No que diz respeito ao sobre-endividamento dos portugueses, para o Cetelem é muito importante ser e agir como ator responsável, afirma Paul Milcent.
É CEO do Cetelem, considerado Top Employer em Portugal, há um ano e lidera uma instituição de que se orgulha, porque a equipa, constituída por 692 profissionais, é extraordinária. Paul Milcent tem objetivos para cumprir, que exigem o bem-estar de todos os colaboradores e uma concessão responsável de crédito, conforme explica em entrevista ao InfoRH.
Há um ano no Cetelem, como descreve este período?
Espetacular! Foi um primeiro ano com muita aprendizagem e cheio de desafios. Mas, sobretudo, muito gratificante, como é sempre que conhecemos novas pessoas, culturas e realidades. É um orgulho liderar o Cetelem Portugal, até porque somos uma equipa extraordinária – top, mesmo. Não é por acaso que ganhámos pelo segundo ano consecutivo o estatuto de Top Employer em Portugal.
Os objetivos definidos aquando da sua chegada têm sido cumpridos?
Uns estão cumpridos e outros estamos a caminho de cumprir, porque não são projetos a um ano, mas de médio prazo. É um processo contínuo, que mantém como foco principal dar vida aos projetos de mais de um milhão de portugueses, juntamente com parceiros e as equipas. Este é um objetivo que se renova e é cumprido diariamente. E que passa, necessariamente, pelo bem-estar de todos nós, que somos os responsáveis pelo sucesso do banco.
O aumento do crédito ao consumo traz menos desafios à liderança de uma instituição como o Cetelem?
Pelo contrário, significa mais e maiores desafios. Desde logo, a preocupação com a concessão responsável de crédito, que faz parte do ADN do Cetelem, garantindo sempre, e em primeiro lugar, que preservamos a saúde financeira dos clientes. Por outro, os desafios associados ao crescimento, num cenário de aumento da concorrência, são também maiores. Neste contexto, procuramos equilibrar o curto prazo com uma visão a longo prazo.
Considera que o sobre-endividamento dos portugueses resulta de um apelo ao crédito ao consumo?
Para o Cetelem é muito importante ser e agir como ator responsável e isso está presente na assinatura da marca “Mais responsáveis, juntos” há mais de dez anos e que orienta a nossa ação. Recentemente, reforçámos também esta visão na nossa publicidade com o claim “Para projetos bem pensados, um crédito bem pensado”, onde assinalamos, por um lado, a importância dos consumidores pensarem bem nos projetos antes de os concretizarem e, por outro, que estamos ao lado das famílias portuguesas em todos os seus projetos importantes. Na prática, significa avaliar mais de 2.500 pedidos de créditos todos os dias, o que é uma enorme fonte de orgulho para os 692 elementos da equipa e mais de 3.300 parceiros, com quem, em conjunto, financiamos mais de 400 mil projetos por ano.
Considera que falta ao país educação financeira?
Tem sido feito um longo caminho, mas pode e deve ser feito mais. É um dever que sentimos diretamente. Dou um exemplo: os portugueses ainda não demonstram total à-vontade com expressões financeiras, como percebemos no último inquérito Observador Cetelem que fizemos sobre literacia financeira. Percebemos que embora tenha aumentado a percentagem dos que conhecem conceitos financeiros, existe também uma diminuição da percentagem daqueles que referem já ter ouvido falar, mas não sabem o que significam. Dito isto, há que salientar que a formação financeira é importante, mas também sabemos reconhecer que os diferentes atores têm feito trabalho neste sentido e vão continuar a fazer.
E são as instituições financeiras que têm a responsabilidade de promover a literacia financeira dos clientes?
Sim, e os portugueses também têm a mesma opinião. Por isso, no Cetelem, a responsabilidade económica é um dos nossos pilares da política de responsabilidade social. Entendemo-lo como um dever, porque isso significa contribuir de forma ativa para a promoção de uma sociedade informada, de clientes capazes de defender os seus direitos e conscientes dos seus deveres. Trabalhamos ao lado de outras instituições e apoiamos todas as iniciativas do Banco de Portugal que visem esta promoção. Para nós, a educação financeira começa também em todas as comunicações aos clientes para garantir que entendem os serviços e que depois selecionam o mais relevante para o seu caso. A promoção que fazemos da literacia financeira tem sido visível ainda em inúmeras ações, das sessões nas escolas, ao portal Notas em Dia, aos inquéritos Observador Cetelem Literacia Financeira, à última campanha publicitária, como referi.
Há que salientar que a formação financeira é importante, mas também sabemos reconhecer que os diferentes atores têm feito trabalho neste sentido e vão continuar a fazer.
O Cetelem foi considerado, recentemente, e pelo segundo ano consecutivo, como dizia, Top Employer. Que motivos estão na origem do reconhecimento e que repercussões tem na empresa e nos seus colaboradores?
Estamos cada vez mais focados e colocamo-los no centro da ação do banco, a par dos clientes, fazendo por ter equipas satisfeitas e isso passa por compreender o que sentem, reconhecer o trabalho, apostar no crescimento, promover a evolução e contribuir para o bem-estar. Como apontam a Joana e o Vasco, dois colegas que foram as caras da campanha Top Employer, há quatro motivos principais para o Cetelem ter sido distinguido: cultura de empresa, engagement, desenvolvimento profissional e diversidade de percursos profissionais. Para mim esta é a maior fonte de orgulho e motivação que encontro para o meu papel no banco, a par do feedback positivo que recebemos diariamente da equipa. E é um processo sem fim, porque podemos sempre melhorar a empresa, a satisfação da equipa e, finalmente, dos clientes.
Como CEO, que relação estabelece com o departamento de recursos humanos?
É uma estreita parceria. Claro que gostaria de ter mais tempo para estar ainda mais próximo, mas tenho acompanhado diretamente os temas relacionados com as equipas, a criação das boas condições para o seu crescimento e no desenvolvimento de uma organização focada nos desafios do futuro, com as pessoas certas e com um ambiente top e feliz.
“Porque somos melhores, juntos” é um dos lemas da Cetelem. Que política de RH preconizam e que práticas refletem a importância que os colaboradores assumem na empresa considerando a referida assinatura?
Significa que, quando colaboramos e trabalhamos em equipa, fazemos melhor e também que percebemos a importância de sermos pessoais, ou seja, focados em cada um de uma forma única. Claro que temos muito por fazer, mas temos melhorado muito, desde o recrutamento ao acolhimento dos novos membros, só para dar alguns exemplos.
É possível aos profissionais progredirem na instituição?
Sim, no Cetelem em Portugal e no mundo, mas também em processos de mobilidade dentro do Grupo BNP Paribas. É fundamental dar perspetivas de carreira e de evolução para manter as pessoas envolvidas, comprometidas e motivadas. Isso significa promover o seu desenvolvimento, acompanhando cada um na sua carreira.
Que programas de saúde e bem-estar desenvolvem?
Este é um dos pontos cruciais das nossas políticas de recursos humanos, sobretudo para promover o equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Neste domínio, tivemos um grande desenvolvimento, com particular destaque para o alargamento da flexibilidade de horários e, mais recentemente, com o Programa benefit+, que permite a cada um, de entre uma oferta alargada, escolher benefícios conforme as suas necessidades, totalmente à sua medida, desde formação, apoio à educação dos filhos, planos de saúde, entre outros.
Estamos cada vez mais focados e colocamo-los [os colaboradores] no centro da ação do banco, a par dos clientes, fazendo por ter equipas satisfeitas e isso passa por compreender o que sentem, reconhecer o trabalho, apostar no crescimento, promover a evolução e contribuir para o bem-estar.
Como é que se caracteriza o ambiente de trabalho que se vive na empresa?
É um ambiente descontraído e de proximidade, com muita cumplicidade e informal. Muito diferente, por exemplo, da banca tradicional. Isso tem que ver com as novas formas de trabalho que adotámos e que têm como objetivo sermos uma empresa cada vez mais digital e flexível. Também significa ir ao encontro da equipa que somos hoje: uma equipa dinâmica, sempre em atividade. Isso gera, por um lado, um ambiente altamente desafiante – procurado pelas gerações mais novas –, mas também seguro e estável.
Que futuro considera estar reservado ao Cetelem?
Vivemos uma enorme transformação e as formas de trabalho estão a mudar rapidamente e para melhor. A organização é hoje menos vertical, os fluxos de comunicação estão acelerados e intensificados. A tecnologia apresenta também grandes oportunidades para melhorar o dia-a-dia, tornando-nos mais eficientes, flexíveis e possibilitando, por exemplo, trabalho remoto, entre outros. São enormes oportunidades para um futuro que já começou.