração significativa do movimento das vendas online, conquistando milhares de novos clientes. Fomos perceber, junto de Ana Sousa, VP People da FARFETCH, como foi realmente o ano de 2020 para a tecnológica e o que a pandemia trouxe a nível de preocupações, prejuízos e benefícios.
«Nós temos cerca de 500 pessoas na China que logo em janeiro tiveram de trabalhar a partir de casa; no Japão a mesma coisa, nos nossos escritórios em Tóquio. Antes de a pandemia chegar cá, já estávamos a lidar com ela na Ásia. Depois tivemos de lidar também com as preocupações dos consumidores – que, de resto, eram muito diferentes de país para país. Foi uma fase de muita incerteza, mas a equipa manteve-se resiliente.» Quem o diz é Ana Sousa, VP People da FARFETCH, que nos explica em primeira mão como foi sentida a pandemia nos quadros da empresa. Segundo esta profissional, manter a FARFETCH operacional e a crescer foi a melhor resposta que poderiam dar neste contexto disruptivo, tanto para a própria empresa como para os consumidores. E sendo que a flexibilidade já era uma realidade, e com a adaptação do onboarding para um regime remoto, sempre dando prioridade ao bem-estar e à segurança, a adaptação ao novo contexto foi rápida.
Novos benefícios para os colaboradores: teletrabalho e flexibilidade
O conjunto de benefícios na FARFETCH é constantemente atualizado, e, com o teletrabalho a tornar-se a norma no mercado, o pacote de regalias foi também adaptado.
Ana Sousa fala-nos sobre uma abordagem centrada naquilo que são as motivações das pessoas da empresa – por isso, a proposta de valor para os colaboradores, as iniciativas, os programas de inclusão consciente e a estratégia de desenvolvimento destacam-se não só em Portugal como lá fora.
A flexibilidade no trabalho é um aspeto não só pertinente, mas também determinante para promover «um maior equilíbrio com a vida pessoal».
É por esse motivo que, na FARFETCH, foram implementadas algumas alterações ao longo do ano de 2020; outras só entrarão em vigor assim que a empresa regressar à normalidade pré-pandemia, alargando assim o leque de possibilidades para os colaboradores. Uma das novas medidas adotadas pela tecnológica, de acordo com Ana Sousa, é o alargamento do trabalho remoto: todos os colaboradores, cujas funções permitam o teletrabalho, poderão fazê-lo durante cerca de 60% do tempo de trabalho, aquando do regresso aos escritórios.
Além das várias medidas que têm vindo a ser desenvolvidas a nível do bem-estar físico e psicológico, recentemente a empresa acionou uma medida extraordinária chamada Caring Plus. Através desta medida, a FARFETCH atribuiu mil dólares (USD) a cada um dos colaboradores de todo o mundo, por forma a «apoiar nas necessidades que pudessem ter e como resultado do bom desempenho da empresa». O objetivo desta medida foi principalmente «reconhecer o esforço dos colaboradores» e «agradecer a contribuição e empenho de cada um». O Caring Plus ganhou esta designação por ser uma medida extra, que se junta a outras iniciativas como os Caring Days (dois dias e meio extra de férias), o acesso gratuito à plataforma Unmind (app de wellbeing), consultas de psicologia, entre outras medidas.
As políticas de trabalho flexível chamam-se «Making Work, Work for You» e incorporam não só o trabalho remoto, mas também aspetos como a mobilidade internacional, as licenças sabáticas e os dias de descanso extra. Todas estas políticas, segundo Ana Sousa, tomam atualmente uma importância crucial, uma vez que «o confinamento trouxe uma fadiga adicional» que tem de se ter em conta agora e no futuro.
Bem-estar e saúde mental
«Há uma enorme necessidade de trabalharmos naquilo que é a polaridade produtividade e bem-estar.» Ana Sousa fala-nos sobre algumas das iniciativas que a FARFETCH implementou a pensar nos colaboradores, que passam por encorajar a prática de exercício físico, disponibilizar aulas de yoga, bem como uma equipa de enfermagem e apoio médico. Adicionalmente, a empresa deu o acesso global a uma app de wellbeing e saúde mental (Unmind) e disponibiliza um seguro de saúde que cobre consultas de psicologia e psiquiatria.
Com o surgimento da pandemia, a empresa procurou ajustar estas medidas e aumentar o leque das possibilidades. À medida que as necessidades dos colaboradores mudavam, também foram adaptadas as iniciativas. Assim, a FARFETCH passou a ter um programa online que inclui gratuitamente consultas de psicologia, aulas de yoga e meditação. «Ao longo destes meses fomos percebendo o que funcionava e o que não funcionava para as nossas pessoas e fomos adaptando», adianta a vice-presidente de recursos humanos. A empresa aproveitou também esta oportunidade para acelerar alguns projetos, como a criação de uma área dentro da People Team focada no Wellbeing – algo que «já estava nos planos há algum tempo».
Atração de talento: contratações e estágios
A verdade é que a FARFETCH manteve a sua rota de crescimento em 2020. Até ao final do terceiro trimestre, a empresa fez cerca de 400 contratações em Portugal – e mais de 70% ocorreram já no período de pandemia (de março a setembro).
Para Ana Sousa, a questão do talento é cada vez mais relevante, mas «numa perspetiva de atração contínua».
É exatamente por este motivo que para a empresa se tornam tão importantes as questões relacionadas com a flexibilidade e bem-estar: «Atrair talento e desenvolvê-lo, criando e promovendo um ambiente psicologicamente seguro, continua a ser determinante e é algo que deve ser feito de forma contínua por todas as empresas que procuram contratar num mercado global, como a FARFETCH», adianta a profissional.
Ana Sousa acredita que a FARFETCH já beneficia de um reconhecimento que tem também muito que ver com a cultura e valores da empresa, mas também com as decisões tomadas na organização – e o sucesso está intimamente ligado a essa cultura. A profissional relembra: «Nada disto acontece por acidente – é resultado de rigor, disciplina e, em última análise, do comportamento de cada uma das nossas pessoas».
A FARFETCH prosseguiu em 2020 com o seu programa de estágios: os programas Plug-In. Ana Sousa admite que estes programas são essenciais para a empresa e que, mesmo perante a incerteza, fez todo o sentido lançar mais uma edição em 2020, reforçando a aposta no talento. «Pelas próprias características do programa, não fazia sentido adiarmos», avança.
Diversidade: uma procura de talento global
Neste momento, a FARFETCH conta com mais de 5 mil colaboradores em 14 geografias, por todo o mundo. Só em Portugal, encontram-se mais de 40 nacionalidades – o que facilmente indica que a diversidade de talentos é «uma consequência natural» não só do posicionamento da empresa, de acordo com Ana Sousa, mas também das próprias características da organização.
Num mercado onde as fronteiras estão cada vez mais diluídas e esbatidas, existem empresas preparadas para acolher pessoas dos mais diversos cantos do mundo – empresas como a FARFETCH, que têm o inglês como língua comum e são cada vez mais procuradas por candidatos que procuram experiências fora do país de origem.
As consequências desta diversidade numa empresa traduzem-se numa «riqueza enorme do tecido cultural».
Nas palavras de Ana Sousa, a FARFETCH «sempre promoveu um ambiente de diversidade, diferentes experiências, percursos, perspetivas, que são sempre elementos enriquecedores no trabalho de equipa». Na base que sustenta a empresa, a profissional adianta haver «respeito» – um valor que «tem de estar na base de qualquer cultura que promove a diversidade». E conclui: «Essa é a magia da diversidade, todos diferentes em prol de uma missão comum.»
A nova identidade FARFETCH
Ana Sousa conta-nos como o lançamento da nova identidade da FARFETCH fez parte de uma nova campanha global, lançada em setembro do ano passado, chamada «Portas abertas para um mundo de moda». A VP People explica a escolha do momento para avançar com este projeto: «Com o setor numa fase crítica de transição online, e depois de um crescimento acentuado no segundo e terceiro trimestres, com 900 mil novos clientes na plataforma, era o momento certo para lançarmos a campanha.»
Esta campanha veio, segundo a profissional, celebrar a «natureza verdadeiramente global» do negócio e dos clientes. Ao mesmo tempo, foi revelada a nova identidade de marca com o «FARFETCH Fuse». O monograma personalizado faz a fusão entre o «F» maiúsculo e o «f» minúsculo e representa «a ligação do mundo da moda tradicional com as necessidades de uma empresa tecnológica, jovem e dinâmica», avança Ana Sousa. E acrescenta: «Temos recebido reações muito positivas dos consumidores e das marcas».
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