Nos últimos 12 meses registou-se um grande crescimento do número de trabalhadores nas startups, com mais 50% dos trabalhadores a prometerem fazer o seu próximo passo de carreira para uma startup. François-Pierre Puech, Diretor da Robert Walters Portugal, partilha algumas reflexões sobre a temática.
À medida que a competição pelo talento se trava, François-Pierre Puech, Diretor da Robert Walters Portugal, partilha os seus pensamentos a respeito do porquê das startups estarem lentamente, mas seguramente a ganhar a batalha pelo talento.
O Acelerador de Carreira
Com estruturas relativamente planas e “Hands-on Founders & CEO’s” – os novos colaboradores podem encontrar-se alinhados na equipa de liderança sénior desde o primeiro dia. Ao assumir várias responsabilidades diferentes e trabalhar em estreita colaboração com os membros seniores da equipa, os ambientes de startup permitem-lhe provar o seu valor desde cedo, bem como conferem uma oportunidade para o seu trabalho ser reconhecido, se tiver tido um impacto direto no negócio.
Ao contrário das estruturas corporativas, os líderes poderão ver claramente o seu envolvimento nas fases iniciais de um projeto até à conclusão, e como resultado, a taxa de avanço nas startups tende a ser muito mais rápida.
Não é, portanto, surpreendente constatar que mais de metade dos profissionais (52%) estariam dispostos a aceitar um corte salarial e a aderir a uma startup, se vissem uma oportunidade de progredir muito mais rapidamente do que fariam dentro de uma configuração corporativa.
Mais de metade dos profissionais (52%) estariam dispostos a aceitar um corte salarial e a aderir a uma startup, se vissem uma oportunidade mais rápida de progredir na carreira
Mentalidade de Escala
As startups são projetadas para ter um elevado potencial de crescimento – e, por isso, não é surpreendente ver que, em média, as decisões são processadas 4x mais rapidamente numa startup do que dentro de uma grande empresa (250+ colaboradores).
A mudança e o ritmo acelerado de uma startup manterão os colaboradores em alerta, encorajando-os a desenvolver novas competências à medida que vão avançando, “empurando” limites para além da descrição inicial do trabalho.
Ao trabalhar para uma startup, vai entender como toda a empresa funciona e desenvolver a perspicácia comercial não esperada de si (baixa em estruturas corporativas).
As decisões são processadas 4x mais rapidamente numa startup do que dentro de uma grande empresa
Alguns líderes de startups argumentam que estas lições de negócio no trabalho são, de facto, melhores do que um MBA. O nosso inquérito revelou que 33% dos profissionais estão a deixar os seus empregos corporativos para “experimentar algo novo”, com mais 15% a procurar requalificar.
Cultura
Ser membro da equipa de uma startup vem com grandes responsabilidades. Não importa qual seja o seu título, o seu trabalho terá impacto no crescimento e sucesso da empresa – por sua vez, isso vai fazer com que sinta que o trabalho que está a fazer tem um propósito real e é uma enorme motivação.
De facto, um terço dos profissionais (34%) afirma que a razão pela qual se mudam para uma startup é para assumir um trabalho desafiante e interessante – com muitos a afirmarem que as competências que adotam na auto-gestão e na prioridade de tarefas passam depois para a sua vida pessoal.
34% dos profissionais afirmam que a razão pela qual se mudam para uma startup é para assumirem um trabalho desafiante e interessante
Trabalhar para uma startup de crescimento rápido pode ser uma experiência intensa, por isso vai inevitavelmente tornar-se mais proativo e ambicioso fora do trabalho também. Estará constantemente a pensar em como melhorar as coisas, estar mais atento aos problemas e como resolvê-los, e tornar-se mais aberto a novas culturas e formas de pensar. Também vai aprender a amar desafios e até mesmo a procura por estes!
Espírito de Equipa
Quase metade dos profissionais (42%) afirma que o valor mais importante quando se procura um futuro local de trabalho são “colegas e cultura que os inspiram a dar o seu melhor” – é por isso que a cultura da empresa em startups é algo a ser valorizado.
Devido ao seu tamanho menor, as startups tendem a fomentar um ambiente próximo e colaborativo, que encoraja as pessoas a ajudarem em tarefas fora das suas atribuições originais.
Estará rodeado de pessoas altamente trabalhadoras, talentosas e ambiciosas dispostas a fazer o impossível. Há uma enorme motivação para aprender com os outros e contribuir com o seu próprio conhecimento e experiência.
As startups tendem a fomentar um ambiente próximo e colaborativo, que encoraja as pessoas a ajudarem em tarefas fora das suas atribuições originais
As startups muitas vezes favorecem uma estrutura fluida sobre uma rígida hierarquia de inspiração corporativa, permitindo uma discussão aberta e cooperação entre todos os membros da equipa. Não é de estranhar, então, que 30% dos profissionais afirmam que o mais apelativo numa startup é a estrutura de gestão aberta e eficaz.
Diversidade em Todos os Sentidos
As startups têm um foco central em encontrar os melhores talentos, que podem ajudar a alcançar os seus objetivos ambiciosos, e como resultado remover qualquer tipo de barreiras socioeconómicas ou geográficas para encontrar as suas estrelas.
Como resultado, não é de estranhar que numa startup se depare com todo o tipo de colegas de trabalho, de todo o tipo de nacionalidades, origens e ideologias – e devido à pequena natureza das equipas haverá naturalmente um amplo crossover a trabalhar com colegas com diferentes conjuntos de competências ou estilos de trabalho. Este forte ambiente multicultural pode abrir a sua mente para além do trabalho e das tarefas e também leva os colaboradores a terem uma visão global.
A diversidade de tarefas ajuda-o a desenvolver novas competências muito rapidamente, além de que muitas vezes estará a aprender diretamente com o fundador da empresa e/ou colaboradores seniores.
Esta é uma oportunidade inestimável quando se está na fase inicial da sua carreira; não só o vai manter estimulado no seu papel do dia-a-dia, como também lhe dará a oportunidade de descobrir o que mais lhe interessa e descobrir naquilo que é melhor.
Inovação
As startups são diferentes das empresas tradicionais, principalmente porque se baseiam numa inovação disruptiva, criada para resolver um “problema” percebido no mercado.
Juntar-se a uma startup significa adotar uma mentalidade “fora da caixa” – uma capacidade de pensar com os pés e ser criativo com pequenos orçamentos e menos recursos. A autonomia não é considerada uma regalia dentro de uma startup, mas um dado adquirido – na verdade, é a razão pela qual 28% dos profissionais deixam um emprego empresarial para se juntarem a um negócio recém-estabelecido.
Juntar-se a uma startup significa adotar uma mentalidade “fora da caixa”
No entanto, nem tudo é “pequeno” – de forma a ajudar a sua criatividade, vai encontrar-se a aprender e a utilizar diariamente as ferramentas e plataformas mais modernas e inovadoras.
Estratégia de Saída
Muitas startups têm em mente uma “estratégia de saída”, o que significa que trabalhará para um prazo ambicioso desde o início. As metas de crescimento serão ambiciosas, mas se forem alcançadas pela equipa, poderão receber dinheiro de rondas significativas de financiamento, uma vez que as ações são muitas vezes oferecidas como parte dos pacotes de emprego como forma de competir com os salários das empresas.
Numa startup, o seu trabalho árduo pode pagar, por vezes, 10x o valor que obteria em bónus corporativos anuais dentro de cinco/sete anos.
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