Um relatório global da Nielsen revela que as mulheres europeias ainda sentem desigualdade de género e procuram, cada vez mais, equilíbrio nas suas responsabilidades diárias. Apesar de a Europa Ocidental ser uma das regiões onde são mais evidentes as conquistas de paridade de género, as mulheres sentem ainda desigualdade no trabalho, a nível financeiro e em casa. A realidade é que as mulheres continuam a assumir a maior parte das responsabilidades domésticas, e são, em média, 91% as que afirmam ter responsabilidade partilhada ou total pelas compras diárias, tarefas domésticas e preparação de refeições.
O InfoRH foi falar com Patrícia Daimiel, Directora General da Nielsen Iberia sobre este e outros temas.
Patrícia, conte-nos como é o seu dia a dia na Nielsen.
Emocionante e dinâmico, imagino que como o de qualquer líder numa grande organização. Conduzo reuniões regulares com clientes e com a equipa, para os manter informados acerca do que está a acontecer na organização a nível global, e na indústria a nível regional e local. Organizo também reuniões de comunicação, para que cada departamento possa apresentar os projetos em que está a trabalhar, de forma a tomarmos decisões ágeis e concretas. A comunicação e a tomada de decisões inclusivas são os dois principais eixos do meu dia-a-dia.
A Nielsen está presente em mais de 100 países. Como está composta a vossa equipa em Portugal?
Em Portugal, a Nielsen conta atualmente com aproximadamente 200 colaboradores. Esta vasta equipa trabalha todos os dias com o objetivo de apoiar os nossos clientes (as mais prestigiadas marcas de grande consumo), medindo a sua performance de mercado, entendendo o comportamento do consumidor, diagnosticando e resolvendo questões de vendas e identificando e conquistando oportunidades de crescimento globais. Graças à elevada qualificação dos nossos Recursos Humanos, existe uma grande aposta em desenvolver o negócio em Portugal, investindo em centros de serviços partilhados que operam globalmente.
Que importância dá aos temas da gestão de recursos humanos na estratégia da organização?
A gestão dos Recursos Humanos da Nielsen começa por incorporar nas nossas equipas pessoas que acreditam e promovem o propósito da nossa empresa no mercado: trazer confiança e transparência aos mercados em que operamos, de forma a apoiar os nossos clientes e a indústria no seu crescimento contínuo, contribuindo também para impulsionar a economia local. Para além disso, é para nós fundamental que as nossas pessoas sejam embaixadoras dos valores da Nielsen. O nosso foco é dar-lhes suporte para que desenvolvam todo o seu potencial e cresçam na sua carreira, atingindo os seus objetivos.
“Enquanto líder, convido toda a equipa a questionar, opinar e participar na discussão em curso. Centro-me apenas no que consigo fazer, o resto é delegado a outros membros da equipa.”
A gestão deve estar ao serviço da organização e da sua equipa, capacitando-a e facilitando o cumprimento dos seus objetivos. O papel do líder consiste em clarificar a visão, dar rumo e sentido ao que fazemos e transmitir a estratégia; é um papel de guia.
A Nielsen tem 55,5% de mulheres em posições diretivas. Como fomentam a igualdade de género da empresa?
Não apenas mulheres, também profissionais que representam todas as minorias. Temos interiorizada, enquanto organização, a necessidade de promover profissionalmente todas as diversidades e, de facto, dentro da empresa temos movimentos ad hoc constituídos com este propósito. Para além disso, associamo-nos a diferentes iniciativas, tais como a LEAD, a principal plataforma no mercado de Bens de Grande Consumo no que diz respeito à diversidade, liderança e inovação, e que celebrou a sua conferência anual no passado mês de novembro, em Madrid. Em suma, promovemos a igualdade através de iniciativas concretas e estratégicas.
A responsabilidade do líder na Nielsen para com a diversidade e a inclusão fundamenta-se em compreender que ter equipas de pessoas diversas e utilizar essa diversidade para gerar inovação e melhores decisões é uma vantagem competitiva, para além de ser a atitude mais correta a tomar. Somos impelidos a envolvermo-nos ativamente na liderança da mudança.
A Patricia Daimiel é uma proponente do Servant Leadership. Através de que ações desenvolve esta nova forma de liderar?
Estamos a implementar mudanças na organização orientadas à filosofia denominada “servant leadership”, uma forma de exercer a liderança corporativa. É uma mudança de “baixo para cima”, já que os elementos mais importantes na organização são os colaboradores, as pessoas, à medida que a gestão se coloca na base da estrutura e atua como guia. Resulta numa forma de trabalhar mais motivante e que gera autonomia, agilidade e inclusão acrescidas na tomada de decisões.
Na sua opinião quais são os grandes desafios no mercado dos Bens de Grande Consumo em Portugal?
Cada consumidor é único e tem as suas próprias necessidades e especificidades. As marcas e os retalhistas têm o desafio de chegar a esse conhecimento acerca do consumidor, o que se traduzirá numa relação “one to one”. Para isso, existe apenas um caminho: a Tecnologia.
Na Nielsen encontramo-nos a criar as bases de um modelo de análise preditivo que permite compreender quem fez uma compra e como chegou à decisão de adquirir esse produto, de que modo o fez e em que momento e local. Queremos ajudar as marcas e os retalhistas a atingir esse novo foco no consumidor, num processo sustentado em Inteligência Artificial e Machine Learning.
O que mudou no comportamento dos consumidores nos últimos anos?
A realidade recente está em transformação devido à influência de uma aposta na inovação e na variedade, uma grande alavanca de crescimento no mercado que está a ser bem recebida pelo consumidor. A realidade é que o consumidor português está habituado às promoções e aos descontos, mas deve continuar a ser desenvolvida uma proposta de valor para o consumidor, com produtos que lhe ofereçam um cuidado acrescido para a sua saúde, que apresentem soluções para questões na sua vida ou que diretamente lhe disponibilize um melhor resultado.
Temos assistido a uma preocupação crescente com a saúde, que se promete agudizar à medida que assistimos ao envelhecimento da população no contexto europeu. Ao mesmo tempo, a conveniência, a tecnologia e a mobilidade estão a mudar o consumidor, que cada vez mais quer respostas “aqui e agora”.
Sobre a Patricia Daimiel: É Diretora-Geral da Nielsen para Portugal e Espanha desde junho de 2019. Com um percurso de quase duas décadas na empresa, ocupava a posição de Diretora-Geral da área de Inovação desde princípios de 2018. Licenciada em Ciências Empresariais e em Investigação e Técnicas de Mercado pela Universidade Autónoma de Madrid (UAM), começou o seu percurso na Nielsen em 2001, estando especialmente vinculada à área de Inovação e comprometida com os movimentos Women in Nielsen e PRIDE, com o objetivo de fomentar a igualdade para as mulheres e para a comunidade LGTBI+.