Autora: Carla Carvalho Dias, International public speaker, consultant e trainer
S
e há tema que tem sido muito analisado e debatido na sequência desta pandemia é a cultura das organizações.
De uma forma simplista, podemos dizer que a pandemia obrigou as empresas a perceber se as suas culturas tinham ou não a flexibilidade suficiente para mudar de forma rápida e se adaptar às novas condições, porém se quisermos fazer uma análise mais minuciosa ao tema da cultura organizacional percebemos que a cultura que as empresas tinham instalada foi o que as tornou mais ou menos rápidas e mais ou menos adaptáveis aos tempos que surgiram.
Essa mesma cultura eficaz que muitas empresas construíram com dedicação e esforço ao longo dos anos foi – e está ainda a ser – ameaçada pelas circunstâncias: as reuniões semanais, o distanciamento físico, o almoço que deixamos de fazer juntos ou mesmo aqueles dois dedos de conversa que à passagem por um gabinete se mantinha.
Se tivesse de escolher o fator mais ameaçador com esta situação diria que o “coaching on job” ou, se quisermos, aquela possibilidade que a liderança tinha de corrigir trajetórias ou mesmo uma simples expressão – apenas conseguida quando se partilha um mesmo espaço –, deixou de existir e, com ela, a visualização dos exemplos torna-se assim muito mais escassa por parte dos colaboradores.
Inúmeros estudos demonstram que, mesmo em empresas com culturas estrategicamente alinhadas e fortes, esse facto não é suficiente no longo prazo, a menos que a empresa tenha a capacidade de desenvolver uma cultura adaptativa em tempo real. A adaptabilidade da cultura reflete a capacidade de a empresa inovar, experimentar e tirar partido de novas oportunidades. Torna-se assim fundamental que os líderes continuem a cultivar as culturas das suas empresas ajudando as suas pessoas a manter o foco nas iniciativas mais importantes mesmo em fase de desafios e mudanças permanentes.
A adaptabilidade da cultura reflete a capacidade de a empresa inovar, experimentar e tirar partido de novas oportunidades
Uma cultura adaptável torna-se assim um fator-chave de sucesso nos tempos que vivemos. Deixo duas sugestões para que a sua cultura se mantenha adaptável:
- Contratar e promover elementos resilientes, adaptáveis e que mantenham o ânimo mesmo debaixo de “fogo”;
- Partilhar exemplos de como a empresa está a aderir aos seus valores culturais através de novas práticas.
Possivelmente a sua organização adaptou-se a estes tempos de uma forma mais rápida do que alguma vez pensou. Reconhecer essa flexibilidade e rapidez junto das equipas ajuda a reforçar a cultura em tempos de pandemia.
A cultura de uma empresa determina os seus valores e são estes que resultam em comportamentos observáveis, porém é comum as pessoas conhecerem os valores, mas não a correspondência a esses comportamentos observáveis. Se esse for o seu caso, a sugestão é começar mesmo por aí!
Crónica publicada na edição n.º 138 da RHmagazine, referente aos meses de janeiro/fevereiro de 2022.
Siga-nos no LinkedIn, Facebook, Instagram e Twitter e assine aqui a nossa newsletter para receber as mais recentes notícias do setor a cada semana!