A inteligência artificial esteve em debate na sexta edição do evento Momentos Singulares – Gerir no Século XXI, promovido pela RHmais e pela Universidade Aberta.
A RHmais e a Universidade Aberta juntaram, no passado dia 21 de maio, no Auditório da Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro, em Telheiras, um grupo de especialistas para debater o tema “Inteligência Natural versus Inteligência Artificial”. A sexta edição do evento Momentos Singulares – Gerir no Século XXI contou com a participação de António Lopes, professor e investigador, Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da APED, Jorge M. Soares, software IT client architect da IBM Portugal, e Paulo Lopes, CEO e partner da Xpand IT. José António Porfírio, docente da Universidade Aberta, e Paulo Loja, diretor comercial e marketing estratégico da RHmais, moderaram o debate.
Entre exemplos reais e desconstrução de mitos e receios, os convidados falaram sobre as oportunidades da inteligência artificial, destacando a importância dos contextos político e social para o seu entendimento e abordando os desafios das questões éticas na sociedade. Para os oradores, a inteligência artificial e os robôs não substituirão os humanos. Serão complementares à inteligência natural.
“A IA serve como complemento à nossa atividade, uma vez que, nas várias áreas, esta é humana e a decisão final continua a ser da pessoa. Somos nós os criadores e mestres destas ferramentas e podemos manipulá-las. O que a tecnologia nos tem trazido de melhor é a nossa superação”, afirmou António Lopes, investigador de IA no desporto.
“Espero que sejamos nós a controlar os robôs e não o contrário, fazendo com que as pessoas não tenham medo deles. Sabemos que, no futuro, com a evolução tecnológica, irão desaparecer algumas profissões, mas também surgirão novas e todos temos de fazer um esforço para esta transformação. Temos de nos adaptar, de formar e preparar as pessoas para as novas realidades”, referiu Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da APED – Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição.
“O que temos hoje em dia é uma IA restrita, focada sobretudo em reconhecimento de padrões – imagem, texto e som –, não é uma IA genérica. Até ao momento, não existe qualquer prova que esta tecnologia vai substituir o ser humano e não há razões para ter medo. Se algum dia vier a existir uma IA genérica que possa ameaçar o ser humano, acredito que nós de alguma forma nos autorregulamos e iremos pô-la a funcionar em nosso benefício e não contra. Posso ser idealista, mas estou do lado da corrente que defende que a IA está para conviver com as pessoas e auxiliar e não para criar momentos de singularidade na sociedade e fazer-nos escravos dela. É importante perceber-se que a IA veio para ficar e que, tal como as máquinas, os humanos também têm de ser ensinados e treinados para esta evolução”, alertou Jorge M. Soares, software IT client architect da IBM Portugal.
“Não tenho a visão de Skynet como vemos nos filmes e séries de ficção científica. Não acho que vai existir um robô ou uma entidade que nos vai controlar e nós continuaremos a ter poder, mas penso que há o potencial fenómeno de as máquinas poderem ser capazes de tomar decisões melhor que nós, graças à elevada capacidade de processamento de dados e recolha de mais informações, e acredito que isso irá acontecer num curto prazo. Isto vai levar a que exista um shift de autoridade e surjam muitos desafios, a nível ético por exemplo. O grande desafio no futuro será perceber até que ponto os seres humanos vão ter capacidade de, numa escala global, ter regras e entendimentos comuns sobre um código ético, conseguindo criar um ecossistema global a trabalhar em comum para responder a estes desafios”, partilhou Paulo Lopes, CEO e partner da Xpand IT.