Maria da Glória Ribeiro é fundadora e managing partner em Portugal da multinacional de executive search Amrop, uma reconhecida head hunter e autora do livro «Pessoas com Talento, como nós».
Neste livro, Maria da Glória Ribeiro explica-nos, através de histórias reais, os dez pilares que devemos seguir para construir uma carreira de sucesso. Esta especialista em liderança e gestão de talento traz-nos, com esta obra, algumas ferramentas práticas que nos permitem traçar estratégias, para que nos tornemos únicos no mercado de trabalho. A RHmagazine foi falar com Maria da Glória Ribeiro, para perceber em que consistem estes fatores de sucesso para a realização profissional e para conhecer a visão da autora sobre o êxito profissional no contexto pandémico.
BC: «Pessoas com Talento, como nós» é um livro que vem ajudar a identificar e a potenciar os talentos, através de ferramentas práticas. Pode-se dizer que este livro é uma espécie de “receita milagrosa” para quem deseja uma carreira de sucesso?
MGR: Não, de todo, acredito que esse “milagre” está dentro de cada um de nós. Espero, no entanto, conseguir inspirar os leitores para tentarem ser sempre um pouco melhores de acordo com os objetivos de cada um.
Estou segura que um pouco mais de esforço para alguns será suficiente para conseguirem alcançar o que melhor se conjuga consigo, mas insto os leitores a que meditem e pensem em si e por si, sem barreiras estereotipadas e façam o melhor que puderem por quem é mais importante: eles próprios. Só assim poderão ser melhores também para os outros que lhe importam.
Espero que o livro possa proporcionar uma leitura agradável e inspiradora e que convença os leitores que estamos sempre a tempo de sermos melhores de acordo com connosco próprios.
Este livro apresenta histórias reais inspiradoras. Foi nestas histórias que se baseou para chegar aos dez pilares que devemos seguir para atingir a realização profissional, ou grande parte advém da sua própria experiência profissional? O que transporta da sua experiência para este livro?
O livro apresenta histórias que me marcaram ao longo do meu percurso profissional, salvaguardando claro a identidade dos seus protagonistas, para falar de dez temas que me parecem fundamentais quando falamos de carreira e de construção de um percurso profissional.
Temas que percorrem um leque muito variado de perspetivas, tanto se as situarmos na época incisiva do seu debate como na forma como são abordadas. Por exemplo, escrevo desde o muito visitado tema da motivação intrínseca e estrutural aos conceitos futuristas da vida exponencial e abundante que defendem em Silicon Valley e na Singularity University.
Ao longo do meu percurso profissional, tenho assistido à forma como alguns destes pilares influenciam a vida das pessoas. Como os seus atos, os seus processos de decisão e a visão que tinham de si e do mundo influenciaram as suas tomadas de decisão e o seu projeto profissional. Ao contar as suas histórias e falar desses pilares, espero de alguma forma ajudar quem me lê a construir um percurso profissional único e coerente, que o torne num ser motivado e realizado.
Um dos pilares que apresenta é «encontrar o que nos motiva». Veio esta pandemia dificultar esta busca pelo que nos motiva? Como podemos contornar todos os obstáculos que se têm colocado graças à pandemia, de modo a encontrar o que realmente nos motiva?
A motivação é um tema complexo, abordado por diversos pesquisadores que elaboraram várias teorias, visando explicar o fenómeno motivacional e a sua influência sobre o comportamento humano.
É normal e razoável que qualquer um de nós se interesse por conhecer melhor o que nos motiva, o que nos retira da inércia, o que nos faz sair da inação e nos dá força e vontade para «vencer» as dificuldades do dia a dia, sem baixarmos os braços e simplesmente nada fazermos.
Somos motivados porque aquilo que fazemos interessa, porque gostamos do que fazemos, porque contribui para um bem maior.
A atual pandemia foi o catalisador das mudanças que já estavam em curso no mundo do trabalho. É inegável que a humanidade está a entrar num período de profundas e rápidas transformações. E, se queremos realmente criar uma era abundante, teremos que aprender a pensar de forma diferente/disruptiva e sentirmo-nos à vontade em arriscar e aprender com nossos erros.
Hoje fala-se muito de «propósito» e de espírito de missão para classificar a atitude positiva e emocional que alguns transportam perante um objetivo, uma tarefa ou um empreendimento. O propósito é a razão da existência de cada um de nós. É a força interna e a motivação de cada ser humano para prosseguir numa caminhada pessoal e profissional.
Outro dos pilares centra-se, de grosso modo, em arriscar ao invés de seguir o caminho previsto. Para os fãs do risco e da adrenalina, qual é o caminho a seguir no contexto em que vivemos atualmente? Arriscar continua a ser uma opção?
Arriscar será sempre uma opção, vejamos o exemplo de Vanda, a personagem do quarto capítulo do meu livro, que a certa altura decidiu tudo mudar, tudo arriscar e dar-se ao luxo de ter uma vida ímpar.
A mudança na maioria das vezes não é fácil. Dá muito trabalho, custa e faz-nos correr muitos riscos.
Deixamos o paradigma a que nos habituamos e saltamos para um terreno novo que não dominamos. Saímos da chamada zona de conforto, de que tanto ouvimos falar, e da rotina conhecida em que tudo é previsível, em que tudo é controlável e confortável.
Seguir o caminho previsto tem muitas vantagens. É, antes de mais, seguro. Quando seguimos o previsto não corremos grandes riscos.
Nada disto é mau e pode ser muitas vezes a decisão de muitos para o seu plano de existência. Outros, porém, querem viver com a adrenalina elevada que o risco proporciona. Querem ter a sensação do inseguro e de tanto o experienciarem dominá-lo, tornando-o a sua forma de vida.
Não temos de ser assim ou de outra forma. Temos de saber o que é melhor para nós próprios em cada etapa da nossa vida. Podemos, entretanto, mudar. Temos de nos permitir a isso.
A quem se dirige este livro? A todos os profissionais de todos os setores? O que leva o leitor desta obra?
Para responder a esta pergunta vou citar o maravilhoso prefácio que o Pedro Rebelo de Sousa teve a amabilidade de escrever para este livro:
«(…) Para todos os que buscam um roteiro de ideias para reflexão (em particular numa fase tão difícil como a que atravessamos), este livro deixa o leitor com muitas pistas e o sorriso de perceber que a vida e a beleza nos pertencem. (…)»
Que conselhos deixa aos profissionais que, vivendo neste novo contexto, querem atingir a realização profissional? (Além de ler este livro, claro!)
Temos de ser capazes de aproveitar todas as nossas potencialidades e, mais do que isso, sermos capazes de as desenvolver. Para o conseguir, temos de nos situar em nós próprios. Não devemos deixar que as tendências, muitas vezes arbitrárias e seguidoras de modas sem fundamento, nos arrastem para realidades que pouco ou nada têm a ver com a nossa essência. É fundamental termos integração humana, isto é, sermos capazes de pensar por nós próprios e em função de nós mesmos. Cada um de nós é um mar de experiências, vivências e conjugações. A realização pessoal é isso mesmo: pessoal.
A construção de uma estratégia própria e de uma marca pessoal, a descoberta da nossa motivação, a avaliação do risco, a importância da inteligência emocional, o tempo como valor fundamental, a persistência e a paixão que nos move, o que aprendemos quando falhamos e a capacidade de nos exponenciarmos, tentando-nos diferenciar dos demais.
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