Autor: António Saraiva, Business Development Manager do ISQ Academy
Muito embora ainda nem todas as organizações considerem a Gestão de Pessoas como um elemento estratégico, a verdade é que muitos fatores, intrínsecos e extrínsecos, a têm colocado como fator relevante da respetiva agenda estratégica. Sem dúvida que momentos de crise, como as que recentemente têm sido recorrentes, apelam a uma atenção redobrada às pessoas para que tudo funcione. Seja por via de necessidades do conhecimento técnico e tecnológico instalado, mas muito, essencialmente, pela importância de competências comportamentais que dinamizem o modus operandi da organização.
É neste contexto que se discute o contributo das estruturas de Gestão de Pessoas para a produtividade organizacional. Há uma dicotomia clara entre os conceitos de “produção” e “produtividade”. Um que se posiciona no que é produzido e na respetiva quantidade e, o outro, centrado na relação dessa quantidade, mas numa lógica da obtenção de valor. No fundo, o que é importante são as pontes estabelecidas entre o tempo, a quantidade e a qualidade. Pretende-se entregar qualidade, aproveitar melhor o tempo, menor probabilidade de se cometerem erros, ou redundâncias, e, acima de tudo, uma maior satisfação no trabalho realizado.
A Gestão de Pessoas é, pois, no contexto atual de grande incerteza e volatilidade, um parceiro estratégico essencial. Ao sairmos de uma crise sanitária grave, confrontamo-nos com um conflito internacional, certamente sem precedentes desde a II Guerra Mundial, na Europa, com impactos macro-económicos que atinge a grande maioria das famílias, mas que deixa as organizações numa situação de eventuais desequilíbrios, urge que se repensem mecanismos que protejam o capital mais precioso: o capital humano. É nele que residirá o portefólio de respostas a uma crise, quer pelas suas caraterísticas de aplicar conhecimento, como por inerência de fatores de adaptabilidade e confiança em iniciativas diferenciadoras e inovadoras.
Mas porque falamos de pessoas, há riscos associados e que podem abalar respostas objetivas e de forte eficácia. Falta de cultura organizacional, salários manifestamente incompatíveis com necessidades básicas, excesso de trabalho, condições de saúde física e mental não acauteladas, falta de espaço e tempo para o descanso e lazer e incoerência de decisões que permitam determinar o foco no que é essencial, são alguns dos fatores que podem prejudicar o alcançar de resultados.
É no capital humano que residirá o portefólio de respostas a uma crise, quer pelas suas caraterísticas de aplicar conhecimento, como por inerência de fatores de adaptabilidade e confiança em iniciativas diferenciadoras e inovadoras
É, pois, este o verdadeiro desafio das estruturas de Gestão de Pessoas. Mais do que se preocupar com a manutenção dos seus processos internos, terá de apoiar a organização a recentrar-se. Mais que nunca, o People Analytics é fundamental, pois os números, os indicadores, contam histórias. Uma monitorização constante dos índices de turnover, do absentismo, das taxas de ROI, etc. são preciosos para a tomada de decisão, em particular, porque em momentos de crise há que perceber de forma mais minuciosa o Estado da Nação, sobretudo o risco de se perder talento, ou gerar-se forte insatisfação dos colaboradores.
Daqui, decorre informação relevante para uma estratégia de combate à crise, até em alguns casos de sobrevivência no mercado. A informação é premente para se priorizar, planear e fazer as melhores escolhas em termos metodológicas que garanta a melhor produtividade. A opção por esquemas de trabalho mais flexível, por funções multitarefa, por foco na inovação, decorrem da relevância da resposta mais estratégica da Gestão de Pessoas, complementada também por uma aposta no upskilling, no reskilling, mas também em políticas e iniciativas que atinjam o bem-estar dos colaboradores, premiando não só o esforço, mas também acautelando a saúde, em particular a saúde mental tão abalada pelo confronto de um contexto altamente adverso.
É, pois, clara a importância da Gestão de Pessoas nas questões de produtividade. Todos os desafios dos nossos dias, pelas razões mais perniciosas das crises sanitárias e de conflitos internacionais, mas também dos perigos inerentes às mudanças climáticas, até a toda uma transformação digital em curso, impactam nas pessoas. Sobretudo, porque a perceção que existe é que tudo acontece ao mesmo tempo e não existe espaço e tempo para uma assimilação pensada e cadenciada. Como já referido, produção não é igual a produtividade. Mais que quantidade é valor! Produzir um milhão de peças, pode não significar ser produtivo, se o mercado não as reconhecer como úteis. Ter uma equipa de estrelas, não significa ganhar campeonatos. Avaliar o potencial das pessoas, oferecer-lhes condições de desenvolvimento, criar-lhes ambientes confortáveis, reconhecer o contributo e proporcionar o bem-estar físico e emocional é determinante.
A Gestão de Pessoas é um dos pilares estratégicos e essenciais para a produtividade organizacional ser obtida. É nela que se encontra a proteção e potenciação do capital humano, como elemento essencial de sustentabilidade de uma organização nos dias tão desafiantes quantos aqueles que vivemos no presente, além de garantir o sucesso no futuro!
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