No capítulo VI do estudo “Um país com futuro: Atrair e reter o talento em Portugal”, publicado pela BRP, é reforçada a necessidade de entender a flexibilidade no trabalho como uma das principais práticas do “Novo Normal”.
“O trabalho remoto ganhou enorme preponderância desde a pandemia ao ponto de se ter tornado numa das poucas práticas do ‘Novo Normal’ que vieram mesmo para ficar, apesar do regresso progressivo aos escritórios em grande parte das empresas. É inegável que o trabalho remoto se generalizou, nas funções em que é aplicável, ao ponto de ser hoje um fator diferenciador em termos de proposta de valor para os trabalhadores”, explica a BRP.
Além de repensar o trabalho remoto, a BRP também afirma a necessidade de repensar as organizações atuais, demasiado hierarquizadas e verticais, de modo a torná-las “mais horizontais” e com a tomada de decisão “mais descentralizada” por várias equipas interdependentes.
Desta forma, a BRP considera importante aproximar “as pessoas” das decisões, assumindo “maior responsabilidade” e “reforçando o sentimento” de que os jovens talentos são parte da empresa e do resultado.
Reconhecimento e desenvolvimento de carreira
A BRP também inclui nas conclusões do seu estudo “a falta de reconhecimento por parte da chefia” e a “progressão lenta da carreira” como fatores fortes para a saída de trabalhadores das empresas portuguesas.
“Esta situação fruto de um histórico acumulado de equipas de gestão pouco qualificadas e sem capacidade de adaptação aos desafios colocados pelos mercados, pela globalização e pelas novas gerações que procuram autonomia e progressão rápida de carreira”, afirmam.
Uma das soluções apresentadas é a oferta de um Dual Career Path, “que separa o percurso de carreira técnica e da carreira de gestão, poderá permitir uma progressão mais rápida e motivadora, sem que esta implique responsabilidades na gestão de pessoas, tornando as organizações mais atrativas para o talento com perfil mais técnico”.
Um outro ponto que a BRP cita como importante é a definição de um propósito concreto e a partilha desse mesmo com os seus colaboradores, de forma a criar um “ambiente de pertença” e de “união” em torno do mesmo objetivo.
Legislação Laboral
Citando o World Competitiveness Ranking, que classifica 63 países a nível mundial tendo por base vários fatores de competitividade, a BRP explica que Portugal ocupava, em 2022, a 42ª posição em termos globais e o 48º lugar no que se refere a legislação laboral.
“Quando comparamos Portugal com os principais países da UE concorrentes em termos de atração de talento, Portugal é o país menos competitivo no que se refere ao mercado de trabalho o que cria um forte condicionamento na nossa competitividade e atratividade”, justifica a BRP.
Por isso, entendem que é importante para as empresas e para o Estado começarem a atuar nas variáveis que atraírem os trabalhadores: o custo de vida; a atração e retenção de talento; a motivação dos trabalhadores; e a carga fiscal sobre os salários.