Portugal volta a descer no Ranking Mundial de Talento do Institute for Management Development (IMD) este ano, e uma das principais causas é a queda na avaliação dos fatores Investimento e Desenvolvimento, e Atratividade.
O IMD apresentou hoje a 7ª edição do Ranking Mundial de Talento 2020, um estudo que avalia a capacidade de desenvolvimento, atração e retenção de talento de 63 países. Depois de alcançar o 17º lugar em 2018 e de descer para o 23º em 2019, Portugal surge este ano na 26ª posição da tabela.
O ranking volta a ser encabeçado pela Suíça pelo quarto ano consecutivo. Seguem-se a Dinamarca e o Luxemburgo, com Islândia, Suécia, Áustria, Noruega, Canadá, Singapura e Holanda a completar um top 10 em que a Europa ocidental continua a prevalecer, mantendo o seu estatuto enquanto região mais competitiva do mundo a nível de recursos humanos.
O desempenho de Portugal deve-se à queda na avaliação dos fatores Investimento e Desenvolvimento, em que desce 9 posições (15 desde 2018), e Atratividade, onde é agora 33º (menos uma posição). Entre as debilidades apontadas pelo estudo estão a insuficiente implementação do ensino vocacional (“apprenticeships”, 58.º do ranking), o funcionamento da Justiça (55.º), a falta de motivação dos trabalhadores (51.º), a baixa prioridade dada à atração e retenção de talento nas empresas (49.º) e a fuga de cérebros para o estrangeiro (49.º).
Por outro lado, Portugal sobe três posições no fator Disponibilidade, que analisa o grau de preparação e competência dos trabalhadores (24.º lugar da tabela). Entre os pontos positivos a destacar encontra-se a percentagem de mulheres na força laboral (4.º), as competências linguísticas (7.º), o rácio professor-estudante no ensino secundário (8.º), a menor exposição à poluição (9.º) e a adequação do ensino universitário (14.º) e das escolas de gestão (14.º) às necessidades da economia e dos negócios.

Panorama global: a importância do sistema educativo e da mobilidade
Um traço comum a todas as economias que ocupam os primeiros lugares do ranking é a sua abordagem holística ao desenvolvimento de talento em todas as etapas do processo educativo e a prioridade dada à formação de trabalhadores nas empresas.
O efeito da atual pandemia reflete-se nos dados deste ano, que mostram como poderá vir a afetar seriamente os países cuja competitividade depende diretamente da sua capacidade de atrair talento global. Entre eles estão a Singapura (9.º), a Austrália (13.º), os Estados Unidos (15.º) e o Reino Unido (23.º), todos eles com uma longa tradição de receber estudantes estrangeiros que frequentemente transitam para os seus mercados de trabalho. A redução da dependência da mobilidade física será um fator-chave na recuperação económica pós-COVID.
Os países da Europa Ocidental continuam a demonstrar ser os mais competitivos do mundo no que toca aos recursos humanos, liderando nos fatores Investimento e Desenvolvimento e Disponibilidade. No entanto, devido a populações mais envelhecidas, estas economias devem manter-se abertas e atrativas para jovens trabalhadores internacionais altamente qualificados, de forma a compensar uma eventual falta de mão-de-obra, referem os autores do estudo.
A nível global, a América do Norte e a Ásia Oriental surgem como a segunda e terceira regiões mais competitivas.
Já a Ásia Central e a América do Sul continuam com um desempenho menos satisfatório “devido a um investimento deficiente na edução, que ainda não é vista como um pilar no desenvolvimento da região”, afirma Arturo Bris, Diretor do Centro de Competitividade Mundial do IMD. “Por contraste, embora as economias da Europa Oriental tenham há muito percebido a importância de desenvolver o talento local, os jovens mais qualificados abandonam os seus países à procura de melhores oportunidades”, acrescenta Arturo Bris, concluindo que a retenção de talento deveria ser uma das maiores prioridades das economias desta região.
Uma análise completa do Ranking Mundial de Talento 2020 do IMD pode ser consultada aqui. Recorde-se que a Porto Business School é, pelo quinto ano consecutivo, parceira exclusiva do IMD para Portugal na elaboração deste ranking.
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