A Makro, como todo o setor do retalho em particular do retalho alimentar teve um papel central na forma como vivemos a pandemia. Sempre la linha da frente, sem possibilidade de teletrabalho para a maioria, os colaboradores tiveram um papel central na evolução da empresa. Fomos falar com Marta Rocha, diretora de recursos humanos da empresa.
Com a pandemia, surgiram certamente algumas implicações a nível interno, até porque a Makro, durante alguns períodos, deixou de vender apenas ao setor profissional para passar a vender ao consumidor final. Tendo isto em conta, que desafios surgiram na gestão de pessoas?
A nossa prioridade foi sempre garantir todas as condições de segurança quer físicas quer mentais às nossa equipas, principalmente para os que permaneceram nas lojas, pois estavam na linha da frente.
A makro como empresa de retalho alimentar, esteve sempre totalmente empenhada com o país, comprometeu-se a desenvolver os seus melhores esforços para garantir a segurança de todos os que frequentaram os seus estabelecimentos neste período de saúde pública tão crítico, disponibilizando, em alguns momentos, os seus produtos a todos os consumidores.
Neste contexto, diria que o primeiro confinamento e a consequente abertura ao consumidor final foi a mais desafiante, pois não havia tanta informação sobre a Covid-19 e viviam-se tempos de incerteza e de receio. Também o consumidor final não tem o mesmo comportamento do cliente habitual.
Tendo em conta todos estes cenários, podemos dizer hoje que os nossos colaboradores foram o grande pilar do nosso negócio. É nestes momentos que uma estrutura sólida e unida se revela basilar para a sustentabilidade de uma operação. A equipa comportou-se como uma verdadeira equipa de heróis, mantendo-se na linha da frente, mesmo com todos os medos e incertezas. Confiaram na estrutura makro e na proteção que sempre lhes foi garantida.
Este sentimento acabou por se refletir nas nossas lojas, uma vez que as pessoas sentiram realmente confiança mesmo vivendo na época em que vivemos, pois conseguimos garantir a sua proteção e, acima de tudo, o seu bem-estar, sendo este reforçado pela sinalização para clientes e colaboradores.
A comunicação interna tem de ser – agora mais do que nunca – mantida e aperfeiçoada. Realizaram ou vão realizar algumas campanhas neste âmbito?
A comunicação interna é em todos os momentos de uma empresa, fundamental. Com esta realidade que atravessámos, podemos dizer que esta assumiu o papel de protagonista na forma como atuámos e como gerimos as relações do dia-a-dia.
Se por um lado tivemos de pensar em todas as nossas pessoas que se mantiveram e mantêm na linha da frente, em informá-las, motivá-las e transmitir-lhes confiança, por outro tivemos a equipa do escritório central em teletrabalho, e aqui tivemos de adaptar toda a comunicação para o digital.
Foram dias em que os processos e todos os mecanismos de comunicação internos tiveram de ser rapidamente revistos e agilizados, de forma a não deixarmos ninguém de fora e estarmos todos na mesma página relativamente aos procedimentos a adotar.
Temos vindo a definir uma estratégia mais sólida de comunicação interna e foi notório que ao abraçarmos mais as ferramentas digitais de comunicação conseguimos também gerar mais escala e eficiência na forma como comunicamos.
Da mesma forma, manter as equipas motivadas foi e é um desafio, tendo em conta o contexto atual. A este nível, o que sentiram ser mais desafiante? E como responderam às necessidades das vossas pessoas?
O desafio surge a partir do momento em que tivemos de restringir as formas de comunicação e os convívios entre as nossas pessoas, uma realidade muito vivida por nós tanto nas lojas, como nas plataformas e escritório central.
Sendo o poder dos relacionamentos um dos nossos princípios orientadores, tivemos de arranjar formas de contornar a situação em segurança e respeitar todas as regras. Foram várias as medidas que tomámos para fazer face às questões com que nos deparámos.
Inclusivamente, nas nossas lojas tiveram de ser feitos esforços extra, tendo em conta todas as condicionantes impostas: restringimos o número de pessoas nos espaços comuns, tornou-se obrigatório a utilização de máscara, a sinalização da distância de segurança, criámos turnos de trabalho, regulação do cumprimento das regras de segurança, etc.
Relativamente às nossas pessoas que ainda se encontram em teletrabalho, o mais importante para continuar a motivá-las, centrou-se sobretudo, em dois fatores: garantir que o balanço trabalho/estar em casa era concretizado e manter a comunicação fluida e frequente entre as equipas, de forma a incluir todos.
Contudo a pedra basilar do nosso sucesso foi termos sempre apostado numa agenda centrada na cultura de empresa, no seu propósito e de garantir que os princípios que regem as nossas decisões estivessem vincados, fossem percebidos e vividos por todos na makro. É esta cultura que permite manter as pessoas unidas, manter um sentimento de pertença, confiança. Acredito que muitas das empresas que apostam mais no lado comercial e descuram um pouco o fomentar a cultura, sentiram mais dificuldade em garantir compromisso e motivação das suas equipas durante este último ano e meio atípico.
Mais do que nunca, o sentimento de união e pertença em situações como esta que vivemos, tem de ser trabalhado, mantido e partilhado por todos.
É também essencial que, cada vez mais, as empresas se saibam manter atrativas. Têm apostado no employer branding?
A makro, pela sua particularidade de negócio tem direcionado a sua comunicação ao nível do employer branding para as universidades. Contudo, queremos cada vez mais alargar esta comunicação e apostar numa boa imagem de empregador, que a makro realmente é.
Somos uma empresa realmente interessante, para não dizer das mais aliciantes, para trabalhar. Nas empresas de retalho é difícil conhecer os clientes e criar relação com eles, mas na makro, sendo o foco B2B, é fácil identificar, conhecer e fomentar relações com os clientes.
No âmbito da sua política interna de Employer Branding, a makro lançou o ano passado uma campanha nacional intitulada “Pessoas com M grande”, que visou reconhecer os colaboradores das várias lojas que estiveram e estão na linha da frente no que se refere à pandemia Covid-19.
Com esta ação quisemos realçar o nosso compromisso e agradecimento aos nossos colaboradores. Sem o seu empenho, motivação, compreensão e dedicação, teria sido muito difícil enfrentarmos esta pandemia.
Em linha com a nossa política de Employer Brandig, iniciámos em maio do ano passado um inquérito especial, designado Covid Pulse Check, apenas com 10 perguntas relacionadas com a situação atual que vivemos, de forma a compreender o impacto das nossas medidas de contingência durante os últimos meses. O COVID PULSE CHECK serviu não só para recebermos feedback direto das nossas pessoas como também ajudar-nos a delinear estratégias futuras para a companhia.
A nível de estratégia e política de gestão de RH, o que planeiam para o futuro?
A pandemia foi uma aprendizagem muito grande em todas as áreas e em Recursos Humanos não foi exceção. O futuro passa, cada vez mais, pela digitalização das operações, garantir que temos as pessoas certas alocadas às funções certas, apostar na formação e desenvolvimento e, sobretudo, dar continuidade ao valor da Comunicação Interna, pois uma boa comunicação mantém uma empresa unida. Fundamental é também apostar em liderança. Se houve algo que a pandemia mostrou ao mundo empresarial foi que as competências de liderança são fundamentais no que diz respeito à motivação e gestão de equipas.