Fazer digital já não é suficiente, revela a Accenture, que considera que o digital já não é por si só um fator diferenciador.
É num “ponto de viragem” que se encontra o mundo empresarial. As empresas caminham para uma era pós-digital, “onde o sucesso será baseado na capacidade de uma organização dominar um conjunto de novas tecnologias de forma a entregar experiências e realidades personalizadas a clientes, colaboradores e parceiros”, avança a Accenture, que divulgou esta segunda-feira os resultados do seu relatório anual, o Accenture Technology Vision, que antevê as tendências tecnológicas que irão redefinir os negócios nos próximos três anos.
Na era pós-digital, as tecnologias digitais já não são por si só um fator diferenciador. “Com a democratização das ferramentas digitais, a grande vantagem competitiva será a capacidade de fornecer experiências altamente customizadas, à velocidade do agora”, refere a consultora.
De acordo com os resultados do estudo, 79% das mais de 6.600 empresas e executivos de IT de todo o mundo, inquiridos pela Accenture, acreditam que as tecnologias digitais, especificamente social, mobile, analytics e cloud, passaram da fase da adoção para se tornarem parte da tecnologia de base nas organizações.
No mundo pós-digital, o digital não acaba. Requer apenas diferenciação, porque “fazer digital não é suficiente”. “O nosso relatório Technology Vision destaca a forma como as organizações devem usar as novas tecnologias para inovar os modelos de negócio e personalizar as experiências para clientes. Ao mesmo tempo, os líderes devem reconhecer que valores humanos, como a confiança e a responsabilidade, não são apenas buzzwords, mas fatores-chave para o sucesso”, explica a Accenture em comunicado.
O relatório identifica cinco tendências tecnológicas emergentes que, segundo a consultora, “as organizações devem considerar para serem bem-sucedidas num contexto em constante evolução”.
Poder DARQ: a tecnologia como Distributed ledgers, Inteligência Artificial, Realidade Aumentada e Computação Quântica (DARQ) é um “catalisador da mudança e oferece capacidades extraordinárias, permitindo aos negócios reconfigurar por completo o seu setor de atividade”, lê-se no comunicado. Segundo os dados do estudo, quando solicitados a classificarem qual das tecnologias terá um maior impacto na sua organização nos próximos três anos, 41% dos executivos colocaram a IA em primeiro lugar – mais do dobro do que qualquer outra tecnologia DARQ.
Get to Know Me: as interações baseadas em tecnologia estão a criar uma identidade tecnológica para cada consumidor. Os dados do relatório revelam que 83% dos inquiridos consideram que as demografias digitais proporcionam às suas organizações uma nova forma de identificar oportunidades de mercado para as necessidades não satisfeitas dos consumidores.
Human + Worker: “à medida que as equipas de trabalho se tornam “human+”, cada colaborador recebe um novo e crescente conjunto de capacidades alavancadas pela tecnologia e as organizações devem apoiar esta nova forma de trabalhar na era pós-digital”, refere a Accenture, revelando que 71% dos executivos acreditam que os seus colaboradores são mais maduros a nível digital do que a sua organização e têm a expectativa que a organização os acompanhe.
Secure Us to Secure Me: tendo em conta que os negócios dependem de interligações, essas ligações aumentam a sua exposição a riscos. De acordo com a consultora, “as organizações líderes nestes ecossistemas interligados reconhecem que a dedicação ao tema da cibersegurança deverá estar em paridade com os esforços desenvolvidos para entregar os melhores produtos, serviços e experiências”. Os resultados revelam que apenas 29% dos executivos afirmam saber que os seus parceiros estão a trabalhar de forma diligente para serem compatíveis e resilientes no que diz respeito à segurança.
MyMarkets: a tecnologia está a criar um “mundo de experiências extremamente personalizadas e on-demand”. Por isso, a Accenture aconselha as empresas a olharem para cada oportunidade como um mercado individual – um mercado momentâneo. Segundo os dados do seu relatório, 85% dos inquiridos afirmam que a integração de uma entrega personalizada e em tempo real é a próxima grande vantagem competitiva.
De acordo com o relatório da Accenture, “a inovação para organizações na era pós-digital implica perceber como moldar o mundo em torno das pessoas e escolher o momento certo para lhes oferecer cada produto e serviço”. O estudo conclui que as organizações que estão ainda a finalizar a sua jornada de transformação digital estão à procura de uma vantagem específica, quer seja um serviço inovador, uma maior eficiência ou mais personalização. “Mas as empresas pós-digitais vão ultrapassar a concorrência ao combinarem estas forças para mudarem a forma como o mercado unciona – de um mercado, para muitos mercados personalizados, on-demand e no momento”, remata a Accenture.