A RHmagazine falou com Carlos Vieira, o novo diretor executivo da formação executiva da Católica Porto Business School (CPBS), sobre aquela que, a seu ver, foi a evolução do mercado de formação de executivos, ao longo do tempo. Nos últimos anos, tem havido uma intensificação na procura de soft skills melhoradas, perante a ideia cada vez mais generalizada de que as competências técnicas, por si só, não chegam. Para além do mercado, Carlos Vieira fala-nos da adaptação da formação da CPBS à pandemia e dos objetivos da instituição para o futuro. Sustentabilidade, liderança, estratégia e operações são áreas a reforçar na oferta formativa.
Tendo iniciado o seu percurso na área da educação em 2007, ano em que assumiu o cargo de CEO do Grupo Ensinus, como descreve a evolução do mercado de formação de executivos?
A evolução do mercado apresenta um cenário de constantes disrupções. Uma das mais significativas é que quem procura formação a nível empresarial, para os seus colaboradores, não só procura obter conhecimentos técnicos fundamentais para as suas atividades, mas também conceder competências adicionais, que permitam pensar “fora-da-caixa”. Ou seja, as organizações procuram hoje que os seus trabalhadores possam ter capacidade interventiva na sua organização, e que lhes conceda a possibilidade de evoluir para além do seu departamento. Esta é uma realidade que tem evoluído significativamente. Da mesma forma, os alunos, individualmente, já não se baseiam só no reforço das suas competências “clássicas”, mas percebem que devem conseguir um conhecimento mais transversal, que lhes permita ter mais ferramentas para crescimento profissional e pessoal. Por fim, nestes últimos 15 anos há um reforço da procura generalizada de soft skills melhoradas, dado que há uma perceção de que o sucesso profissional (e pessoal, reitero) passa por maiores e melhores capacidades comportamentais.
Estamos cientes de que assumiu o novo cargo na Católica Porto Business School há relativamente pouco tempo (cerca de um mês), mas o que nos pode dizer relativamente à forma como tem evoluído a oferta de formação de executivos nesta instituição?
Posso dizer que há um pilar fundamental que tem acompanhado a oferta ao nível da formação de executivos da CPBS que é o equilíbrio permanente entre a visão académica e a perspetiva das diversas indústrias em que se intervém. Esta realidade está muito ancorada no desenvolvimento de atividades de investigação e de desenvolvimento de estudos que nos tem permitido uma ligação permanente com a comunidade educativa.
É dessa interação permanente que a grande maioria da formação da CPBS vai beber, permitindo que exista uma efetiva ligação entre Academia e Indústria.
A pandemia de covid-19 deu um impulso à transformação digital nas empresas. Em relação ao ensino, os formatos e-learning e blended learning foram a realidade possível. De que forma a CPBS adaptou as suas formações de executivos ao “novo normal”?
Esta é uma questão de resposta complexa. Se é um facto que face à pandemia as alterações de emergência que foram implementadas permitiram um aparente business as usual, a realidade é que para a CPBS o modelo presencial é o que se considera o mais eficaz para os objetivos de aprendizagem e de relacionamento de alunos e também de professores. A estratégia que adotámos foi a de permitir, com excelentes condições técnicas, que, caso exista algum impedimento com algum dos nossos alunos, este possa participar nas sessões de formação online. Mas, reforço, o modelo presencial é o que consideramos preferencial. Para além disso, temos aumentado a nossa oferta de cursos de mais curta duração num modelo online, preferencialmente de forma síncrona, o que tem permitido um alargamento da base de recrutamento de alunos.
E qual tem sido o feedback dos alunos?
O feedback tem sido positivo. No ano e meio que passou, em que tivemos de atuar em modo online, conseguimos atingir os objetivos da escola e dos alunos. No caso dos cursos já construídos integralmente em regime online, o feedback tem sido excelente.
Quais os aspetos positivos que retiraram destas mudanças?
É sempre difícil pensar em aspetos positivos. Mas julgo que a adaptação geral a um ambiente tecnológico reforçado foi benéfica para todos. Para professores, funcionários e alunos.
Obrigou-nos a todos a rever alguns dos nossos preconceitos em relação à tecnologia e esta realidade mudou muito do mindset de muitas pessoas que pensavam, anteriormente, que não tinham as capacidades técnicas suficientes para trabalhar em modelos tecnologicamente mais avançados.
Em alguns casos, tivemos excelentes surpresas na reação das pessoas.
Enquanto novo diretor executivo da formação executiva da CPBS, que perspetivas tem para o futuro? O que pretende acrescentar ao trabalho até então desenvolvido pela instituição nesta área?
Mais uma pergunta complexa. O facto é que chego num momento bom da Escola em que o foco passa por libertar alguns dos dirigentes académicos de funções mais comerciais e organizativas, por forma a que dediquem ainda mais do seu tempo ao desenvolvimento das outras áreas fundamentais para o sucesso da Católica Porto Business School, designadamente a área da investigação e do desenvolvimento de mais oferta formativa conducente a grau (licenciaturas, mestrados e doutoramentos). Adicionalmente, pretendemos aumentar as áreas de formação, com um reforço nas áreas da Sustentabilidade, Liderança, Estratégia e Operações. Este desiderato necessita de um aumento das parcerias com a Indústria, reforçando a relação com os stakeholders da Católica Porto Business School, promovendo o desenvolvimento de projetos da Escola com as outras faculdades da Universidade Católica e com Associações Empresariais. Este é um trabalho que requer tempo e que pretendo ajudar a conseguir atingir.