A FranklinCovey é muito conhecida como a empresa que transforma organizações através do desenvolvimento de líderes, equipas e culturas excecionais que obtêm resultados extraordinários.
A General Manager da FranklinCovey e Head of Talent & Innovation da CEGOC Maria João Ceitil falou à RHmagazine sobre como o conseguem fazer, sobre a importância da liderança nas empresas e sobre o desafio que representa nas organizações a atualização permanente de competências exigida pelo nosso mundo em aceleração continua.
Acompanham a empresa, se necessário, durante vários anos e a vários níveis, certo?
Exatamente. Poderá ser um acompanhamento de vários anos e pode ser um acompanhamento a vários níveis. Trabalhamos desde os hábitos de eficácia pessoal e, deste modo, existem várias soluções (sendo os “sete hábitos” das mais conhecidas).
Mas existem, também, outras soluções, nomeadamente as cinco escolhas para uma produtividade extraordinária. São soluções que desenvolvem o indivíduo, a eficácia dos colaboradores. Depois, ao nível dos líderes, desde que é identificado o potencial de liderança até aos vários níveis de liderança. De facto, podemos fazer um acompanhamento completo do talento nas empresas.
Afirmou que os “sete hábitos” das pessoas eficazes é a “montra”. No entanto, consultando o site da FranklinCovey, é possível ver que são uma plataforma com múltiplas soluções, nomeadamente de âmbito online. É uma opção estratégica?
Refere-se à solução “All Access Pass”. A visão estratégica da FranklinCovey é conseguir alcançar e impactar o máximo de pessoas. Para tal, a nossa fórmula para acrescentar valor e promover resultados impactantes assenta em três grandes pilares:
- conteúdos poderosos e robustos, alicerçados num grande investimento em investigação;
- as pessoas altamente especializadas e qualificadas;
- a tecnologia que nos ajuda a escalar o conhecimento, a ter diferentes formas de chegar ao conhecimento e promover aprendizagem em escala.
O “All Access Pass” é a plataforma, ou solução tecnológica, que temos. Não pretende ser uma plataforma de conteúdos, mas sim um suporte tecnológico para a transferência de conhecimento. É também onde as pessoas podem ter acesso a todos os conteúdos Covey, mas estes conteúdos são curados e são trabalhados com um especialista (um “implementation strategist”), que acompanha as empresas na definição dos percursos pedagógicos que cada equipa deve realizar com base naquilo que seja o “job to be done”.
Trata-se de um modelo de “all access partnership”, de uma parceria completa com a Covey que inclui um formador ou vários formadores e consultores, que estão a acompanhar a empresa naquilo que são os seus desafios diários. Tem desde coachs e sessões de coaching para poder desenvolver os líderes a conteúdos de formação na plataforma. Os nossos clientes têm acesso a uma parceria completa que abrange não só a tecnologia, como também conteúdo e pessoas altamente especializados para as ajudar a superar os seus desafios.
Da nossa experiência com responsáveis de recursos humanos, percebemos que existe um grande gap de competências entre o que as empresas pretendem e o que as pessoas possuem. Como trabalham este desfasamento?
Eu acho que esse é sempre o maior desafio das organizações. Conseguir qualificar as pessoas à velocidade que o mundo vai exigindo. O mundo atual exige que as pessoas desenvolvam novas competências muito rapidamente.
Esta é uma grande preocupação que temos na Covey e um dos grandes valores acrescentados desta parceria completa com a tecnologia. A tecnologia permite fazer assessments muito ágeis, muito simples e de rápida resposta. A All Access Pass também já traz alguns mecanismos de inteligência artificial que ajudam a personalizar as soluções propostas e assim fazer um desenvolvimento de competências mais rápido.
Por vezes, as empresas demoram algum tempo desde que se identifica a necessidade de desenvolvimento até que se consiga implementar uma solução. Até, simplesmente, por uma questão de agendas de trabalho. Por isso, é importante para uma empresa consultora como nós, poder dar uma solução rápida e de fácil implementação.
Este é, também, um dos grandes valores acrescentados da All Access Pass: conseguir ir fazendo os assessments e a monitorização da transferência das competências que são necessárias. Conseguimos assim, rapidamente, colocar as pessoas a praticar, exercitar e desenvolver as competências úteis ao desempenho da sua função.
E de que competências estamos a falar? Que gaps é que são mais frequentes nos colaboradores atualmente?
A questão da liderança é, sem dúvida, um dos temas que mais preocupa as organizações. As empresas necessitam de líderes que consigam dar resposta aos que são os desafios de hoje. Implementar e desenvolver competências de liderança para os desafios de hoje como, por exemplo, o trabalho híbrido e gestão de equipas entre presencial e distância. Acrescentaria também as questões da diversidade e da inclusão, que são cada vez mais importantes. Inclusivamente, a Covey vai lançar brevemente uma nova solução para a liderança inclusiva, precisamente para procurar ajudar neste tema que está a ter um impacto grande.
Gerir diferentes culturas, diferentes mindsets numa sociedade cada vez mais preocupada e atenta aos aspetos da humanização são desafios gigantes para os líderes que há uns anos estavam focados em conseguir motivar e gerir equipas para alcançar resultados e hoje precisam de estar focados em humanizar.
Na formação dos colaboradores a medição do retorno do investimento pode ser um desafio. Como o gerem na Covey?
Na Covey, temos diferentes formas de medir a eficácia dos programas. Desde a monitorização de alguns indicadores que, logo no diagnóstico, identificamos como indicadores que são chave para verificarmos se existiu a transferência, como através dos assessments contínuos. Se, por exemplo, estamos a trabalhar a questão da confiança, o assessment vai fazer a avaliação de retorno apenas assente nas competências da confiança. Vamos fazendo um acompanhamento e conseguimos rastrear como estamos a evoluir.
A FranklinCovey é especialista em desenvolvimento de lideranças. Que qualidades dever ter um líder em 2023?
Um líder de 2023 deve ter tudo aquilo que um líder de 2010 devia ter mais outras qualidades que o tornam um profissional mais completo.
Um líder, em primeira análise, tem que ter ele próprio, como indivíduo, hábitos de eficácia que lhe permitam resultados de produtividade individual elevados.
Depois, deve ter outras competências de liderança, nomeadamente as questões de liderança inclusiva, as competências de inteligência emocional (que hoje em dia são muito críticas nas organizações).
Além disso, o líder, e também a organização que o rodeia, deve ter a capacidade de construir uma cultura de alta confiança. E depois será importante que tenha um mecanismo para monitorizar e conseguir executar aqueles que são os seus objetivos mais importantes. Aquilo que nós chamamos na Covey como o modelo das quatro disciplinas de execução, que é um framework para implementar uma estratégia de negócio.
Portanto, diria que, na visão Covey, um bom líder é aquele que é, ele próprio, altamente eficaz, tem as competências de liderança necessárias para aquilo que é o nível de liderança que está a assumir, que exerce.
O líder também deve construir e estar inserido numa organização que constrói uma cultura de alta confiança, deve ser acompanhado e ter um framework de implementação estratégica duma gestão de alta-performance.
E, se conseguir ter estas quatro coisas, acreditamos que terá sucesso naquilo que são todos os desafios que enfrenta.