Autora: Margarida Terra, People & Talent Specialist na Nutrium
Há alguns anos, bastava a promessa de um bónus pela altura do Natal para rotular uma empresa como preocupada com os seus colaboradores. Mas, nos dias de hoje, isso deixou de ser suficiente. As novas gerações que entram no mercado de trabalho procuram cada vez mais um equilíbrio saudável entre a vida profissional e pessoal, o que se estende a uma grande variedade de fatores.
O salário continua a ser um dos pontos mais valorizados na retenção de talentos, mas deixou de ser o único ponto relevante. Agora, quando procuram trabalho (e quando ponderam a possibilidade de deixarem o seu atual emprego), os colaboradores estão atentos a todo o conjunto de regalias oferecidas por uma empresa.
Um dos pontos de relevo na retenção de colaboradores é o envolvimento nos processos de decisão da empresa- por outras palavras, a possibilidade de ter uma voz ativa e participar na criação de estratégias para a evolução do seu trabalho.
Outro ponto importante, e que tem vindo a ganhar destaque, é o dos benefícios extrassalariais ligados ao bem-estar e à saúde. Exemplos disso são os programas de oferta de subscrição no ginásio, promoção de aulas de yoga, oferta de consultas de nutrição ou a aposta em programas de apoio mental.
Um dos pontos de relevo na retenção de colaboradores é o envolvimento nos processos de decisão da empresa – por outras palavras, a possibilidade de ter uma voz ativa e participar na criação de estratégias para a evolução do seu trabalho
Os resultados do estudo “Happiness Works”, que avalia o nível de felicidade nas organizações em Portugal, espelham bem esta nova realidade. Segundo dados de 2021, os trabalhadores felizes faltam menos 36%, têm menos 45% de vontade de mudar de empresa e sentem-se 9% mais produtivos.
Estes dados apontam para uma conclusão incontornável: torna-se essencial as empresas apostarem em benefícios extralaborais que promovam o bem-estar dos seus colaboradores, de forma a conseguirem reter talentos de forma consistente.
Mas o passo seguinte é menos claro: como escolher o benefício adequado à nossa empresa?
O benefício escolhido deve ser sempre o que será mais valorizado pelos colaboradores e, ao mesmo tempo, o que se irá refletir mais positivamente na empresa. Poderá fazer sentido optar por programas ligados à saúde mental, nutrição, exercício físico, família, ou outros, de acordo com as necessidades sentidas pelos colaboradores.
Vejamos, por exemplo, o caso de um programa de intervenção na área da nutrição. Se olharmos para estatísticas relacionadas com a saúde no nosso país, rapidamente percebemos que os maus hábitos alimentares afetam grande parte dos portugueses, e que este é um problema que deve ser combatido.
Hoje, 5,9 milhões de portugueses têm excesso de peso e mais de 1/3 da população é hipertensa. Os problemas cardíacos são uma das maiores causas de mortalidade em Portugal todos os anos.
A má nutrição está na base de todos estes problemas e outros, como dificuldades de sono ou dores de coluna e pescoço, acabando por agravá-los. Isto afeta não só a produtividade de um colaborador, mas também toda a sua vida pessoal e profissional. A nutrição pode ajudar (e muito), atuando não só na reversão destes problemas mas, sobretudo, na prevenção dos mesmos.
Mas não é só na retenção de colaboradores que os benefícios extrassalariais se revelam promissores: a oferta deste tipo de regalias também pode ter um grande impacto económico nas empresas. Segundo investigadores da Universidade de Harvard, a adoção de programas de bem-estar leva a poupanças para as empresas logo no primeiro ano.
Mas como podem estes programas levar a poupanças numa empresa? Vejamos: uma equipa de 50 pessoas a ganhar o salário médio em Portugal perde mais 150.000 euros, anualmente, devido a maus hábitos alimentares e pode ver a sua produtividade afetada em até 20%.
Qualquer mudança positiva nos hábitos de saúde dos colaboradores pode, portanto, levar a poupanças significativas no seio de uma empresa, através da diminuição do absentismo, baixas por doença e custos com seguro de saúde. Por outro lado, ajuda a aumentar os níveis de energia e performance dos colaboradores, melhorando o seu desempenho e resultados.
Vejamos: uma equipa de 50 pessoas a ganhar o salário médio em Portugal perde mais 150.000 euros, anualmente, devido a maus hábitos alimentares e pode ver a sua produtividade afetada em até 20%
A oferta de benefícios para a retenção de talentos começa a ser incontornável, e as empresas devem prestar-lhe mais atenção do que nunca. Porque o maior desafio de qualquer organização não é apenas atrair os melhores talentos, mas manter os seus colaboradores felizes e realizados.
Artigo publicado na edição n.º 142 da RHmagazine, referente aos meses de setembro/outubro de 2022.
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