A plataforma NAU é um projeto online de suporte ao ensino e formação, que disponibiliza os mais diversos cursos gratuitos. Fomos falar com o responsável da plataforma, Nuno Feixa Rodrigues.
A NAU, serviço desenvolvido e gerido pela Unidade FCCN da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), alcançou, em cerca de dois anos, 100 mil utilizadores que recorrem a esta ferramenta para alavancar qualificações digitais, de forma gratuita e certificada. O projeto disponibiliza os mais variados cursos, abertos e acessíveis a todos.
E quais são os cursos com maior popularidade? Qual tem sido o feedback dos profissionais? O que distingue verdadeiramente esta ferramenta das restantes e por que novidades podemos esperar? A RHmagazine esteve à conversa com Nuno Feixa Rodrigues para perceber como a plataforma pretende ganhar o seu lugar no pódio no que à formação em Portugal diz respeito.
Um projeto português que incentiva a aprendizagem ao longo da vida
Nuno Feixa Rodrigues adianta que a quantidade de utilizadores alcançados foi obtida «de forma quase orgânica» e é uma «grande marca para o projeto». A missão da NAU é «continuar a dar as condições necessárias para acolher um conjunto maior e mais diversificado de entidades, que trará novos cursos». E em que se distingue esta ferramenta das restantes com propósito semelhante? O profissional relembra que este é um projeto inteiramente português que trabalha com vista à produção de conteúdos relevantes para a sociedade, incentivando a «requalificação e a aprendizagem ao longo da vida». Por forma a criar constantes rotas de conhecimento da lusofonia, e «tirando partido do efeito de escala», a NAU possibilita «o ensino e formação a comunidades alargadas de utilizadores, utilizando os MOOC (Massive Open Online Courses)».
Na NAU, os cursos são gratuitos e contam com parceiros conceituados. Nuno Feixa Rodrigues adianta que o facto de existirem «cursos com diferentes cargas horárias, em que cada formando pode escolher o curso que mais lhe convém e progredir ao seu ritmo», é também um fator que presa pela qualidade da iniciativa. Além de tudo isto, há ainda uma oferta de um «conjunto de serviços de suporte a quem cria cursos, desde a definição conjunta da estratégia de divulgação dos cursos com as entidades, até ao apoio pedagógico e técnico».
A pandemia veio acelerar os processos de aprendizagem online, com o formato presencial de formação cancelado e o formato digital a somar pontos. «O que há uns meses era olhado de forma “ameaçadora” e até com alguma desconfiança, tornou-se o dia a dia da sociedade e, como tal, as vantagens do ensino online e da aprendizagem contínua sobressaíram», adianta Nuno Feixa Rodrigues. A aprendizagem online tem sido uma opção para profissionais, tanto a nível pessoal como profissional, pelo que «é expectável que este comportamento venha a determinar mudanças importantes no sistema de ensino e formação, em particular na forma como será encarado daqui para a frente».
Quais os cursos com maior adesão?
A maioria dos utilizadores da NAU são profissionais – e quase metade dos utilizadores terminam os cursos com sucesso. «Este é um indicador bastante positivo se olharmos para os números mundiais dos MOOC, que se cifram por volta de apenas 10% de conclusão nos cursos», acrescenta o profissional.
Uma das vantagens da NAU é oferecer cursos com as mais variadas temáticas. Alguns dos cursos com maior adesão, de acordo com o responsável, são: o Cidadão Ciberseguro, o RGPD, Higiene das Mãos na Prevenção de Infeções, Teletrabalho em Tempos de Isolamento e o Iniciação à Prova de Vinhos.
Tanto estes cursos como outros disponíveis abrangem áreas muito diferentes e dispersas, que «vão ao encontro de diferentes públicos e interesses». Segundo Nuno Feixa Rodrigues, há cursos que têm nichos menores e outros que atraem mais utilizadores, dependendo dos interesses de cada profissional. Os dados mostram que os cursos facilmente atingem os mil inscritos, e que são as pessoas com maior literacia digital que acabam por aderir. O responsável confessa: «Neste aspeto, a plataforma NAU tem ainda um caminho a percorrer para se tornar uma ferramenta de referência para o aumento dos nossos índices digitais, colocando Portugal num outro patamar.»
Parcerias estabelecidas e objetivos para o futuro
À medida que a plataforma se torna mais conhecida e usada, o número de parceiros e de reuniões vão aumentando. Segundo Nuno Feixa Rodrigues, «o ponto mais crítico tem sido no lado disruptivo que a plataforma traz». O profissional adianta que quando uma entidade não conhece a plataforma não vê de forma imediata a sua pertinência, porque a associa a um contexto formal de formação ou ensino. E dá um exemplo: «Ainda recentemente em reuniões tidas com um Centro Interpretativo e com uma Associação Empresarial, a reação inicial foi de estranheza face ao nosso contacto. No decorrer da reunião rapidamente viram as vantagens na partilha do saber como estratégia para divulgação do trabalho que fazem e do conhecimento que detêm, apercebendo-se de que isso pode reverter em mais visitas ou em mais associados, nestes casos em concreto.»
Em parcerias futuras, a NAU procura apostar na Inteligência Artificial, no Blockchain, na Internet das Coisas (IoT), no Big Data, entre outros. Mas as ambições não são apenas estas: «Vejo igualmente como desafio a requalificação profissional. A pandemia tem trazido consequências significativas para o mercado de trabalho, que implica uma preparação para uma realidade incerta e complexa. O diversificado conjunto de cursos da NAU, produzidos por entidades credíveis, constituem uma importante ferramenta para os portugueses conseguirem enfrentar melhor os próximos tempos.»
À medida que o projeto vai crescendo, as ambições e as expectativas crescem lado a lado. Neste momento, e segundo Nuno Feixa Rodrigues, estão a ser desenvolvidas otimizações da plataforma, como a introdução de um chatbot de Inteligência Artificial e de um sistema que torne os certificados mais seguros. O responsável confessa: «Não podemos esquecer que este tipo de contexto costuma ser alvo de alguma desconfiança, que temos de dissipar logo nas primeiras questões que são colocadas por quem desconhece esta realidade.»
Os objetivos para esta plataforma passam por haver uma maior abrangência de áreas do conhecimento nos cursos, atrair mais entidades com reputação, não só nacionais como internacionais, e dar a conhecer a ferramenta à população portuguesa. Num futuro não tão longínquo, Nuno Feixa Rodrigues vê a NAU como «a plataforma de MOOC de referência no conhecimento lusófono, a articular cada vez mais com o ensino presencial». A ambição é de que os conteúdos da plataforma possam ser usados em contextos de aprendizagem híbridos, ou, por exemplo, «que haja alguém numa biblioteca municipal a dar apoio a um cidadão mais infoexcluído para que faça um curso na NAU».
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