Empresas capazes de escalar a inovação tecnológica geram o dobro do crescimento em receitas, diz estudo da Accenture.
A consultora analisou mais de 8 300 organizações, em mais de 20 indústrias e 20 países, tendo em conta três dimensões importantes: adoção de tecnologia, profundidade desta adoção e capacidade organizacional e cultural. Ao atribuir uma pontuação a cada um destes fatores-chave, o estudo determinou quais eram as empresas “leaders” (primeiras 10%) e as “laggards” (últimas 25%).
Ao analisar os indicadores de desempenho desde 2015 e com projeções até 2023, o estudo da Accenture identificou a relação entre a adoção da tecnologia e o valor alcançado, constatando que as receitas das empresas “leaders” cresciam duas vezes mais do que as “laggards”. Além disso, as empresas classificadas como “laggards” foram responsáveis por perdas de 15% da receita anual só em 2018, podendo vir a perder potencial de crescimento de 46% das receitas até 2023 se não mudarem a sua abordagem à tecnologia.
Fundamentalmente, as empresas “leaders” acreditam que humanos e máquinas podem fazer sobressair o que há de melhor em cada um, em simultâneo com o reforço das parcerias entre as organizações e os seus ecossistemas. Esta é uma das razões pelas quais as empresas estão motivadas a criar os chamados “Future Systems”, que o estudo define da seguinte forma:
- Sem barreiras: Os sistemas sem barreiras aproveitam os limites pouco definidos no universo de IT, entre organizações, humanos e máquinas para criar espaços novos de promoção de ideias e parcerias.
- Adaptáveis: Os sistemas adaptáveis aprendem, melhoram e adaptam-se por si mesmos, eliminando os obstáculos que atrapalham o crescimento dos negócios e capacitando os seres humanos a tomar melhores decisões e exponencialmente mais rápido.
- Radicalmente humanos: Os sistemas radicalmente humanos falam, ouvem, veem e compreendem como os seres humanos, trazendo simplicidade a cada interação homem-máquina e criando vantagens para o futuro.
O estudo da Accenture concluiu ainda que as empresas “leaders” exibem uma mentalidade e uma abordagem distintas perante a adoção de tecnologia em toda a empresa e a transformação organizacional – por norma, em forte contraste com as empresas “laggards”.
Especificamente, as empresas “leaders” estão a:
1 – Adotar tecnologias rápidas e flexíveis: estas empresas estão a adotar tecnologias como a IA a uma taxa de 98% em comparação com apenas 42% das empresas “laggards”. As empresas “leaders” estão também a utilizar soluções que permitem dissociar dados, infraestrutura e aplicações. Na realidade, a adoção de tecnologias como DevSecOps, microservices e containers pelas empresas “leaders” supera as empresas “laggards” por uma vasta margem: 97% para 30%.
2 – Adotar a cloud: As empresas “leaders” estão muito mais avançadas no que diz respeito à adoção da cloud como forma de alavancar outras tecnologias, incluindo IA e analytics. A esmagadora maioria das empresas “leaders” (95%) vê a cloud como um catalisador para a inovação, em comparação com apenas 30% das empresas “laggards”.
3- Tratar os dados como um ativo corporativo: 90% das empresas “leaders” tomam medidas para garantir a qualidade da informação em vez de confiarem em dados que não foram verificados ou que são potencialmente tendenciosos. Isto significa que 94% das empresas “leaders” confiam que os seus dados são credíveis o suficiente para impulsionar mudanças no negócio, em comparação com apenas 64% das empresas “laggards”.
4- Gerir o investimento em tecnologia de forma integrada: As empresas “leaders” estão a alcançar um melhor alinhamento do negócio ao quebrarem efetivamente as barreiras entre o IT e os outros departamentos.
5 – Aumentar o seu talento: As empresas “leaders” estão a utilizar formação experiencial quase três vezes mais do que as empresas “laggards”: 73% versus 24%. A utilização de IA e das advanced analytics, em áreas como a formação personalizada – prevendo as competências necessárias dos colaboradores e a correspondência das competências a adquirir dos colaboradores com os módulos de aprendizagem – está a ser feita por 87% das empresas “leaders”, mas apenas por 35% das empresas “laggards”.