A Fabamaq é uma software house sediada no Porto, cujo core business é o desenvolvimento de jogos de casino. A empresa está a prestes a fazer dez anos e tem vindo a cimentar a sua posição no universo tecnológico, com os seus 180 “gamers”.
Em entrevista ao infoRH, Luís Silva, Head of People & International Brand da tecnológica fala-nos do inovador programa de benefícios da Fabmaq, dos desafios ao nível da gestão de pessoas e, inevitavelmente, do modo como a empresa está adaptar o seu funcionamento perante o surto de Covid-19.
Comecemos pela atualidade. Como é que a empresa está a adaptar a sua forma de funcionamento perante o surto Covid-19?
A pandemia do Covid-19 despoletou um conjunto de alterações na realidade das empresas e a Fabamaq não foi exceção. As exigências do vírus, a desinformação inerente, a necessidade de disseminar boas práticas e adaptar os espaços de trabalho, resultaram num plano de ação que continua a ser atualizado ainda hoje.
Os últimos dias exigiram várias tomadas de decisão como, por exemplo, a definição da sala de isolamento; a realização de uma sessão de esclarecimento para os colaboradores com um profissional de saúde; a definição e ativação de um Plano de Serviços Mínimos Indispensáveis; e por fim, a decisão de entrar totalmente em regime de trabalho remoto.
De resto, ainda no final da semana passada decidimos partilhar com toda a nossa comunidade digital todas as medidas que acionámos com o propósito de ajudar outras pessoas e as suas empresas na implementação de ações de prevenção relativas ao Covid-19.
O surto de Covid-19 traz ainda implicações para o médio/longo prazo e ainda mais para uma organização como a Fabamaq, que valoriza tanto a proximidade e a partilha na sua cultura. Ainda nesse âmbito, vamos lançar um desafio aos nossos Gamers para este Dia do Pai com o objetivo de demonstrar que o distanciamento social a que agora nos vemos obrigados não tem de afetar ou quebrar os laços que são importantes para nós. O resultado será depois partilhado também nos nossos canais digitais.
Em 2019, através do programa de Power ups, a Fabamaq contribuiu com mais de 200 mil euros para a educação, mobilidade e poupança dos seus colaboradores. De que forma este investimento retorna à empresa?
Numa primeira análise, a boa relação que se cria com os nossos Gamers (colaboradores) é o retorno imediato que a empresa obtém. O programa reforça os laços de confiança e proximidade estabelecidos entre a Fabamaq e as pessoas, traduzindo-se, sem dúvida, em colaboradores mais motivados e envolvidos com a empresa. O bem-estar descrito e a satisfação das pessoas contribui para a criação de uma cultura positiva, fator que a longo prazo garante um maior envolvimento das pessoas na deteção e captação de talento especializado para a empresa.
Além disso, o programa permite uma aplicação diversificada dos Power Ups. Uma das opções é, por exemplo, a formação.
O colaborador é livre de escolher a área de formação em que investe os seus Power Ups, porém este contributo significa, muitas vezes, um acréscimo de valor para a pessoa, que desenvolve novas competências, e posteriormente para a empresa, que beneficia com os novos conhecimentos adquiridos pelos colaboradores.
Neste caso há também um retorno efetivo do programa de Power Ups.
Por fim, a abrangência do programa vai além das soluções de formação, transporte, bem-estar e saúde, concentrando-se também um conjunto de soluções direcionadas ao agregado familiar. Estamos a falar de, por exemplo, ajuda em despesas de saúde e de educação dos filhos, que no fim do mês tem um impacto muito significativo.
Como foi pensado e desenvolvido este programa?
Na génese da criação do programa de Power Ups está a realidade e as necessidades dos nossos colaboradores. Desde que surgiu no mercado, em 2010, que a Fabamaq procura diferenciar-se pelo esforço em impactar positivamente a vida das suas pessoas e foi com este objetivo em mente que a gestão da Fabamaq decidiu desenhar e lançar o programa de Power Ups em novembro de 2017.
Sabemos que essas necessidades variam de pessoa para pessoa, podendo ir desde o investimento na educação, ao bem-estar físico, passando pelo equilíbrio emocional, a mobilidade e outras preocupações. Nesse sentido, o programa foi pensado e continua a desenvolver-se numa lógica de evolução permanente. No início não dispúnhamos de uma variedade tão grande de aplicações dos Power Ups. A rede de entidades protocoladas e elegíveis foi crescendo e evoluindo com a colaboração de vários Gamers. Hoje, já é possível alocar os Power Ups a ginásios, passes de transportes, gabinetes de psicologia, formação, entre outras opções. Estamos certos que no futuro esta evolução continuará.
Que outras práticas de RH a empresa leva a cabo tendo em vista o bem-estar dos colaboradores e também a sua produtividade?
Na Fabamaq contamos com vários programas e práticas que visam esse objetivo. De uma forma sintética é possível destacar o processo de mentoring, o programa de talent development, os check-ins e ainda as várias comunidades que foram surgindo organicamente dentro da empresa.
O programa de Mentoring assume grande importância no acolhimento e acompanhamento do novo colaborador. As sessões são facilitadas por um elemento da equipa de People & International Brand e estabelecem uma ligação entre um novo Gamer e um mentor (colaborador que tem no mínimo um ano de experiência na empresa), através da realização de um conjunto de dinâmicas e frameworks. O objetivo é garantir que, no término do programa, o novo colaborador está completamente integrado e alinhado com a cultura da empresa.
O programa de talent development, por sua vez, foi criado a pensar no desenvolvimento de competências comportamentais ou técnicas específicas. Depois de identificado o défice de competência no Gamer, o programa contempla casos práticos e ações que permitam superar este gap e ajudar o colaborador a ter uma melhor performance no quotidiano da empresa.
Os check-ins fazem parte do processo de avaliação e são reuniões realizadas pelos nossos People Partners com as equipas pelas quais têm responsabilidade direta com o objetivo de “auscultar” o estado de espírito e a motivação de cada pessoa na empresa. Este é também um momento de reflexão e eventual ajuste dos objetivos definidos para a avaliação de desempenho, face ao contexto. Através deste programa conseguimos perceber a situação de cada pessoa na empresa e tomar ações que permitam otimizar a produtividade da pessoa, da equipa e consequentemente da empresa.
Já as comunidades internas surgiram organicamente pela iniciativa dos nossos Gamers. No caso das “equipas” de futebol e voleibol, a empresa subsidia o custo dos campos para os jogos. Já as comunidades de corrida, yoga, board games e, mais recentemente, de desenho têm periodicidades e objetivos diferentes, sendo formas de fomentar o convívio e a partilha através de contextos particulares.
Ainda neste âmbito tenho de realçar o nosso team building anual, pois trata-se de um dia vivido de forma diferente pelos nossos Gamers. O programa dedicado que preparamos todos os anos fomenta o contacto entre pessoas que, normalmente, interagem menos devido à distância das funções que desempenham. Assim este acaba por ser um importante momento de celebração e afirmação da cultura da empresa.
Por último, este ano iniciámos também um estudo no âmbito dos riscos psicossociais do stress no trabalho, sendo esta uma variável que vamos monitorando. O feedback constante é importante e o momento do check-in é um exemplo disso mesmo. No fundo, com estas ações todos somos ouvidos com o objetivo de promovermos a melhoria e o crescimento conjuntos.
A Fabamaq está inserida num dos setores mais competitivos da atualidade. Como atraem talento?
A atração de talento da Fabamaq é assegurada por diferentes canais. O primeiro, e mais forte, é a nossa comunicação institucional. As nossas redes sociais e o nosso website são os canais que mais perfis captam para as oportunidades que temos em aberto. Logo em seguida temos como uma grande fonte de captação de talento o nosso programa de interno de referrals. Este facto deixa-nos orgulhosos porque é um indicador de que estamos a proporcionar experiências profissionais positivas e que motivam os colaboradores a recomendarem a pessoas que lhes são próximas.
A nossa ligação ao ecossistema tecnológico do Porto é outra forma de deteção de talento. O facto de sermos parte integrante da Porto Tech Hub, associação de empresas tecnológicas da cidade, proporciona uma grande proximidade às instituições de ensino e confere acesso a oportunidades como o SWitCH. Este programa de reconversão profissional já foi a porta de entrada de mais de uma dezena de Gamers na Fabamaq. A ligação à cidade faz-se ainda através da participação em feiras de emprego, eventos e game jams, que direta ou indiretamente contribuem para a atração de pessoas.
Ainda no recrutamento, a Fabamaq tem um programa de mobilidade interna que permite aos colaboradores, após um processo de entrevista semelhante aos candidatos externos, mudar de funções na empresa e abraçar outros desafios profissionais.
No final, todos estes canais trabalham no mesmo sentido e seguem uma estratégia de employer branding com uma proposta de valor claramente definida. No topo dessa proposta, a diferenciar a Fabamaq como uma empresa atrativa está um acompanhamento feito a cada colaborador, respeitando a sua individualidade. Este acompanhamento permite criar uma proximidade maior e fazer com o que cada Gamer se sinta em casa mesmo estando em contexto de trabalho.
Com quase 10 anos de existência, quais são os atuais objetivos e desafios da Fabamaq?
O crescimento exponencial que temos tido na Fabamaq traz consigo vários desafios e oportunidades em termos de cultura e interação das pessoas. Operacionalmente estamos num período de melhoria e otimização de processos, que acompanha também a evolução contínua da nossa tecnologia.
O nosso foco continua a ser construir uma empresa melhor. Para isso sabemos que temos de continuar a desenvolver e entregar produtos com qualidade, capazes de corresponder e superar as expectativas dos nossos clientes. Temos igualmente presente que isso só pode acontecer se continuarmos a ter pessoas comprometidas e envolvidas com o nosso propósito e alinhadas com a nossa cultura.
No fundo, agora que cumprimos 10 anos, percebemos que estamos num momento diferente de 2010 e que temos outra dimensão, responsabilidade e impacto na comunidade. Contudo, a nossa missão, enquanto equipa de People & International Brand, continua a ser trabalhar a sinergia entre as áreas técnica e humana de uma forma positiva para criar uma Employee Value Proposition que proporcione uma boa experiência aos Gamers que já cá estão, bem como a potenciais novos colaboradores.
Na gestão das pessoas propriamente dita sabemos que temos caminho aberto para melhorias, aprendemos continuamente com o ecossistema tecnológico em que nos inserimos e queremos continuar a ter um impacto positivo nas nossas pessoas aos níveis profissional e pessoal.
Como se caracteriza a atual equipa de gamers?
A nossa equipa tem uma mescla de perfis interessante e uma diversidade interessante. Temos um número significativo de pessoas que estão na empresa desde o dia 1 e Gamers que foram entrando nas diferentes “vagas de crescimento” da Fabamaq. Todos juntos formamos um núcleo heterogéneo com idades, backgrounds e experiências profissionais diferentes.
De resto, é esta heterogeneidade que acaba por potenciar a criatividade e impulsionar a nossa cultura de proximidade e partilha. Neste último aspeto acho importante realçar que a partilha vai além da interação direta com o outro. Um exemplo disso são as nossas Knowledge Sharings. Estas sessões são normalmente propostas pelos Gamers e têm como objetivo central partilhar conhecimento sobre um tema (que pode ou não estar relacionado com o negócio ou a sua área de especialidade) com a restante comunidade da Fabamaq.
A diversidade de interesses e perfis que acolhemos na Fabamaq tem-se revelado muito positiva, quer pelas comunidades orgânicas que foram surgindo dentro da empresa, quer pela capacidade que temos demonstrado de nos reinventarmos e respondermos aos desafios do mercado.