A Aubay Portugal, consultora de sistema de informação, tem desenvolvido inúmeras iniciativas com um objetivo: manter as suas pessoas felizes. Esta foi a primeira empresa em Portugal a criar o cargo de Happiness Manager, mas, com a experiência e com o tempo, a organização apercebeu-se de que essa função vai além de uma só pessoa. Por isso, as iniciativas que visam cuidar e promover a felicidade no trabalho têm sido mais que muitas, e a RHmagazine foi conhecer algumas delas e perceber como a Aubay manteve a sua cultura neste contexto disruptivo.
A empresa mantém como mote «Ser Inovador é Humano». Numa altura em que o mercado sofre profundas alterações, a Aubay Portugal procura marcar a diferença pela «forma humana e inovadora» como trata as suas pessoas. Quem o diz é João Rodrigues, Head of Talent Development & Employer Branding da Aubay Portugal, que descreve a forma como a empresa cuida e gere as suas pessoas como sendo «próxima, preocupada, aberta, transparente e acolhedora». Os próprios colaboradores partilham essa opinião, de acordo com a recente ação de employee branding feita no LinkedIn pela empresa.
Cuidar e gerir, mantendo a essência cultural e empresarial
Presentes em Portugal desde 2007, esta organização conta já com cerca de 950 colaboradores – ou Aubilous, nickname carinhoso usado internamente. «O ambiente positivo, divertido, acolhedor e familiar é sentido habitualmente por colaboradores, clientes, fornecedores e todos os que connosco se cruzem». Segundo João Rodrigues, esta essência da empresa já se encontra 100% presente no ADN dos colaboradores.
Para este profissional, cuidar e gerir passa por dar e receber feedback constantemente, e foi isso que a empresa manteve em mente na hora de dar nome ao modelo de acompanhamento de carreira, o «Ciclo de Feedback & Coffee»: «Os feedbacks formais e informais são fundamentais. Estar constantemente a ouvir as pessoas é crucial para gerir bem as suas expectativas, e sempre que nos tentamos aproximar dessas expectativas estamos a contribuir para um ambiente mais propício ao bem-estar, satisfação e motivação de todos.»
Com a pandemia a alterar abruptamente os modelos de negócio e as formas de trabalhar, a Aubay Portugal procurou adaptar-se a todos os níveis, de forma a manter o seu mote e os seus valores: «2020 levou-nos, de facto, a revisitar a nossa cultura. Não a sua essência, mas a forma como a praticamos no dia a dia.» Um dos desafios passou por reinventar a forma como a estratégia de employer branding é aplicada na prática – agora num contexto totalmente novo e igualmente incerto. De acordo com João Rodrigues, «apostar, disseminar e defender a nossa cultura é investirmos diretamente no nosso negócio».
Happiness Manager: uma função de um ou de todos?
A Aubay foi a primeira empresa a ter o cargo de Hapiness Manager em Portugal. A criação deste cargo foi, para esta organização, «uma forma de tentar personificar a cultura da empresa, que está vincada desde a sua génese, e transmitir uma mensagem clara e diferenciada da forma como as pessoas e o seu bem-estar sempre foram importantes para a Aubay».
Segundo João Rodrigues, a criação deste cargo fez a diferença, pois possibilitou que uma só pessoa tivesse o foco total nas matérias que envolvem o bem-estar dos colaboradores. No entanto, a experiência mostrou à Aubay que não é obrigatório ter uma pessoa exclusiva que comporte essas funções para se atingir uma cultura de felicidade empresarial. Por essa razão, optaram por, desde o início do ano, não ter uma pessoa específica com esse papel: «Numa realidade de mais de 950 pessoas, a felicidade nunca poderá estar associada a uma única pessoa ou departamento, mas sim à empresa como um todo.»
Assim, João Rodrigues acredita que o trabalho de um Happiness Manager é um trabalho de todos os líderes e gestores de equipa, pois «são quem faz a verdadeira diferença diariamente no terreno». É, neste momento, a equipa deste profissional que se encontra responsável por «contribuir ativamente para que todas as pessoas tenham uma experiência positiva com a Aubay, através da criação de ferramentas, programas, projetos, processos e experiências que permitam viver, fomentar e disseminar a cultura».
Como manter os colaboradores felizes?
A verdade é que não é tarefa fácil manter a motivação dos colaboradores remotamente. Mas João Rodrigues acredita que não é impossível: «Se à esperança de que as coisas vão melhorar e que nos vamos voltar a ver em breve aliarmos o esforço e dedicação de demonstrar iniciativa para dar constantemente provas de “amor” à outra parte, as relações à distância são possíveis de se manter de forma saudável e duradoura.»
Para que tal seja efetivamente possível, a Aubay criou a #AubayLifestyle, uma espécie de newsletter semanal que assim se assumiu desde abril de 2020. Nesta newsletter, a empresa comunica com as suas pessoas através de sugestões, iniciativas e informações, com o objetivo final de dar ideias para a ocupação dos tempos livres. As sugestões vão desde sorteios semanais, a dicas e sugestões de filmes, receitas ou livros, passando por desafios nas redes sociais, divulgações de ações de formação, ou até destaques internos. Com este leque alargado de possibilidades, a Aubay tenta abranger os mais variados e possíveis interesses dos seus colaboradores.
Além desta iniciativa, a empresa tem também realizado vários teambuildings digitais, «juntando algumas equipas em momentos descontraídos e divertidos com jogos e desafios». E, na tentativa de manter as tradições, em setembro a empresa fez a rentrée em formato digital, e enviou aos colaboradores um kit #AubayHappiness, com um convite para o espetáculo de stand-up comedy de Guilherme Duarte, um cartão de agradecimento por parte do CEO, e uma toalha de piquenique da Aubay.
«A forma que temos encontrado para o fazer, para além de implementar iniciativas como estas, tem sido através daquilo em que acho que somos melhores: estarmos sempre disponíveis para ouvir as nossas pessoas. Mas sabemos que ouvir e estar disponível não chega, pelo que procuramos agir e não deixar ninguém sem resposta, pois quando se fala em felicidade corporativa nunca podemos deixar de lado este binómio: receber e dar feedback», acrescenta o profissional.
- Desenvolvimento de talento e aposta na formação digital
Já ao nível do desenvolvimento de talento, a Aubay tem apostado «de forma mais acentuada e consistente desde 2018» na formação, com a criação da Academia. Desde 2018, «foram ministradas mais de 40 mil horas de formação na Aubay Portugal». João Rodrigues adianta que há um «forte incentivo à formação interna», e vários especialistas se têm «aprimorado e destacado enquanto formadores e/ou mentores». A aposta na formação por parte da Aubay tem conjugado formações de catálogo, com webinars, e formação à medida das necessidades individuais, «identificadas na interação entre líderes e liderados que despoletam pedidos diretos à Academia de soluções como mentorias técnicas, sessões de coaching, formações em equipa, e-learnings individuais, cursos de preparação para certificações, workshops, entre outras soluções».
De acordo com este profissional, o acompanhamento de carreira próximo por parte das lideranças teve de ser também reinventado, o que resultou numa transformação dos «pontos de situação mais alargados e espaçados no tempo em pontos de situação constantes, com vista não só às necessidades de desenvolvimento como também à perceção de bem-estar e motivação das nossas pessoas».
- Um ano diferente, mas com resultados positivos
Apesar do surgimento da pandemia e das restrições que afetaram também brutalmente o funcionamento das empresas, a Aubay conseguiu terminar o ano com resultados positivos. «Não diria que houve maior procura, houve sim maiores flutuações da oferta e da procura, com semanas e meses muitos distintos». João Rodrigues confessa que o segundo trimestre se revelou complicado, pois sentiram «uma contração generalizada do mercado, fruto do confinamento total e da incerteza do futuro». Este profissional adianta que os meses de junho e julho «voltaram a animar o mercado, enquanto agosto trouxe um novo abrandamento». Já em setembro, veio uma retorna, que se traduziu em «mais solicitações e maior volume de negócios», o que permite à Aubay terminar o ano com um crescimento de aproximadamente 20% de volume de faturação e de 8% em termos de headcount, face a 2019.
Para que este crescimento fosse possível, foram vários os vetores de negócio que contribuíram. João Rodrigues revela alguns: «Destaco o crescimento da nossa área de Nearshore, onde temos cada vez mais projetos com clientes internacionais, o reforço na área de Projects & Services Solutions, que nos permite oferecer aos nossos clientes um leque mais alargado de soluções à medida das suas necessidades, e ainda a angariação de novos clientes e consolidação de relação com clientes de longa data na área de Professional Services.» Os resultados obtidos deixam a Aubay otimista quanto ao próximo ano: «Em 2021, estimamos ultrapassar os mil colaboradores em Portugal.»
Testemunho de João Rodrigues, Head of Talent Development & Employer Branding – Ensinamentos e desafios em RH
«Este período pandémico trouxe com ele vários desafios pessoais e profissionais, mas também muitos ensinamentos e, acima de tudo, permitiu eliminar ou minimizar alguns estigmas. Desde logo o teletrabalho, algo que já praticava e incentivava a minha equipa e restantes departamentos a fazer, mas numa lógica mais pontual (em média, uma vez por semana). Sempre acreditei no equilíbrio entre o trabalho presencial e o trabalho virtual, pois conjugados podem levar-nos a um desempenho superior, talvez não tão visível em termos de eficácia, mas acima de tudo em eficiência. O teletrabalho veio estimular o aumento da confiança nos outros, na perceção de interdependência entre pessoas e áreas, na mais-valia do ambiente físico de trabalho, mas também do respeito pelo tempo que devemos destinar à nossa vida pessoal. A pandemia foi a causa e o teletrabalho a consequência, mas acredito que o teletrabalho tem sido a causa de muitas consequências positivas que estão e vão ocorrer nas empresas e, acima de tudo, nas práticas de RH e nos estilos de liderança. Posto isto, um dos ensinamentos é não nos deixarmos amedrontar por estigmas, e não há nada como experimentar e ver as consequências das ações. Fazendo pequenos pilotos com pequenos grupos e depois de analisados os resultados, implementar/alargar a toda a população tem-se revelado uma boa prática e na Aubay é algo que defendemos e praticamos.
Outros ensinamentos que acredito que todos os profissionais de RH vão retirar deste período e que vão disseminar nas suas empresas e junto das lideranças é que confiar, delegar e descentralizar são crenças e comportamentos fundamentais para que as empresas prosperem no mundo atual e principalmente junto das novas gerações. Por outro lado, ter uma marca de empregador forte é crucial para quem pretende atrair, motivar e reter pessoas, pois vivemos cada vez mais expostos, e a forma como tratamos e cuidamos das nossas pessoas é visível a todo o mercado. Comunicar com verdade é crucial para que as estratégias de gestão de pessoas possam ser exequíveis e eficazes.
Talvez um dos maiores ensinamentos que a pandemia nos trouxe é que as empresas devem conseguir mediar entre estratégias de longo prazo e táticas operacionais de curto-médio prazo, que lhes permitam ser totalmente flexíveis e com isso fazer face aos desafios inesperados que possam surgir.
Por último, nunca como agora ter uma liderança forte, uma equipa confiável, uma cultura enraizada, sustentabilidade de negócio, ética e solidez financeira foram tão cruciais para a subsistência das empresas, mas mais uma vez foram, são e serão as pessoas o centro de toda e qualquer mudança. Posto isto, o maior de todos os ensinamentos é que todos são importantes, mas nunca como agora a função de gestor de recursos humanos foi tão visível e em muitos casos valorizada. Somos e devemos ser cada vez mais interventivos e estratégicos nas nossas organizações, pois desde que o tema envolva pessoas e cultura nós teremos sempre algo a dizer e/ou a fazer.»
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