Pedro Ramos
Diretor de recursos humanos do Grupo TAP Air Portugal
Dei por mim, quase sem dar conta, a completar 50 anos de vida! Assim… muito rapidamente… acabo de atingir aquela idade que corresponde “a meio século de vida”, à entrada na “meia idade” como se a idade completa fosse lá para os 100 anos (!) ou simplesmente na chamada “idade madura” (parece que é assim que se diz…).
Ora, eu só fiz 50 anos! Porque passei a ter tantos rótulos de repente?
Pronto, assumo que sou agora um cinquentão, sempre habituado a publicamente autodenominar-me “membro da geração X” naquelas discussões intermináveis sobre as várias gerações nas empresas… Mas, agora que tenho a tal “meia idade”, onde vou ficar nesta guerra geracional entre “os novos” que trazem a tal energia positiva e não têm paciência para chefes, estruturas e organizações e “os velhos” que são workaholics, altamente orientados para os processos e que privilegiam a organização e a continuidade?
Confesso que me sinto assim numa espécie de “em cima do muro” a não saber para que lado possa saltar… quer dizer, se salto para o lado dos “novos”, todos vão pensar que “lá está aquele pré-idoso a fazer-se passar por um super cool pós-junior”, assim tipo um autêntico “penetra” numa festa de faculdade… Se salto para o lado dos “velhos”, um autêntico bando de “super-seniores” vão pensar “lá vem este tipo armado em super-herói a passar à frente de quem já cá anda há muitos anos e já viu muita coisa a acontecer e já não tem paciência para andar a ensinar “meninos” que depois lhe roubam o lugar”…
Que cena (diria eu… )! Ainda se, pelo menos, fosse confortável esta posição em cima do muro geracional nas empresas?!
A vista não é lá grande coisa… e esta sensação de se estar em “terra de ninguém” não é mesmo para quem gosta e precisa de construir, agregar e agir…
Mas cheguei aos tais 50… nem mais nem menos, são 50 anos… parece que ainda tenho bastante tempo pela frente na chamada “vida ativa” (pelo menos assim espero!) e esta catalogação de pessoas por gerações cada vez me diz muito menos…
Será que isto é a chamada “crise da meia idade”? Mas onde é que anda essa crise? Eu não estou em crise… apenas dei conta que sei fazer uma conta simples de diminuir: 2019 menos 1969 igual a 50! Os tais 50 anos de vida!!
No meio disto tudo, percebo agora porque nunca como agora se fala tanto de emprego sénior, e até de agências de recrutamento especializadas nos ditos seniores e na necessidade de se implementarem políticas e práticas internas de utilização destes (ditos) seniores nas nossas empresas.
Há uns anos chamaríamos a isto o nome (pomposo) de “discriminação positiva”… Mas porque deverei eu ser discriminado, ainda que positivamente?
Afinal, eu só tenho 50 anos… Ou será que já tenho 50 anos?
Como em tudo na vida será que é tudo uma questão de perceção ou perspetiva? O chamado “copo meio cheio ou meio vazio”?
Seja como for, continuo a acreditar que o nosso presente profissional é fruto de um saber acumulado, uma experiência edificada, uma vontade e um empreendimento construído com muito trabalho… Acredito em percursos profissionais únicos que são o resultado do esforço, da partilha ativa, dos múltiplos momentos formais e informais de aprendizagem, da procura constante de superação e de uma forte convicção que existe um propósito e que esse é alcançável.
Pois é… tenho 50 anos e agora?